terça-feira, 30 de outubro de 2012

Jesus nos Ensina Sobre a Abrangência do Sétimo Mandamento


Textos: Dia do Senhor 41; Mateus 5: 27-30

Queridos irmão em Jesus Cristo,

Não adulterarás. Deus nos avisa contra isso no sétimo mandamento. Não adulterarás! Este mandamento parece ser escrito para todos os brasileiros que tem uma amante, ou uma namorada, uma concubina fora de casa, mas não para os membros da igreja. Não adulterarás. Isso é uma coisa bem pesada.
E de novo eu não preciso explicar sobre o que a Bíblia está falando, pois sabemos muito bem sobre o que ela está falando. Quase ouvimos regularmente notícias ou fofocas sobre isso: fulano está com uma mulher fora do casamento; só um “gesto” é bastante para mostrar que fulano é traído pela sua mulher; e pode se perguntar por que a cidade tem tantos motéis; Um amigo disse que perto da casa dele há seis motéis, que recebem visitantes durante todo dia. Carros entram, muitas vezes com vidros escuros para esconder os ocupantes.
O adultério é uma coisa que acontece muito. É um assunto, sobre o que todo mundo gosta de falar ou pensar. A televisão faz propaganda disso. É um elemento fixo nas novelas. As pessoas gostam de ver como ‘as mulheres apaixonadas’ são traídas pelos homens ou como elas mesmas não controlam os seus sentimentos e se apaixonam por qualquer médico ou artista. Adultério, homossexualidade, abuso sexual, tudo isso faz parte das novelas, pois os autores sabem que o público gosta de assistir. Cada videoteca (locadora) tem uma parte especial para os filmes eróticos ou pornográficos, pois o povo gosta de assistir estes filmes. E cada banca tem um monte de revistas eróticas e pornográficas, pois há pessoas que compram e leem. Mas ninguém conhece essas pessoas. São pessoas anônimas ou estrangeiras. São pessoas que vivem longe de nós.
Este mandamento é escrito para outras pessoas e não para nós. Assim pensam muitas pessoas. Especialmente nas igrejas. Mas será que é assim, irmãos? Será que Deus nos deu este sétimo mandamento para nos avisar contra o mundo fora da igreja? Não, irmãos! Não é assim. O nosso catecismo, quer NOS ensinar que o sétimo mandamento também é dado à nos. De propósito o Catecismo faz esta pergunta:O que o sétimo mandamento nos ensina? E a resposta não fala somente sobre adultério, mas a resposta diz:“TODA IMPUREZA SEXUAL É AMALDIÇOADA POR DEUS. Por isso, devemos detestá-la profundamente e viver de maneira pura e disciplinada, sejamos casados ou solteiros.”.
E o Catecismo continua: Mas Deus, nesse mandamento, proíbe SOMENTE o adultério e outros pecados vergonhosos? Não, pois como nosso corpo e nossa alma são o templo do Espírito Santo, Deus quer que os conservemos puros e santos. Por isso Ele proíbe TODOS OS ATOS, GESTOS, PALAVRAS, PENSAMENTOS E DESEJOS IMPUROS e TUDO o que possa atrair o homem para tais pecados.
Muitas pessoas acham isso exagerado. Não pode mais contar uma piada sobre adultério? Cada dia o jornal tem uma ou duas “piadas boas” sobre isso. E não faz uma grande diferença se eu pensar sobre estas coisas do que quando vou praticar tais coisas? O vizinho não vai saber disso, se estou olhando com pensamentos eróticos para a vizinha. Ninguém sofre por causa disso. Só eu mesmo. Então qual o problema? “Não vou atrapalhar ninguém com os meus pensamentos eróticos”, dizem as pessoas do mundo. E isso é verdade irmãos. Todo mundo pode ter a suas fantasias sujas, ninguém vai saber disso e ninguém pode julgar isso. Isso é verdade. Mas o problema é que Deus pode ler os nossos pensamentos. Deus sabe o que está na nossa mente. Ele pode ver as nossas fantasias sujas. E Deus não olha somente para os pecados, para os nossos atos errados, mas Ele olha também para o caminho sujo que nos levou ao adultério ou à qualquer outro pecado vergonhoso. Deus julga o ato e também o pensamento, o desejo. Deus olha para os frutos maus e para a raiz má.
Pense nas palavras de Jesus (Mateus 5: 27-30). Ele disse aos seus alunos: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, Já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, Arranca-o e atira-o para longe de ti; Pois te é melhor que se perca um dos teus membros Do que seja todo o seu corpo lançado no inferno. E, se tua mão direita te escandalizar, Corta-a e atira-a para longe de ti; Pois te é melhor que se perca um dos teus membros Do que seja todo o seu corpo lançado no inferno.”
Já pensou sobre estas palavras de Jesus, irmãos? Já descobriu que estas palavras são muito rigorosas? Jesus olha para o nosso coração, Jesus fala sobre os nossos olhos que seguem uma mulher bonita; Ele fala sobre as mãos, que tocam facilmente o corpo dum homem. Jesus quer que arranquemos o nosso olho sujo e que cortemos a nossa mão que está com desejo. Jesus se mostra muito mais rigoroso do que os judeus, que somente condenaram as pessoas que foram pegas em flagrante.
Conforme os judeus o sétimo mandamento só fala sobre adultério. Para ele, todos os nossos pensamentos impuros, e todas as nossas fantasias sujas estão fora do alcance da lei e não podem ser julgados. Mas Jesus não concorda com isso. Ele nos ensina que esta ideia é errada. Jesus nos mostra que este mandamento é muito rigoroso. Este sétimo mandamento não se limite aos ATOS IMPUROS das pessoas, mas também aos pensamentos sujos. Quem olha para uma mulher para cobiçá-la, já é culpado e será condenado ao inferno. Jesus disse isso e Ele não fez uma brincadeira. Jesus fala assim e devemos contar com isso, pois Jesus será o Juiz que virá para julgar os vivos e os mortos.
E quando ele vier, ele terá olhos como chama de fogo (Apocalipse 1: 14). Olhos penetrantes. Olhos que penetram a escuridão; olhos que penetram a nossa mente e pode ler o que está escondido na nossa mente. Ele voltará para julgar a nossa vida completa, e se descobrir que olhamos uma mulher para cobiçá-la, ou se uma mulher tocou num homem para seduzi-lo, todo o nosso corpo será lançado no inferno. Dessa forma o sétimo mandamento é muito mais rigoroso do que a maioria das pessoas pensam.
O apóstolo Paulo confirma isso. Nas suas cartas aos Coríntios e aos Gálatas. Paulo avisou contra o adultério e contra a prostituição. Em 1 Coríntios 7: 8-9 ele fala aos solteiros e lhes diz que é bom ficar solteiro, mas, SE NÃO PODEM CONTER-SE, CASEM-SE. PORQUE É MELHOR CASAR DO QUE ABRASAR-SE.
Paulo escreveu aos Gálatas sobre as obras da carne (Gálatas 5: 19). Paulo nos ensina que a obra da carne não é somente o adultério e prostituição, mas também impureza e lascívia. Com estas duas coisas ele fala sobre tudo o que acontece antes disso. Os pensamentos impuros, os desejos e os sentimentos, que não são controlados. A lascívia é o pecado que o homem não consegue se controlar mais. Os seus desejos e sentimentos sujos controlam o seu corpo. E eles dirigem o corpo para os lugares aonde ele pode cometer os pecados.
Assim fala o Novo Testamento, assim fala também o Antigo Testamento. É bom ler o livro dos Provérbios regularmente. Pois este livro nos ensina sobre o comportamento correto na vida. Como por exemplo, em Provérbios 6: 20-35. O bom comportamento já começa com um bom ouvido. Ouçam as palavras do seu Pai e da sua Mãe, jovens. Guardem essas palavras nos seus corações, pois são ditas para vos proteger. [Continue ler 24-35. Preste atenção no versículo 25]! Isso mostra o início do caminho que leva para o inferno. No versículo 30 lemos que ainda há esperança para o ladrão que roubou pão, mas não há esperança mais para quem roubou a mulher do seu vizinho versículo 35].
O livro dos Provérbios já avisa contra o pecado mesmo e contra tudo o que acontece antes disso. E encontramos a mesma coisa no grande livro do amor da Bíblia: Os Cânticos dos Cânticos. Um livro maravilhoso para todos que querem aprender como devem se comportar no seu namoro. Leiam este livro e prestem atenção, irmãos! Lemos neste livro, que cada vez que o desejo cresce e quando os namorados quase não mais se podem controlar, o autor diz: “Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, QUE NÃO ACORDEIS NEM DESPERTEIS O MEU AMOR, ATÉ QUE QUEIRA. Isso foi dito em vários capítulos deste livro.
O amor é bom. E o desejo fiel também, mas cada coisa tem o seu tempo: há um tempo de abraçar e um tempo de afastar-se de abraçar. O tempo antes do casamento é diferente do que o tempo depois do casamento. Quem não é casado deve se controlar e quem não pode se controlar deve se casar. E quem é casado deve ser fiel, e quem não pode ser fiel, ele queima os seus dedos e os seus olhos e todo o seu corpo será lançado no fogo que nunca apaga.
Então, irmãos, nós já passamos por várias partes da Bíblia e há ainda mais. Mas já é claro que em toda a Bíblia, e especificamente o sétimo mandamento, nos avisam contra os pecados da carne e também contra todos os pensamentos impuros e sentimentos errados. Desta maneira este mandamento está perto de todos nós. Este mandamento deve controlar a nossa vida.
O sétimo mandamento nos ensina sobre que tipos de livros devemos ler, que tipo de revistas compramos, que tipo de filmes devemos assistir, como devemos nos comportar no namoro ou como devemos nos comportar sendo noivos e como devemos nos comportar sendo casados. A Bíblia fala sobre tudo isso. E o nosso Catecismo também!
Então, irmãos, ouvindo tudo isso, como está a nossa vida? Estamos livres? Deus está vendo todos os nossos gestos, palavras, pensamentos e desejos IMPUROS! Agora imagine que todo mundo possa assistir ao filme da nossa vida com todos os detalhes impuros. Como será? Parece-me que todos nós iríamos morrer de vergonha. Mas é bom para saber que Cristo é misericordioso, irmãos.
Temos uma história na Bíblia de uma mulher adúltera que foi pega em flagrante. E os fariseus a levaram para Jesus para ouvir o julgamento dele. E Jesus disse: aquele que de entre vós está SEM PECADO seja o primeiro que atire pedra contra ela. Só uma pessoa ficou lá. Só uma pessoa tinha o direito de apedrejar esta mulher, mas Ele não fez isso. Foi Jesus mesmo e Ele disse: Ninguém te condenou, mulher? E ela respondeu: ninguém Senhor. E Ele disse: Nem eu te condeno! Muitas pessoas gostam dessas palavras e esquecem o resto das palavras de Jesus, pois Jesus disse também: E NÃO PEQUES MAIS. Ele não condenou a mulher; ainda houve tempo para ela se arrepender e se converter. Jesus deu tempo para isso, e por causa disso Ele disse também: NÃO PEQUES MAIS.
Assim todos nós devemos viver. Ainda há tempo para se arrepender, para se converter, para se purificar e para viver uma vida que é agradável a Deus. Jesus Cristo perdoa os nossos pecados e ele nos deu o Seu Espírito e a sua Palavra para santificar a nossa vida. Uma vida santa não é chata. Muitas pessoas acham, pois não podem ter mais os seus prazeres sujos. E isso é verdade. Mas uma vida santa nos traz um amor honesto. Para entrar no reino de Deus devemos nos purificar e dominar. Cristo nos purifica e o Espírito nos ensina autodomínio. Mas quem prefere as festinhas impuras com amor falso aqui na terra, ele perderá a festa eterna com verdadeiro amor no futuro. Amém.
Sermão preparado pelo Rev. Abram de Graaf.

Catecismo de Heidelberg

Dia do Senhor 41

P.108. O que nos ensina o sétimo mandamento?

R. Que toda a impureza sexual é amaldiçoada por Deus.1 Por isso devemos abominá-la de todo coração2 e viver vidas puras e disciplinadas, tanto dentro quanto fora do santo matrimônio.3
1. Lv 18.30; Ef 5.3-5. 2. Jd 22, 23. 3. 1Co 7.1-9; 1Ts 4.3-8; Hb 13.4.

P.109. Neste mandamento, Deus só proíbe o adultério e pecados vergonhosos semelhantes?

R. Desde que somos, corpo e alma, templos do Espírito Santo, é a vontade de Deus que nos conservemos puros e santos. Por isso Ele proíbe todas as ações impuras, gesticulações, palavras, pensamentos, desejos,1 e tudo aquilo que possa nos induzir à impureza.2
1. Mt 5.27-29; 1Co 6.18-20; Ef 5.3, 4. 2. 1Co 15.33; Ef 5.18.

Mateus 5.27-30

5.27 Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
5.28 Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela.
5.29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.
5.30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.”

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sermão: Cristo nos Chama a Prestarmos mais Atenção a Palavra Ouvida


Texto: Hebreus 2.1-4

Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo!

O apóstolo Paulo diz que: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16-17). Esta palavra que temos em nossas mãos (a Bíblia) é a palavra de Deus. Foi o próprio Deus que a inspirou e deu a sua Igreja. Esta palavra é viva e eficaz. Ela produz vidas (homens e mulheres) para Cristo. Ela conduz o homem até Deus. Ela capacita o homem a toda boa obra. Foi esta palavra que nos regenerou em novas criaturas. Devemos desejar esta palavra em nossas vidas. Porque ela é o nosso alimento espiritual. Ela é quem nos ensina a vontade de Deus em nossas vidas. Por isso é necessário prestarmos atenção a palavra de Deus. Por isso quero pregar sobre a importância de nos apegar com mais firmeza a palavra de Deus.
Quero pregar no seguinte tema:

Tema: Cristo Nos Chama a Prestarmos mais Atenção a Palavra Ouvida
1. A Fim de Que Jamais Nos Desviemos dela
2. Porque Deus Castiga a Indisposição Para Ouvi-la

1. A Fim de Que Jamais Nos Desviemos dela.

Amados irmãos, com frequência nos Evangelhos nós lemos sobre o Senhor Jesus Cristo exortando os seus discípulos a prestarem atenção ao que Ele está ensinando. Ele não está ensinando ensinos de homens, mas a Palavra de Deus. Porque a Palavra de Deus trata da vida e da morte dos homens. Porque ela ensina ao homem o caminho de volta para Deus. Não é por acaso que Paulo proclama em Romanos 1.16-17 dizendo: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”. Ele sabe muito bem que esta palavra que ele pregava e que estamos ouvindo e que nós hoje temos em nossas mãos é o poder de Deus para a salvação de todos aqueles que creem no Evangelho. Ela é poderosa porque ela é a palavra do próprio Autor da vida. É no Evangelho que nós encontramos a justiça de Deus para nossa vida. A Sua justiça é revelada aos homens no Seu Evangelho. Pois Seu evangelho fala de Cristo! Cristo é a justiça de Deus! Ele morreu para cumprir a justiça de Deus em nosso lugar. Assim Ele nos justificou perante Deus e não seremos mais condenados. Porque Jesus Cristo cumpriu a justiça de Deus em nosso lugar. Esta é a verdade do Evangelho de Jesus Cristo. E é esta verdade que o Senhor Jesus está nos exortando a nos agarrarmos com muito mais firmeza. Como Hebreus 2.1 diz: “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos”.
Mas, por que Jesus nos chama a nos apegarmos com mais firmeza às verdades ouvidas? Que verdades são estas que Ele está falando? Ele está falando das verdades que foram faladas no início desta carta aos Hebreus. A carta começa falando que Jesus Cristo é superior aos anjos. Ele é o unigênito do Pai. Ele é aquele que está com o Pai. Que está sentado a direita de Deus Pai e tudo governa em Seu nome. Enquanto os anjos são apenas mensageiros de Deus para levarem a sua mensagem aos homens, Ele é o Filho Unigênito do Pai. Porque quando prestamos bastante atenção as Sagradas Escrituras, vemos que ela testifica de Jesus Cristo. Ela fala de Jesus Cristo desde Gênesis a Apocalipse. É a esta palavra, que está em nossas mãos e que constantemente ouvimos a pregação dela, que devemos nos apegar com bastante firmeza. É necessário prestar mais atenção ainda ao que ouvimos. Porque o que está em jogo é a vida e a morte. As Sagradas Escrituras, a Palavra de Deus, nos mostram a verdade. Ensinam-nos o caminho que leva ao Pai. O verso 3 diz: “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”. Nós não podemos desprezar tão grande salvação que nos foi anunciada. Esta palavra deve estar sempre em nosso coração. Deve fazer parte de nossa vida. Porque nós ouvimos que esta salvação foi anunciada desde que o homem caiu em pecado. Naquele momento Deus anunciou um Salvador para o homem caído. Esta salvação foi simbolizada na salvação de Noé, e sua família, do dilúvio. Foi confirmada na aliança com Abraão e seus descendentes quando o SENHOR disse que seria o seu Deus. Salvação esta que foi profetizada pelos profetas do Antigo Testamento. O Messias foi anunciado e esperado pelo povo. Porque Ele salvaria o Seu povo de seus pecados. Esta salvação se cumpriu no nascimento, vida, sofrimento, crucificação, morte, ressurreição, ascensão e entronização de Jesus Cristo. Ele próprio é a salvação que a Bíblia fala de Gênesis a Apocalipse. Esta salvação foi testemunhada pelos apóstolos de Jesus. E foi confirmada na vida dos crentes. Quando alguém se converte de seus pecados é uma prova de que a salvação de Cristo é uma realidade na vida daquela pessoa. Isto significa que a salvação é sentida e confirmada pela maneira que o convertido vive. Mas se existe uma pessoa que se diz crente e não se preocupa em viver e agradar a Cristo EM TUDO o que faz; significa que ela não está dando a mínima para o que Cristo fala e fez. Ou até pior: pode significar que tal pessoa nunca foi crente.
Quando não há crescimento espiritual na vida do crente... é porque ele está desprezando a Cristo. Quando não enxergamos uma conduta cristã na vida dessas pessoas... significa que estão profanando o nome de Cristo. Quando uma pessoa que se diz cristã e não sabe controlar o que sai da sua boca; saindo apenas fofoca, soltando palavrões; mentindo, causando divisão na igreja; passando por cima das coisas que Deus proibiu... não posso afirmar que essa pessoa tenha o Espírito de Cristo. Nem muito menos que seja um crente. Não vejo nela um cristão redimido no sangue de Cristo. Mas vejo um descrente, um ímpio dizendo SER ELE um filho de Deus; quando na verdade é um filho do diabo. Sabe por quê? Porque NÃO HÁ VIDA cristã! Não há comunhão com Cristo. Não há vida em Cristo. Se estas coisas básicas faltam na vida de alguém que se diz crente significa que ela nunca foi crente. Nunca foi regenerada pelo Espírito Santo. Nunca sentiu no seu coração o amor de Deus. Porque este amor vem de Deus. Porque quem sente o amor em seu coração é alguém que foi transformado pelo poder que vem do alto; pelo poder do Espírito Santo. Essa pessoa morreu para o pecado e nasceu para Cristo. E este nascimento vemos na vida cristã que ele leva no dia-a-dia. Como Jesus disse, e lemos em Mateus 7.16: “Pelos seus frutos os conhecereis”. Você é crente? Mostre os seus frutos de amor; mostre os seus frutos de gratidão; mostre seus frutos de vida cristã; mostre seus frutos de nova criatura semelhante a seu Senhor Jesus Cristo. Ame a Palavra da verdade. A Palavra que pode dar vida. Não menospreze o ensino de Cristo. Por isso ele está dizendo: “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos”.
Há uma diferença enorme entre OUVIR e ESCUTAR. Porque OUVIR é apenas ouvir sons que acontecem ao nosso redor e não damos atenção. Por exemplo: um pai pode falar algo ao seu filho. Contudo, ele apenas ouve, mas não escuta e não há nenhuma reação da parte do filho. Porque ESCUTAR significa prestar profunda atenção aos sons que entram no ouvido e então aquilo que ouvimos vai causar uma ação em nossa vida. Então, o autor aos Hebreus quer dizer que devemos – vocês e eu – prestarmos mais atenção ao que escutamos. Não apenas o que estamos ouvindo agora, mas o que já temos ouvido acerca de Cristo até agora. Literalmente o verso pode ser traduzido da seguinte forma: “Por isto nos é necessário prestar mais atenção ainda ao que ouvimos, a fim de que jamais nos desviemos”. É necessário prestar mais atenção ao que ouvimos. Estas verdades ouvidas com atenção e meditadas com amor devem causar uma ação positiva em nossa vida. Essa ação é obediência a Cristo; amor as suas ordens.
Os crentes para quem essa carta foi escrita estavam correndo o risco de não dar a atenção devida às verdades ouvidas em suas vidas. Estavam correndo o risco de desprezarem a palavra de Deus ouvida em suas vidas. Porque esse é um perigo que nós corremos. Podemos cair no risco de não vivermos e nem praticarmos aquilo que constantemente ouvimos. Achando que não tem importância em nossas vidas. As palavras ouvidas podem cair em desusos. Por isso somos exortados a prestar mais atenção às verdades ouvidas. Pois Moisés ensinou ao povo de Israel seu credo que dizia: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Deuteronômio 6.4) e o resumo dos Dez Mandamentos: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força” (Deuteronômio 6.5). Ele instruiu o povo a imprimir as palavras do credo e a lei para suas crianças, a falar delas constantemente, a atá-las nas mãos e na testa, e a escrevê-las nas casas e nos portões. Moisés ensinou a importância de dar atenção à palavra por causa do perigo de se desviar dos caminhos do Senhor. E a história do povo de Israel é um constante desvio dos caminhos do Senhor. Constantemente nós vemos Israel se desviando do Senhor para servir a ídolos; a querer viver de forma desregrada; sem compromisso; sem amor; sem vida espiritual. Tornando-se um povo morto espiritualmente perante o Senhor. Sendo castigado duramente pelo Senhor por causa do seu pecado. Uma multidão morre no deserto; outra morre no país de Canaã por não seguirem os princípios de vida segundo a vontade de Deus; outros foram levados para o cativeiro para morrerem. E por que Israel sempre se desviou dos caminhos do Senhor? Porque não deu a devida atenção as palavras ouvidas durante toda a sua vida. Preferiu não ligar para as palavras do Senhor. Por isso Israel sempre foi um povo rebelde ao Senhor Deus. E agora Jesus Cristo está nos alertando a não cairmos no mesmo erro de Israel. Por isso Ele está dizendo: “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos”.
Se não dermos atenção as verdades ouvidas, nos desviaremos. Seremos como a palha seca lançada ao vento. Seremos como a onda do mar impelida pelo vento. Se não nos apegarmos à palavra de Deus, não viveremos para Ele. Mas nos desviaremos por qualquer motivo banal. Nunca colocaremos Deus em primeiro lugar. Nunca cresceremos em vida. Nunca saberemos a importância real das coisas sagradas. Nunca saberemos a importância de adorar a Deus em espírito e em verdade. Porque nunca nos apegamos com firmeza as verdades ouvidas. Devemos ter fome desta palavra que produz vida. Devemos amá-la e desejá-la. Um povo que conhece a Deus é um povo que se agarra a sua palavra. Que separa tempo para estudá-la. Porque ele quer conhecer ainda mais o seu Deus e sua vontade. Ele quer ser parecido com seu Senhor Jesus, Aquele que se entregou na cruz para salvá-lo. Por causa disto ele quer se apegar a sua palavra. Ele quer descobrir qual a melhor maneira de viver para seu amado Senhor. Nem vai se desviar dos seus caminhos. Mas vai permanecer firme até o final. Vai rejeitar o que o mundo oferece. Não vai sentir prazer nas coisas mundanas. Não será atraído pelas artimanhas de Satanás. Mas permanecerá firme no Senhor.

Cristo Nos Chama a Prestarmos mais Atenção a Palavra Ouvida
2. Porque Deus Castiga a Indisposição Para Ouvi-la

Irmãos, o verso 2 diz: “Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos”. Esta palavra falada pelos anjos, que fala o autor aos Hebreus, se refere a lei de Deus dada a Moisés por intermédio de anjos. Os anjos são os mensageiros de Deus. Eles entregaram a vontade de Deus revelada nos dez mandamentos. Estes Dez Mandamentos são as palavras da aliança de Deus com seu povo. Esta palavra que os israelitas receberam é a própria palavra de Deus. Por isso os israelitas deveriam guardar as palavras da lei do SENHOR. Era uma prova do amor do povo a Deus. Enquanto o povo vivia em obediência Deus abençoaria todo o Israel. Era uma prova de amor e gratidão do povo pelo seu Senhor amado. Porém, quando o povo não dava ouvido aos mandamentos do Senhor, era castigado severamente. Nós vemos isso constantemente na história de Israel. Como a palavra de Deus foi confirmada severamente na vida do povo. Tanto para o bem como para o mal do povo. Quando não havia obediência Deus castigava. Como diz o verso 2: “e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo”. Todo pecado cometido contra a palavra de Deus recebeu justo castigo. Todos que ousaram viver longe da palavra de Deus e de suas leis foram castigados. Como o texto diz: “recebeu justo castigo”. O descrente ou aquele que se diz crente, prestará conta de sua vida de pecado. Porém, o autor aos Hebreus aqui está falando para crentes, membros do povo de Deus. Membros da aliança com o Senhor Deus. Por isso ele diz para aqueles crentes, exortando-os: “Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram”.
A salvação que nós ouvimos foi anunciada, o texto diz, primeiramente pelo nosso Senhor Jesus. Isto não quer dizer que Deus no Antigo Testamento não tenha revelado a respeito dessa salvação. No Antigo Testamento eram apenas mensageiros que anunciavam a salvação. Mas quando o Senhor Jesus Cristo se encarnou, Ele mesmo que é o autor da salvação começou a anunciar a salvação do domínio do pecado e do diabo. Ele próprio veio e anunciou aos homens. Ele ensinou que foi enviado exclusivamente para morrer pelo seu povo amado. Que iria morrer para dá vida a muitos. Tudo isto Ele fez na cruz. Tudo Ele fez em nosso lugar. Ele nos salvou da ira de Deus nos reconciliando com o Pai. Nos salvando da maldição eterna. Esta salvação deve ser levada a sério em nossas vidas. Porque Jesus Cristo foi morto para nos dar vida. Devemos nos agarrar a salvação de Cristo. Por isso, não devemos negligenciar tão grande salvação. Não devemos desprezar a palavra de salvação de Jesus Cristo. O texto diz: “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”.
Quem aqui negligencia a salvação de Cristo? Quem aqui despreza essa salvação que é dada de graça? Quem aqui despreza a salvação vivendo para o diabo? No verso 2 diz: “e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo”. A palavra desobediência significa muito mais que apenas cometer um pecado grave. Mas tem haver com o coração. Pois esta palavra também pode ser traduzida como “indisposição”. O verso pode ser traduzido literalmente desta forma: “e toda transgressão ou indisposição recebeu merecida punição”. O que isso significa? Significa que pecamos contra Deus quando estamos indispostos para ouvir a sua palavra. Toda vez que entramos por aquela porta (de entrada do templo) e não estamos com disposição para ouvir a palavra de Deus, estamos em pecado contra Jesus Cristo. Estamos negligenciando não dando atenção a palavra de Deus. Quando não chegamos com o coração disposto para ouvir a palavra de Deus, pecamos contra ela porque não estamos dispostos para ouvi-la.
Porque o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. O evangelho está apontando o caminho da salvação de Deus. Deus mostra a sua graça no evangelho em conceder a salvação a pecadores indignos como você e eu. Deus é tão misericordioso e nós tão indignos de recebermos esta graça de Deus. A proclamação da palavra de Deus abre o reino dos céus indica onde o homem pode encontrar salvação. Sãos as boas novas do Evangelho que Deus dirige a todos os homens. Este Evangelho é poderoso para a salvação de todos os homens. Porque ele é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.
É na pregação do Evangelho que podemos ver claramente a justiça de Deus. Para nos salvar Ele, Jesus, não deixou de cumprir a sua lei. Esta lei santa que exige a morte do pecador. Porque o pecador não pode cumprir o que a lei exige. Deus cumpriu o que Ele próprio estipulou na lei. E é aí que vemos a justiça de Deus. A justiça de Deus é o Senhor Jesus Cristo. Ele é o cumprimento da lei. Ele cumpriu a justiça de Deus. Assim Deus não deixou de cumprir a sua lei. Mas cumpriu MATANDO o seu próprio Filho amado na cruz. É para este sacrifício que a pregação do evangelho aponta. O sacrifício de Jesus Cristo satisfazendo a lei de Deus. A pregação do Evangelho indica que há perdão no sangue de Cristo. O Evangelho chama o pecador para Cristo. Exige fé neste sacrifico. Deus no evangelho está abrindo o reino dos céus para o pecador. Ele está oferecendo perdão dos pecados. Mas é exigido do pecador arrependimento para remissão dos pecados. Deus no seu Evangelho está oferecendo remissão completa dos pecados. Mas quando não estamos dispostos para ouvir esta palavra pecamos contra Deus. Se não temos disposição para sempre ler, estudar e ouvir esta palavra, estamos pecando seriamente contra Deus. Se vivemos desprezando a salvação de Cristo, como escaparemos do seu castigo? Como fugiremos da Sua ira? Não escaparemos de tal castigo. Se no Antigo Testamento a rebeldia e a indisposição para ouvir foram castigadas severamente, quanto mais agora. Por isso você é chamado a prestar atenção a Palavra de Deus. Você é chamado a estar disposto a escutar e viver tal Palavra.
Porque ‘cada vez que alguém sai de um culto sem se arrepender; cada vez que alguém continua rebelde contra Deus após as exortações dos presbíteros, podemos ver Jesus usando a Espada da Palavra para a condenação e a morte dos rebeldes’.
Agora ‘Cada vez que alguém sai de um culto edificado, com o forte desejo de viver uma vida de gratidão e santidade; a cada vez que alguém se arrepende dos seus pecados e busca a graça de Deus, podemos ver Jesus usando a Espada da Palavra para a salvação de Seus escolhidos’.
Nós somos chamados a nos apegar com firmeza a palavra de Deus para não nos desviar dela e para que estejamos firmes para sempre ouvi-la e obedecê-la.
Amém.
Sermão preparado pelo Pr. Alexandrino Moura sobre Hebreus 2.1-4.
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Hebreus
2.1 Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.
2.2 Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo,
2.3 como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;
2.4 dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A Tríplice Aplicação do Sexto Mandamento

[1]Texto: Dia do Senhor 40
[2]Texto: Êxodo 20.13; Levítico 19.16-18


Amados irmãos no Senhor Jesus,


O Brasil não vive um estado de guerra, de conflitos civis, raciais e religiosos. Mas, os índices de homicídios no Brasil são espantosos. De 1980 a 2010 produzimos mais de um milhão de homicídios. Somente em 2010 foram registrados 50.000 assassinatos. A média de homicídios no Brasil superou a média mundial dos 12 maiores conflitos armados, que aconteceram entre 2004 e 2007. Em 2012 o número de homicídios tem baixado um pouco, mas ainda é muito alto (26,9 mortos por 100 mil habitantes). O número “aceitável” pela Organização das Nações Unidas (ONU) são 10 por 100 mil habitantes. Nessa estatística de homicídios não se inclui os suicídios, abortos, nem os acidentes de transito provocados por imprudência e nem as mortes produzidas por negligências no sistema de saúde. O Brasil é um país violento, uma fábrica de cadáveres, um país cheios de homicidas.
São tantos homicídios que o povo brasileiro está insensível para o assassinato. Mas, diante dos homicídios e da banalização da vida, temos a Lei de Deus que nos diz: “não matarás”. Nesse mandamento, O SENHOR Deus nos revela o seu amor pela vida. Ele nos ensina como devemos honrar o dom da vida. (Sendo assim,) chamo todos a ouvirem a pregação da doutrina do Senhor no seguinte tema:

O SENHOR da vida nos exige o respeito à vida: Esse respeito começa no coração.

Amados irmãos e irmãs, Deus é vida. A vida se origina nEle. A vida é um dom de Deus. Ele deu vida a Sua criação. Por isso, Deus ama a vida.
Agora, a vida do homem tem um valor especial para Deus. Por quê? Porque o homem é a coroa da criação. O homem é a imagem e semelhança de Deus. Por isso, Deus requer o devido respeito à vida de nosso próximo. Deus assim dá as bases do sexto mandamento.
O sexto mandamento fala contra o assassinato, o homicídio. Deus não aceita o homicídio. A proibição é clara: Não devo assassinar o meu próximo.
Agora, olhando a Escritura o sexto mandamento é mais profundo e amplo. Por exemplo, o sexto mandamento determinou a arquitetura das casas (veja Deuteronômio 22.8). A construção do parapeito era para proteger a vida. Os construtores deveriam ser prevenidos e não negligentes. Senão, seriam culpados pela morte da vítima da negligência deles. Deus proíbe em Deuteronômio 22.8 a negligência que leve a morte do meu próximo. Essa proibição é baseada no sexto mandamento.
O sexto mandamento regula a minha língua. Veja Levítico 19.16: “Não andarás como mexeriqueiro; não atentarás contra a vida do teu próximo.” A palavra “mexeriqueiro” fala do fofoqueiro, do leva e traz, do difamador, detrator, da falsa testemunha. A língua mata também. Ela tem veneno mortal. Por isso, Tiago diz: “De uma só boca procede bênção e maldição ...” (Tiago 3.10). O v. 16 diz que a minha língua não pode se levantar para matar o meu próximo. Especialmente, diante de um tribunal. O mandamento sexto é também a base desse mandamento.
O sexto mandamento regula meus sentimentos nas relações com meu próximo. Nas minhas relações devo condenar a ira, o ódio, o desejo de vingança, o rancor escondido e a inveja. Por quê? Porque A ira, o ódio, o desejo de vingança e a inveja são as raízes do homicídio. O primeiro homicídio foi feito por Caim (Gênesis 4.1-7). Caim se irou grandemente contra seu irmão Abel. Se irar é ser tomado de raiva, enfurecer-se, indignar-se. É o contrario de ter misericórdia, ser paciente, de ser sereno, de ser favorável ao próximo. Caim se irou e matou seu irmão. A ira gerou o homicídio. Deus condena também o ódio. O que é sentir ódio? Ódio é mais forte que ira. Odiar é aborrecer, detestar, ter rancor, antipatia, inimizar-se, opor-se, não corresponder. É ter alguém como seu inimigo (a palavra hebraica “odiar” tem a mesma raiz da palavra inimigo). O contrário de odiar é amar (Levítico 19.17): “Não aborrecerás (não odiarás) teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado.” Não devo detestar, antipatizar, ter como inimigo nenhum de meus irmãos. Pelo contrário, se alguém pecou contra mim, então, devo ir e tratar o problema como o meu ofensor. Exatamente, como Jesus ensinou em Mateus 18.
Deus também condena o desejo de vingança e o rancor escondido no coração. Vejamos Levítico 19.18: “Não te vingarás (descontar, tirar a forra, fazer justiça com as próprias mãos), nem guardarás ira (guardar rancor) contra os filhos do teu povo; mas, amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.
Vocês acham que esses são novos mandamentos? Claro que não. Esses mandamentos têm a ver com o sexto mandamento. Temos essa conclusão, especialmente, ouvindo o ensino de Jesus e do apóstolo João. Jesus ensinou o sexto mandamento (Mateus 5.21,22). Jesus disse que aquele que se ira injustamente contra seu irmão, que insulta e detrai o seu irmão quebra o sexto mandamento. Jesus disse que ira, insultos e detração fazem o homem digno de condenação eterna. O apóstolo João disse também (1 João 3.15): “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si”.
Amados irmãos e irmãs, notem os textos lidos. Quando Deus proíbe o homicídio, Ele também proíbe a ira, o ódio, o desejo de vingança, a inveja. O SENHOR Deus considera homicídio a ira injusta, o ódio, o desejo de vingança, o rancor no coração. Para Deus esses sentimentos são as raízes da árvore que produz o homicídio. Portanto, o “não matarás” é muito mais que não assassinar.
O nosso catecismo segue o ensino da Escritura. Na P e R 105 temos o que o mandamento proíbe, ou seja, o que não devemos fazer. Na P e R 106 confessamos que Deus condena as raízes do homicídio (veja P e R 106). Por fim, o catecismo diz o nosso dever de amor segundo o sexto mandamento (veja P e R 107): “amar o nosso próximo como a nós mesmos, a demonstrar paciência, paz, mansidão, misericórdia e amizade para com ele, a protegê-lo do mal o tanto que pudermos e a fazer o bem até mesmo aos nossos inimigos”. No Dia do Senhor 40 temos o resumo do ensino bíblico sobre o sexto mandamento.
O sexto mandamento revela a fonte do homicídio. A origem do homicídio não está na sociedade, não está na falta de educação, ou, na pobreza; nem na cor da pele. A origem do homicídio está no coração do homem caído. Jesus disse (Marcos 7.21): “Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios”. Está escrito também que as obras da carne, da velha natureza, são (Gálatas 5.20) “... inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, facções, invejas”. De onde vêm os homicídios? O homicídio vem de natureza corrompida do homem. O homem é um homicida desde o ventre. O homem caído faz parte da gangue do grande homicida, o diabo. O diabo foi o primeiro homicida. Caim assassinou Abel, pois era do Maligno.
Concluindo:
Amados irmãos e irmãs, o sexto mandamento nos leva a vermos a graça de Deus em Cristo, pois pergunto:
Segundo a Lei de Deus, quem pode dizer que cumpre o sexto mandamento? A Lei cala nossas bocas. A doutrina e a experiência mostram que somos assassinos diante de Deus (Romanos 3.9-20). Em verdade, por comissão ou omissão, temos quebrado o sexto mandamento. Então, nenhum de nós poderia escapar da pena de morte.
Não falo da pena de morte que o estado tem o direito e dever bíblico de aplicar (confessamos isso na R 105). A pena de morte que falo é o inferno eterno. O inferno está reservado para os homicidas, os iracundos, os detratores, os odientos, os vingativos, os amargurados.
Mas, onde está a nossa esperança e felicidade eternas? Em Cristo Jesus somente.
Se não fosse Jesus Cristo todos nós estaríamos perdidos. A vida e a morte de Jesus cumpriu o sexto mandamento. Jesus somente fez o bem ao próximo. Jesus foi agredido, mas não revidou com agressão. Quando detratado não detratou. Jesus sofreu como um cordeiro mudo na mão de seus tosquiadores. Jesus deu a Sua vida em nosso favor. O dar a vida em favor de outra pessoa é a maior prova de amor. Jesus deu sua vida por nós.
Jesus morreu em nosso lugar e por nossos pecados. Jesus ressuscitou para nossa justiça. Os nossos homicídios foram perdoados pelo sangue de Cristo. A obediência e justiça de Cristo são nossas através da fé no Evangelho. Somos aceitos por Deus por causa de Cristo Jesus somente. Assim, podemos ter o consolo da salvação, estar no culto e podemos amar nosso próximo. Pois, Jesus cumpriu perfeitamente o sexto mandamento: Jesus se deu por nós. Somos salvos nEle.
O Catecismo nos ensina as exigências no mandamento nos ensina a vida de gratidão. O ensino da lei está na parte do catecismo que trata de nossa gratidão pela salvação. O evangelho diz (1 João 3.16-19): “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, nas de fato e de verdade”. Corações gratos a Deus não se fecham para a necessidade de seus irmãos. Corações gratos a Deus mostram disposição para doar o bem mais precioso do homem, a própria vida. Quando buscamos cumprir o sexto mandamento, então, nos são confirmadas a nossa eleição, a nossa fé em Cristo; e, o mundo pode ver o amor de Cristo por nós.
O ensino do sexto mandamento nos esclarece qual a maior necessidade do Brasil. Pergunto: O que precisa para abominar o homicídio?
O Brasil precisa do SENHOR Jesus Cristo. Cada brasileiro e brasileira precisa de um novo coração. Enquanto Cristo não reinar no coração de cada brasileiro e brasileira, então, iremos de mal a pior. Por isso, como igreja, devemos orar e trabalhar para que o Evangelho alcance mais vidas no Brasil.
O Brasil precisa muito mais do Evangelho que da pena de morte. A pena de morte é um dever do estado. A pena de morte refreia o homicídio grosseiro e faz justiça. Mas, a pena de morte não muda corações. Quem muda corações é Cristo Jesus. Somente Ele nos concede corações novos. Jesus faz pelo poder do Espírito e de Sua Palavra essa operação cardíaca. O Evangelho é o poder de Deus para mudar vidas e nações inteiras.
Portanto, se desejamos um país que abomine o homicídio, que respeite a vida conforme a vontade de Deus, então, nós devemos investir tempo na oração e recursos na evangelização do Brasil. O respeito à vida começa no coração. Somente corações transformados pelo evangelho podem amar a Deus e amar o próximo. Somente corações regenerados por Cristo buscam, pela graça de Deus, respeitar a vida. Amém.

Sermão preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina bíblica ensinada no Dia do Senhor 40.




[1] Catecismo de Heidelberg

 

Dia do Senhor 40

 

P.105. O que exige Deus no sexto mandamento?
R. Que eu não devo desonrar, odiar, injuriar nem matar o meu próximo por pensamentos, palavras, ou gestos e muito menos por ações, por mim mesmo ou através de outros;1 antes, devo fazer morrer todo desejo de vingança.2 Além disso, não devo me fazer mal nem me expor levianamente ao perigo.3 Por isso também o governo empunha a espada para impedir homicídios.4
1. Gn 9.6; Lv 19.17, 18; Mt 5.21, 22; 26.52. 2. Pv 25.21, 22; Mt 18.35; Rm 12.19; Ef 4.26. 3. Mt 4.7; 26.52; Rm 13.11-14. 4. Gn 9.6; Ex 21.14; Rm 13.4.
P.106. Mas, esse mandamento fala somente de matar?
R. Ao nos proibir de matar Deus nos ensina que detesta a raiz do homicídio, a saber: a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança1 e que Ele considera tudo isso como homicídio.2
1. Pv 14.30; Rm 1.29; 12.19; Gl 5.19-21; Tg 1.20; 1Jo 2.9-11. 2. 1Jo 3.15. 84.
P.107. Então, basta que não matemos o nosso próximo dessa maneira? 
R. Não. Deus ao condenar a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança nos ordena a amar os nossos inimigos como a nós mesmos,1 a demonstrar paciência, paz, mansidão, misericórdia e amizade para com ele,2 a protegê-lo do mal o tanto que pudermos e a fa- zer o bem até mesmo aos nossos inimigos.3
1. Mt 7.12; 22.39; Rm 12.10. 2. Mt 5.5; Lc 6.36; Rm 12.10, 18; Gl 6.1, 2; Ef 4.2; Cl 3.12; 1Pe 3.8. 3. Ex 23.4, 5; Mt 5.44, 45; Rm 12.20.

http://igrejasreformadasdobrasil.org/index.php/catecismo-de-heidelberg
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[2]  Êxodo 20.13: ”Não matarás.”;
 Levítico 19.16-18:
19.16   Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR.
19.17   Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado.
19.18   Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.”

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

5º Mandamento - A Honra Devida aos Pais e Superiores


[1]Texto: Dia do Senhor 39
[2]Leitura: Êxodo 20.12

Amados irmãos e irmãs,

Nós testemunhamos um tempo de crise. A crise na Europa é um exemplo desse tempo crítico. Os meios de comunicação mostram pessoas revoltadas contra seus governos e indo às ruas para agredir às autoridades. Vejam também as ações, de sindicatos e de ditos movimentos sociais, que promovem greves que prejudicam a nação, que fecham estradas, que queimam pneus, que prejudicam o Brasil. Os revoltados, de fora e de dentro do Brasil, acusam às autoridades por serem injustas (em certos casos a acusação pode ser verdadeira). Os revoltados partem para enfrentar as autoridades, a fim de garantirem seus direitos. As palavras de ordem dos revoltados tem sido “direitos”, “queremos respeito”, “não aceitamos isso ou aquilo”. Então, como nós, cristãos, em tempo de crise, podemos julgar as atitudes “revolucionárias”? Qual a base de nossos julgamentos? Qual deve ser nossa atitude cristã diante de autoridades injustas?
As crises sempre estiveram presentes na história da humanidade. A época da reforma foi um tempo de crise também. As autoridades praticaram muitas injustiças contra crentes que abraçaram a fé reformada. Muitos crentes tiveram seus bens e títulos confiscados, foram perseguidos, outros aprisionados e mortos pelas autoridades romanistas. Ocorreram também muitas revoluções promovidas pelos anabatistas. Então, a reforma foi também um tempo de crise, de abuso de autoridade e de insubmissão às autoridades instituídas. Mas, qual foi o ensino reformado para orientar os crentes no tempo de crise? Será que a doutrina reformada ensinara a revolução, o desrespeito contra as autoridades instituídas? O que eles ensinaram sobre o quinto mandamento da Lei de Deus?
Essas perguntas servem para introduzir a mensagem de Deus para nós hoje. A mensagem é a seguinte:

Honremos a todos aqueles que Deus colocou sobre nós.

Amados irmãos e irmãs, o mandamento do SENHOR é (Êx 20.12): “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”. A palavra “honra” se direciona ao indivíduo. Não se refere honrar coisas, mas se refere honrar pessoas. As pessoas valem mais que coisas. As pessoas é quem devem ser honradas.
O que é honrar?
Honrar é mais do que obedecer. Honrar significa considerar, estimar, enobrecer, dar importância a pessoa. Sendo assim, a explicação sobre o que é honrar nos lembra o amor. O amor nos leva a honrar. Quem honra de verdade, ama de verdade.
Agora, a quem devo honrar?
O mandamento, direta e primeiramente, fala da honra ao pai e a mãe:  “Honra teu pai e tua mãe ...”. Então, dentre os homens, nossos pais são os primeiros dignos de honra. Porém, segundo a Escritura, os termos “pai” e “mãe” são usados também para os profetas, professores e regentes do povo de Deus. Por exemplo, José disse a seus irmãos (Gn 45.8): “Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito”. José disse que Deus lhe colocou como pai de Faraó. José não foi pai biológico de Faraó? Não. Deus colocou José como autoridade para guiar Faraó e governar a terra do Egito. Outro exemplo bíblico. Débora, cantou dizendo (Jz 5.7): “Ficaram desertas as aldeias em Israel, repousaram, até que eu, Débora, me levantei, levantei-me por mãe de Israel”. Débora disse que era mãe de Israel. Mas, ela não gerou todos os israelitas. Ela foi “mãe de Israel” porque Deus deu a ela autoridade sobre Seu povo. Débora era profetiza e juíza sobre Israel. No Novo Testamento os apóstolos instruíram às igrejas como pais instruem a seus filhinhos (Gl 4.19; 1 Jo 2.1,2). Então, a Escritura usa as palavras “pai” e “mãe” também para designar as autoridades que Deus colocou sobre nós: em nossas casas, na igreja e no Estado. O quinto mandamento também fala do nosso dever de honrar papai e mamãe, mas também todos aqueles que Deus colocou sobre nós, ou seja, os nossos superiores.
Vemos que o Catecismo segue a Escritura quando ensina o quinto mandamento (veja R. 104): “que eu demonstre toda honra, amor e fidelidade a meu pai e à minha mãe, e a todos os meus superiores; que eu me submeta a boa instrução e disciplina vinda deles e que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos”. O Catecismo coloca, de modo bíblico, a exigência e abrangência do mandamento: devo honrar nosso pai, nossa mãe e nossos superiores.
O Catecismo ensina também a base do motivo de honrarmos nossos pais e superiores (veja a parte final da R. 104): “... pois é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles”.  A vontade de Deus deve ser o motivo para honrar os nossos superiores. O apóstolo falou aos filhos (Ef 6.1): “Filhos, obedecei a vossos pais no Senhor, pois isto é justo”. A palavra diz “é justo”, ou seja, agrada a Deus pois é a vontade de Deus.
O SENHOR Deus se agrada quando honramos aos nossos superiores em casa, na igreja e no Estado. Pois, quando fazemos isso estamos honrando a Deus. Como assim? Pergunto: Quem é a autoridade suprema do universo? O SENHOR. Quem é a fonte de toda autoridade? O SENHOR. Quem colocou papai, mamãe, o seu esposo (no caso das irmãs casadas), os oficiais da igreja e as autoridades sobre você? O SENHOR. Todos os meus superiores são servos do SENHOR. Quando honro os servos, honro o SENHOR dos servos. Deus exerce seu governo sobre nós, por meio dos nossos superiores.
Nós precisamos aceitar e confessar que nenhuma autoridade sobe ao poder se não for pela ação de Deus, pois está escrito (Rm 13.1,2): “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”. O SENHOR é a fonte de toda autoridade. Deus colocou os nossos superiores sobre nós. Os nossos pais, nossos oficiais e as autoridades do Estado são ministros de Deus. Por isso, como diz o catecismo, “é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles”. Por isso, como diz o Catecismo: “que eu demonstre toda honra, amor e fidelidade a meu pai e à minha mãe, e a todos os meus superiores; que eu me submeta a boa instrução e disciplina vinda deles e que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos”.
Em tempos de crise o mundo despreza, desrespeita, não mostra amor e nem paciência para nossos superiores. Mas, nós não somos do mundo. Somos filhos de Deus de pela fé em Cristo Jesus.
Nós temos um salvador que nos salvou das consequências de nossa rebeldia contra Deus. Nós temos um salvador que nos concedeu um novo coração, uma nova natureza, cujo o desejo é cumprir a vontade de Deus! Nós temos um salvador que cumpriu perfeitamente o quinto mandamento, para que nós, por gratidão e pela graça de Deus, demonstremos: “toda honra, amor, fidelidade, submissão e paciência para com todos os meus superiores”.
Você quando for tentado contra o quinto mandamento se lembre de Seu salvador Jesus Cristo. Nosso Senhor, apesar de ser Deus todo-poderoso e homem sem pecado, Ele se submeteu aos seus pais pecadores (Lc 2.48-52). Jesus ensinou a honra ao imperador romano. Ele disse (Mt 22.21): “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Jesus, sendo inocente, se colocou debaixo do julgamento de Pôncio Pilatos, dizendo (Jo 19.11): “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior pecado tem.” Jesus cumpriu toda lei. O quinto mandamento foi perfeitamente cumprido por Ele.
Foi a obediência perfeita de Cristo que nos garante a nossa salvação em graça. Foi a obediência de Cristo que levou Ele até a maldita cruz. Assim, Jesus tomou nosso lugar debaixo da ira de Deus, tomando a nossa culpa pela quebra de todos os mandamentos de Deus. Ele morreu por todos os pecados que nós cometemos contra o quinto e demais mandamentos. Jesus Cristo ressuscitou para nos dar a certeza que nossos pecados foram perdoados.
Por que Jesus cumpriu o quinto mandamento até a morte de cruz e para nossa justificação? Por que Ele amou a Deus perfeitamente! Ele honrou o Pai perfeitamente! Jesus fez isso pois nos amou perfeitamente! Agora, essa obediência de Cristo e a justiça de Cristo, é nossa justiça. Quando cremos no Evangelho, então, somos declarados justos. Somos, em Cristo, recebidos por Deus como se tivéssemos cumprido perfeitamente o quinto mandamento.
Então, que nos resta como justos diante de Deus?
Mostrar nossa gratidão a Deus, honrarmos nossos deveres em nossos ofícios. A autoridade maior e principal, Aquele que, acima de todos, deve ser obedecido no quinto mandamento é Deus. Ele é nosso Pai Celestial em Cristo. Então, todos nós devemos cumprir nossos ofícios de pai e mãe, de oficial e de autoridade instituída por Deus. Como? Não abusando da autoridade que Deus nos deu, instruindo e ajudando nossos subordinados a cumprirem também seus ofícios para com Deus. Assim os superiores obedecem o quinto mandamento também.
Resta-nos também mostrarmos nossa gratidão, mostrando toda honra, amor, fidelidade, submissão e paciência para com todos os nossos superiores. Mostrar honra não somente a alguns superiores, mas a todos. Não posso escolher que autoridades merecem minha honra, mas todos os meus superiores. Se os meus pais são bons ou ruins, se meus oficiais são firmes ou fracos, se minha presidente é comunista ou não. O mandamento nos exige honrarmos quem recebeu de Deus a autoridade para nos comandar: comandar minha casa, comandar a igreja e a sociedade.
Resta-nos pedir sabedoria ao Espírito de Cristo obedecendo Deus acima das autoridades. Isso significa que somente devo ser submisso “as boas instrução e disciplina” dos meus superiores. Deus não nos obriga obedecer tudo que as autoridades dizem. Nossa obediência é limitada pela Escritura. Somente devo obedecer ao que as autoridades dizem conforme a Palavra de Deus. Devo me submeter à disciplina deles quando a disciplina é conforme a Palavra de Deus. Pois, “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). Precisamos orar para discernirmos como aplicar essa verdade.
Resta-nos, fazendo o nosso dever para com nossos superiores, viver desfrutando da bênção. Que bênção? A bênção da promessa que o quinto mandamento tem. A promessa é: “... para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”. Essa promessa é um estímulo para os filhos e os que estão debaixo de autoridade. Eles, caso honrem todos os seus superiores, terão vida longa na terra. Terão uma vida de bênção. Isso é o evangelho da graça de Deus. O Deus que coroa a sua graça nos recompensando com presentes quando nós obedecemos a ele.
Amados irmãos e irmãos, por gratidão a Deus e pela graça de Cristo, temos tudo para honrarmos todos os nossos superiores. Temos a salvação, temos o Espírito Santo e a obra dEle e da Sua palavra em nós, temos uma promessa estimuladora. Então, cumpramos nosso dever de amor: Honremos a todos aqueles que Deus colocou sobre nós. Amém

Sermão preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina bíblica ensinada no Dia do Senhor 39.



[1] Catecismo de Heidelberg (1563)

Dia do Senhor 39
104. O que Deus exige no quinto mandamento?
R. Devo prestar toda honra, amor e fidelidade a meu pai e a minha mãe e a todos os meus superiores; devo submeter-me à sua boa instrução e disciplina com a devida obediência (1) , e também ter paciência com seus defeitos (2) ; porque Deus nos quer governar pelas mãos deles (3).
(1) Êx 21:17; Pv 1:8; Pv 4:1; Pv 15:20; Pv 20:20; Rm 13:1; Ef 5:22; Ef 6:1,2,5; Cl 3:18,20,22. (2) Pv 23:22; 1Pe 2:18. (3) Mt 22:21; Rm 13:2,4; Ef 6:4; Cl 3:20.
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[2]  
Êxodo 20.12:  “ Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá.