domingo, 4 de dezembro de 2016

Deus, Seu Reino e Sua Justiça em Primeiro Lugar - tenhamos cuidado com os ídolos


Lemos, em Mateus 6.25-34, o ensino bíblico com respeito a excessiva preocupação dos homens com bens materiais - até necessários, em detrimento da boa ordem divina. Jesus expõe nessa narrativa, o conflito causado pela ansiedade por ter esses bens (comida e roupas), e a necessária primazia da busca, em primeiro lugar, de Deus, Seu reino e Sua justiça. Olhando atentamente as palavras de Jesus, qual a ordem correta de prioridades para nossa existência aqui nessa vida terrena; a preeminência dos bens e prazeres materiais, ou o reino de Deus e Sua justiça? O reino daqui, exposto as contingências de nossa vida passageira, ou o reino eterno de Deus, Sua justiça e vontade em primeiro lugar, esse reino glorioso que se manifestará na volta do Rei dos reis, o Salvador e Senhor Jesus Cristo?

Paul David Tripp, no seu livro [1]Perdido no Meio, nos adverte do perigo dessa inversão da boa ordem divina. No capítulo 3 – A Morte da Invencibilidade, no ponto intitulado A Grande Substituição, páginas 110 a 112, lemos:

“Como a Escritura nos ajuda a entender tanto a natureza quanto o poder das lutas da meia-idade? A resposta pode ser encontrada em uma sentença bastante simples, ainda que profunda, em Romanos 1. Essa sentença provê não somente um insight interessante sobre a motivação humana desse lado da eternidade. Romanos 1.25 diz: “eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! ” Por causa da linguagem de adoração dessa passagem, é possível perder quão amplamente aplicável é essa ideia. Há mais sendo dito aqui do que o fato de que temos a tendência de servir a um catálogo completo de substitutos de Deus. Sim, todos nós tendemos a ter essa inércia para longe do Criador e em direção à criação, mas algo mais está sendo dito aqui. Romanos 1.25 nos alerta para o fato de que há uma propensão inata em cada ser humano de substituir o espiritual pelo físico. Nós todos fazemos isso de várias formas. A verdade é que a vida somente pode ser achada no Criador. Ainda assim, nós tentamos encontrar vida em coisas materiais, no amor de outras pessoas, na segurança, na situação física ou localização ou no prazer experimentado fisicamente ou no conforto. Idolatria, em sua forma mais simples, é quando substituo a adoração de Deus por alguma imagem física ou objeto que eu possa tocar. A razão pela qual isso é uma tentação tão grande e óbvia. O ídolo pode ser visto, tocado ou de alguma forma experimentado fisicamente. Eu posso sentar em casa bem grande, olhar ao redor e dizer, “Que vida boa eu tenho! ” Eu posso sentir os lábios de alguém que me ama tocarem a minha bochecha. Eu posso ouvir aplausos humanos ou glória na beleza de um determinado lugar, eu posso reviver o conforto físico de uma refeição maravilhosa ou o prazer físico de uma relação sexual agradável. Uma certa pessoa física, com uma voz real, pode elogiar a minha aparência ou o meu trabalho. Não é difícil entender quão tentador é substituir o espiritual pelo físico. Se o pecado nos coloca em uma trajetória para longe do Criador e em direção à criação, então, ele também nos empurra para longe do espiritual e perto do físico. Assim a aparência vai triunfar sobre o caráter. O prazer pessoal vai triunfar sobre a pureza de coração. O amor de uma pessoa vai triunfar sobre o amor de Deus. Coisas materiais vão triunfar sobre realidades espirituais. Segurança de situação e localização vão triunfar sobre segurança no Senhor. O prazer físico vai triunfar sobre a satisfação da alma. O presente vai triunfar sobre a eternidade. Essa inversão do que era para ser está em todos os lugares à nossa volta. É um dos principais perigos da vida em um mundo caído. ”





[1] Tripp, Paul David, 1950- Perdido no meio: a crise da meia-idade e a graça de Deus / Paul David Tripp ; [tradução: João Paulo Tomas de Aquino]. – São José dos Campos, SP : Fiel, 2016.

terça-feira, 22 de março de 2016

Ganhar o Pão Diário com Trabalho Honesto, Eis a Ordem de Deus


           Lucas 3.7-14

7 João dizia às multidões que saíam para serem batizadas por ele: "Raça de víboras! Quem lhes deu a ideia de fugir da ira que se aproxima? 8 Deem frutos que mostrem o arrependimento. E não comecem a dizer a si mesmos: ‘Abraão é nosso pai’. Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão. 9 O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo". 10 "O que devemos fazer então? ", perguntavam as multidões. 11 João respondia: "Quem tem duas túnicas reparta-as com quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o mesmo". 12 Alguns publicanos também vieram para serem batizados. Eles perguntaram: "Mestre, o que devemos fazer? 13 "Ele respondeu: "Não cobrem nada além do que lhes foi estipulado". 14 Então alguns soldados lhe perguntaram: "E nós, o que devemos fazer? " Ele respondeu: "Não pratiquem extorsão nem acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário".   

 
Encontramos aqui no texto do Evangelho, uma mensagem e exortação do SENHOR Deus aos que exercem funções públicas. Observamos em destaque nos versículos 12 ao 14 do capítulo 3 do Evangelho de Lucas, em epigrafe, que entre os que foram atingidos em suas consciências pela pregação de João Batista e buscavam ser batizados, dois grupos, cujas funções administrativas da época podem ser comparadas ao de agentes públicos de nossos dias. Eram eles os publicanos e soldados. Tratava-se de membros do povo da Aliança, mas que exerciam funções odiadas pelos demais membro do povo judeu.
 Conforme [i]William Hendriksen, no seu Comentário do Novo Testamento, “‘os publicanos’ ou ‘Coletores de impostos’ ...” pagavam uma soma fixa de dinheiro ao governo romano pelo privilégio de cobrar uma taxa sobre exportações e importações assim como sobre qualquer mercadoria que passasse pela região.” Esses ainda podiam “subarrendar seus direitos a ‘chefes de publicanos’ (Lc 19.2) que empregavam ‘publicanos’ para fazerem as arrecadações. Estes cobravam enormes somas, o máximo possível segundo as circunstâncias. E assim os publicanos tinham a reputação de extorquidores.”  
Ainda, conforme [ii]Hendriksen, O outro grupo, os soldados, “aqueles que estavam fazendo o serviço militar” (literalmente), eram associados a atividade dos publicanos na cobrança de impostos. Eles recorriam à tortura, para forçar os escravos a acusarem seus senhores de darem declarações fraudulentas de seus bens. Fazendo assim, conseguiam extorquir dos ricos, parte do dinheiro devido aos publicanos.
Pois bem, por que aqueles homens procuraram João Batista, o que os incomodava? Novamente recorremos as explicações de William Hendriksen. Como os demais grupos que ouviram a pregação de João Batista, os publicanos e os soldados compreenderam “que a verdadeira conversão implica sempre em tristeza pelo pecado (arrependimento) e abandono da antiga forma de vida.” A eles João Batista respondeu taxativamente, que não deviam ganhar dinheiro desonestamente. Ora cobrando acima do estipulado, caso dos publicanos, ou extorquindo e acusando falsamente para auferir mais dinheiro, como faziam os soldados.
O ensino e mandado de Deus é claro para todos os cidadãos capazes de uma nação. Tanto contribuintes/eleitores, quanto os agentes públicos, sejam eles nomeados, concursados, ou os que foram conduzidos pelo voto aos diversos cargos eletivos, seja para os parlamentos (câmaras de vereadores, Assembleias Legislativas ou Congresso Nacional), ou Governos (prefeituras, governos estaduais e Presidência da República), todos devem exercer seus trabalhos honestamente.
Aos que estão sendo pegos em atos terríveis de corrupção, como vemos nas altas esferas dos governos, empresas públicas ou privadas, o caminho é o do arrependimento, submeterem-se as penas da lei, serem punidos conforme determina a Justiça, e mudarem de atitude. É como Deus ordena em Sua Palavra, conforme lemos em Efésios 4.28 “O que furtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom.”








[i]  Hendriksen, William, Comentário do Novo Testamento, Exposição do Evangelho de Lucas Vol. 1 © 2003, Editora Cultura Cristã. Pag. 286, 287.
[ii] _______. Exposição do Evangelho de Lucas Vol. 1 © 2003, Editora Cultura Cristã. Pag. 287.