[2]Texto:
Êxodo 20.13; Levítico 19.16-18
Amados
irmãos no Senhor Jesus,
O
Brasil não vive um estado de guerra, de conflitos civis, raciais e religiosos.
Mas, os índices de homicídios no Brasil são espantosos. De 1980 a 2010
produzimos mais de um milhão de homicídios. Somente em 2010 foram registrados
50.000 assassinatos. A média de homicídios no Brasil superou a média mundial dos
12 maiores conflitos armados, que aconteceram entre 2004 e 2007. Em 2012 o
número de homicídios tem baixado um pouco, mas ainda é muito alto (26,9 mortos
por 100 mil habitantes). O número “aceitável” pela Organização das Nações
Unidas (ONU) são 10 por 100 mil habitantes. Nessa estatística de homicídios não
se inclui os suicídios, abortos, nem os acidentes de transito provocados por
imprudência e nem as mortes produzidas por negligências no sistema de saúde. O
Brasil é um país violento, uma fábrica de cadáveres, um país cheios de
homicidas.
São
tantos homicídios que o povo brasileiro está insensível para o assassinato. Mas,
diante dos homicídios e da banalização da vida, temos a Lei de Deus que nos
diz: “não matarás”. Nesse mandamento, O SENHOR Deus nos revela o seu amor pela
vida. Ele nos ensina como devemos honrar o dom da vida. (Sendo assim,) chamo
todos a ouvirem a pregação da doutrina do Senhor no seguinte tema:
O SENHOR da vida nos
exige o respeito à vida: Esse respeito começa no coração.
Amados
irmãos e irmãs, Deus é vida. A vida se origina nEle. A vida é um dom de Deus.
Ele deu vida a Sua criação. Por isso, Deus ama a vida.
Agora,
a vida do homem tem um valor especial para Deus. Por quê? Porque o homem é a coroa
da criação. O homem é a imagem e semelhança de Deus. Por isso, Deus requer o devido
respeito à vida de nosso próximo. Deus assim dá as bases do sexto mandamento.
O
sexto mandamento fala contra o assassinato, o homicídio. Deus não aceita o
homicídio. A proibição é clara: Não devo assassinar o meu próximo.
Agora,
olhando a Escritura o sexto mandamento é mais profundo e amplo. Por exemplo, o
sexto mandamento determinou a arquitetura das casas (veja Deuteronômio 22.8). A
construção do parapeito era para proteger a vida. Os construtores deveriam ser
prevenidos e não negligentes. Senão, seriam culpados pela morte da vítima da negligência
deles. Deus proíbe em Deuteronômio 22.8 a negligência que leve a morte do meu
próximo. Essa proibição é baseada no sexto mandamento.
O
sexto mandamento regula a minha língua. Veja Levítico 19.16: “Não andarás como
mexeriqueiro; não atentarás contra a vida do teu próximo.” A palavra
“mexeriqueiro” fala do fofoqueiro, do leva e traz, do difamador, detrator, da
falsa testemunha. A língua mata também. Ela tem veneno mortal. Por isso, Tiago
diz: “De uma só boca procede bênção e maldição ...” (Tiago 3.10). O v. 16 diz
que a minha língua não pode se levantar para matar o meu próximo. Especialmente,
diante de um tribunal. O mandamento sexto é também a base desse mandamento.
O
sexto mandamento regula meus sentimentos nas relações com meu próximo. Nas
minhas relações devo condenar a ira, o ódio, o desejo de vingança, o rancor
escondido e a inveja. Por quê? Porque A ira, o ódio, o desejo de vingança e a
inveja são as raízes do homicídio. O primeiro homicídio foi feito por Caim (Gênesis
4.1-7). Caim se irou grandemente contra seu irmão Abel. Se irar é ser tomado de
raiva, enfurecer-se, indignar-se. É o contrario de ter misericórdia, ser
paciente, de ser sereno, de ser favorável ao próximo. Caim se irou e matou seu
irmão. A ira gerou o homicídio. Deus condena também o ódio. O que é sentir
ódio? Ódio é mais forte que ira. Odiar é aborrecer, detestar, ter rancor,
antipatia, inimizar-se, opor-se, não corresponder. É ter alguém como seu
inimigo (a palavra hebraica “odiar” tem a mesma raiz da palavra inimigo). O
contrário de odiar é amar (Levítico 19.17): “Não aborrecerás (não odiarás) teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás
o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado.” Não devo
detestar, antipatizar, ter como inimigo nenhum de meus irmãos. Pelo contrário,
se alguém pecou contra mim, então, devo ir e tratar o problema como o meu
ofensor. Exatamente, como Jesus ensinou em Mateus 18.
Deus
também condena o desejo de vingança e o rancor escondido no coração. Vejamos Levítico
19.18: “Não te vingarás (descontar, tirar a forra, fazer justiça com as
próprias mãos), nem guardarás ira (guardar rancor) contra os filhos do teu
povo; mas, amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”.
Vocês
acham que esses são novos mandamentos? Claro que não. Esses mandamentos têm a
ver com o sexto mandamento. Temos essa conclusão, especialmente, ouvindo o
ensino de Jesus e do apóstolo João. Jesus ensinou o sexto mandamento (Mateus
5.21,22). Jesus disse que aquele que se ira injustamente contra seu irmão, que
insulta e detrai o seu irmão quebra o sexto mandamento. Jesus disse que ira,
insultos e detração fazem o homem digno de condenação eterna. O apóstolo João
disse também (1 João 3.15): “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino;
ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si”.
Amados
irmãos e irmãs, notem os textos lidos. Quando Deus proíbe o homicídio, Ele
também proíbe a ira, o ódio, o desejo de vingança, a inveja. O SENHOR Deus
considera homicídio a ira injusta, o ódio, o desejo de vingança, o rancor no
coração. Para Deus esses sentimentos são as raízes da árvore que produz o
homicídio. Portanto, o “não matarás” é muito mais que não assassinar.
O
nosso catecismo segue o ensino da Escritura. Na P e R 105 temos o que o
mandamento proíbe, ou seja, o que não devemos fazer. Na P e R 106 confessamos
que Deus condena as raízes do homicídio (veja P e R 106). Por fim, o catecismo
diz o nosso dever de amor segundo o sexto mandamento (veja P e R 107): “amar o
nosso próximo como a nós mesmos, a demonstrar paciência, paz, mansidão,
misericórdia e amizade para com ele, a protegê-lo do mal o tanto que pudermos e
a fazer o bem até mesmo aos nossos inimigos”. No Dia do Senhor 40 temos o
resumo do ensino bíblico sobre o sexto mandamento.
O
sexto mandamento revela a fonte do homicídio. A origem do homicídio não está na
sociedade, não está na falta de educação, ou, na pobreza; nem na cor da pele. A
origem do homicídio está no coração do homem caído. Jesus disse (Marcos 7.21):
“Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a
prostituição, os furtos, os homicídios,
os adultérios”. Está escrito também que as obras da carne, da velha natureza,
são (Gálatas 5.20) “... inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, facções,
invejas”. De onde vêm os homicídios? O homicídio vem de natureza corrompida do
homem. O homem é um homicida desde o ventre. O homem caído faz parte da gangue
do grande homicida, o diabo. O diabo foi o primeiro homicida. Caim assassinou
Abel, pois era do Maligno.
Concluindo:
Amados
irmãos e irmãs, o sexto mandamento nos leva a vermos a graça de Deus em Cristo,
pois pergunto:
Segundo
a Lei de Deus, quem pode dizer que cumpre o sexto mandamento? A Lei cala nossas
bocas. A doutrina e a experiência mostram que somos assassinos diante de Deus
(Romanos 3.9-20). Em verdade, por comissão ou omissão, temos quebrado o sexto
mandamento. Então, nenhum de nós poderia escapar da pena de morte.
Não
falo da pena de morte que o estado tem o direito e dever bíblico de aplicar
(confessamos isso na R 105). A pena de morte que falo é o inferno eterno. O
inferno está reservado para os homicidas, os iracundos, os detratores, os
odientos, os vingativos, os amargurados.
Mas,
onde está a nossa esperança e felicidade eternas? Em Cristo Jesus somente.
Se
não fosse Jesus Cristo todos nós estaríamos perdidos. A vida e a morte de Jesus
cumpriu o sexto mandamento. Jesus somente fez o bem ao próximo. Jesus foi
agredido, mas não revidou com agressão. Quando detratado não detratou. Jesus
sofreu como um cordeiro mudo na mão de seus tosquiadores. Jesus deu a Sua vida em
nosso favor. O dar a vida em favor de outra pessoa é a maior prova de amor.
Jesus deu sua vida por nós.
Jesus
morreu em nosso lugar e por nossos pecados. Jesus ressuscitou para nossa
justiça. Os nossos homicídios foram perdoados pelo sangue de Cristo. A
obediência e justiça de Cristo são nossas através da fé no Evangelho. Somos
aceitos por Deus por causa de Cristo Jesus somente. Assim, podemos ter o
consolo da salvação, estar no culto e podemos amar nosso próximo. Pois, Jesus
cumpriu perfeitamente o sexto mandamento: Jesus se deu por nós. Somos salvos
nEle.
O
Catecismo nos ensina as exigências no mandamento nos ensina a vida de gratidão.
O ensino da lei está na parte do catecismo que trata de nossa gratidão pela
salvação. O evangelho diz (1 João 3.16-19): “Nisto conhecemos o amor: que
Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora,
aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade,
e fechar-lhe seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos,
não amemos de palavra, nem de língua, nas de fato e de verdade”. Corações
gratos a Deus não se fecham para a necessidade de seus irmãos. Corações gratos
a Deus mostram disposição para doar o bem mais precioso do homem, a própria
vida. Quando buscamos cumprir o sexto mandamento, então, nos são confirmadas a
nossa eleição, a nossa fé em Cristo; e, o mundo pode ver o amor de Cristo por
nós.
O
ensino do sexto mandamento nos esclarece qual a maior necessidade do Brasil. Pergunto:
O que precisa para abominar o homicídio?
O
Brasil precisa do SENHOR Jesus Cristo. Cada brasileiro e brasileira precisa de
um novo coração. Enquanto Cristo não reinar no coração de cada brasileiro e
brasileira, então, iremos de mal a pior. Por isso, como igreja, devemos orar e
trabalhar para que o Evangelho alcance mais vidas no Brasil.
O
Brasil precisa muito mais do Evangelho que da pena de morte. A pena de morte é
um dever do estado. A pena de morte refreia o homicídio grosseiro e faz
justiça. Mas, a pena de morte não muda corações. Quem muda corações é Cristo
Jesus. Somente Ele nos concede corações novos. Jesus faz pelo poder do Espírito
e de Sua Palavra essa operação cardíaca. O Evangelho é o poder de Deus para
mudar vidas e nações inteiras.
Portanto,
se desejamos um país que abomine o homicídio, que respeite a vida conforme a
vontade de Deus, então, nós devemos investir tempo na
oração e recursos na evangelização do Brasil. O respeito à vida começa no
coração. Somente corações transformados pelo evangelho podem amar a Deus e amar
o próximo. Somente corações regenerados por Cristo buscam, pela graça de Deus,
respeitar a vida. Amém.
Sermão preparado pelo Rev. Adriano Gama
sobre a doutrina bíblica ensinada no Dia do Senhor 40.
[1] Catecismo de Heidelberg
Dia do Senhor 40
P.105. O
que exige Deus no sexto mandamento?
R. Que
eu não devo desonrar, odiar, injuriar nem matar o meu próximo por pensamentos,
palavras, ou gestos e muito menos por ações, por mim mesmo ou através de
outros;1 antes, devo fazer morrer todo desejo de vingança.2 Além disso, não
devo me fazer mal nem me expor levianamente ao perigo.3 Por isso também o
governo empunha a espada para impedir homicídios.4
1. Gn 9.6; Lv 19.17, 18; Mt 5.21, 22; 26.52. 2. Pv 25.21, 22; Mt 18.35;
Rm 12.19; Ef 4.26. 3. Mt
4.7; 26.52; Rm 13.11-14. 4. Gn 9.6; Ex 21.14; Rm 13.4.
P.106. Mas,
esse mandamento fala somente de matar?
R. Ao
nos proibir de matar Deus nos ensina que detesta a raiz do homicídio, a saber:
a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança1 e que Ele considera tudo isso
como homicídio.2
1. Pv 14.30; Rm 1.29; 12.19; Gl 5.19-21; Tg 1.20; 1Jo 2.9-11. 2. 1Jo
3.15. 84.
P.107. Então,
basta que não matemos o nosso próximo dessa maneira?
R. Não.
Deus ao condenar a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança nos ordena a
amar os nossos inimigos como a nós mesmos,1 a demonstrar paciência, paz,
mansidão, misericórdia e amizade para com ele,2 a protegê-lo do mal o tanto que
pudermos e a fa- zer o bem até mesmo aos nossos inimigos.3
1. Mt 7.12; 22.39; Rm 12.10. 2. Mt 5.5; Lc 6.36; Rm 12.10, 18; Gl 6.1,
2; Ef 4.2; Cl 3.12; 1Pe 3.8. 3. Ex 23.4, 5; Mt 5.44, 45; Rm 12.20.
http://igrejasreformadasdobrasil.org/index.php/catecismo-de-heidelberg
http://igrejasreformadasdobrasil.org/index.php/catecismo-de-heidelberg
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[2]
Êxodo 20.13: ”Não matarás.”;
Levítico 19.16-18:
“19.16 Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo;
não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o SENHOR.
19.17 Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas
repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado.
19.18 Não te vingarás, nem guardarás ira contra os
filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.”
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