sábado, 9 de junho de 2018



                      Não Sejamos Negligentes, Mas um Povo Zeloso do SENHOR                                                                          

Leitura Bíblica. Malaquias 1.6 a 2.9
Texto da Pregação. Malaquias 1.6-7

AMBIENTE


Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,

O profeta Malaquias foi chamado por Deus para despertar um povo religiosamente apático, desanimado e desleixado. Aquele povo estava cansado de esperar pelo cumprimento das promessas messiânicas (a vinda do Messias e o estabelecimento do reinado messiânico). Eles tinham voltado do cativeiro babilônico, e tinham reconstruído o templo de Jerusalém, mas estavam vivendo uma religião apenas de formalidade. Além disso, o povo e os seus líderes religiosos estavam quebrando a aliança de Deus e profanando aquilo que era sagrado.

Então, para tratar dos pecados do povo e dos seus líderes, Deus manda que o profeta Malaquias escreva um livro tratando de vários assuntos importantes:

1.      O amor do SENHOR por seu povo;
2.      A degeneração do trabalho dos sacerdotes;
3.      O casamento com mulheres idólatras e o divórcio das esposas israelitas;
4.      A promessa da vinda do mensageiro do Senhor e do Anjo da Aliança, como uma resposta àqueles que acusam Deus de injustiça;
5.      O roubo no tocante aos dízimos e ofertas;
6.      A promessa de que Deus fará diferença entre o justo e o perverso;
7.      A promessa da vinda do Sol da Justiça e do profeta Elias. Hoje nós veremos o segundo assunto do livro de Malaquias.

MENSAGEM


Irmãos, o texto de Malaquias 1.6-7 resume bem a queixa que Deus tinha contra os sacerdotes que trabalhavam no templo de Jerusalém. Deus estava insatisfeito com eles. O motivo era que os sacerdotes estavam profanando as coisas que eram santas. Os sacerdotes eram membros da tribo de Levi. Os levitas foram escolhidos por Deus para substituírem os primogênitos de Israel que foram salvos na época da Páscoa. Deus matou os primogênitos do Egito e salvou os primogênitos de Israel. Desta forma, os primogênitos de Israel passaram a ser propriedade de Deus. Mas, ao invés de usá-los no trabalho do tabernáculo, Deus substituiu os primogênitos pelos homens da tribo de Levi.
Os levitas deveriam armar e desarmar o tabernáculo, transportar os seus objetos sagrados, acampar ao redor do tabernáculo e protegê-lo da invasão de pessoas estranhas (Números 1.50-53). Os levitas eram formados por três grandes famílias: Os coatitas, os gersonitas e os meraritas. Os coatitas transportavam os móveis do tabernáculo. Os gersonitas transportavam as cortinas, coberturas e cordas. Os meraritas transportavam as tábuas, as travessas, as colunas e as bases.
E dentre os levitas haviam os sacerdotes. Os sacerdotes faziam parte da família dos coatitas. Eles funcionavam como líderes dos outros levitas. Arão era o sumo-sacerdote. E sob seu comando estavam seus filhos: Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Nadabe e Abiú morreram por serem desobedientes. Então restaram somente Eleazar e Itamar. E qual era a missão dos sacerdotes? Os sacerdotes funcionavam como mediadores entre o povo e Deus. E nessa atividade mediadora eles possuíam várias funções.

Por exemplo:

1.      Eles lideravam as tarefas dentro do tabernáculo;
2.      Eles apresentavam as ofertas e os sacrifícios do povo perante o Senhor;
3.      Eles ensinavam a Lei de Moisés;
4.      Eles pronunciavam a bênção de Deus sobre a igreja;
5.      Eles examinavam e declaravam quando uma pessoa estava com lepra, e quando uma casa estava contaminada pelo mofo;
6.      Eles comandar as festas do calendário religioso de Israel;
7.      Atuavam como juízes superiores quando uma causa não podia resolvida pelos anciãos das cidades.

Portanto, eles tinham grandes responsabilidades. Eles eram líderes do povo. Eles eram mediadores do povo perante o Senhor. Mas, na época de Malaquias o trabalho deles estava desandando. A apatia e o desinteresse que caiu sobre o povo também caíram sobre eles. Eles estavam profanando as coisas santas. A acusação de Deus está em Malaquias 1.6 a 2.9. Deus disse por intermédio de Malaquias que eles estavam oferecendo animais defeituosos, isto é, animais cegos, feridos, aleijados e doentes.

Essa atitude era de extremo desprezo para com Deus. Deus era o pai deles e o senhor deles. Mas, eles não estavam dando a devida honra a Deus. Eles faziam os sacrifícios de má vontade, e reclamando que estavam cansados. E ainda por cima ficavam falando mal das ofertas ruins que ofereciam, dizendo que a mesa do Senhor era imunda. Malaquias disse que eles estavam tentando enganar o SENHOR com aqueles sacrifícios defeituosos. O povo trazia os animais ruins e eles aceitavam. E por causa disso o altar do Senhor estava sendo profanado.

A atitude dos sacerdotes era terrível. Eles estavam invalidando a aliança que tinha Deus tinha estabelecido com
os sacerdotes. Eles estavam desobedecendo a lei de Moisés quanto aos sacrifícios: Levítico 22.17-25. Ao oferecerem animais defeituosos, os sacerdotes estavam invalidando o sistema de sacrifício que Deus instituiu em favor do seu povo. E também estavam dando um mau exemplo para as pessoas da igreja.

E havia uma coisa que deixava ainda mais grave o pecado dos sacerdotes. Eles estavam desfigurando a obra da salvação de Jesus Cristo. Todo aquele conjunto formado pelo templo, pelos sacerdotes e pelos sacrifícios anunciava a obra de salvação de Jesus Cristo. O Senhor Jesus Cristo é o sumo-sacerdote do povo de Deus. E como todo sacerdote, ele veio para oferecer um grande sacrifício a Deus.
Por causa disso, cada animal que era morto no templo era um anúncio, uma pregação da morte de Jesus Cristo. A sala do Santo dos Santos que havia no templo apontava para o Santo dos Santos celestial onde Jesus Cristo entrou para oferecer o seu grande sacrifício a Deus. O templo também continha diversos símbolos que falavam da pessoa e da obra de Jesus Cristo. Portanto, ao profanar as coisas santas do templo, os sacerdotes estavam profanando o nome do Senhor Jesus Cristo.

Porém, meus irmãos, Deus mostrou que aquele desinteresse pelas coisas sagradas não seria mais tolerado por ele. Deus disse que não estava mais aceitando as ofertas que eram apresentadas pelas mãos daqueles sacerdotes. Ele preferia que as portas do templo estivessem fechadas, ao invés de abertas, para receber tais sacrifícios profanos. Um sacrifício defeituoso era uma pregação de que Jesus Cristo apresentaria um sacrifício defeituoso. E isso era abominável.

No capítulo 2.7-9, o profeta Malaquias também mostrou que os sacerdotes não estavam ensinando a Lei de Moisés e não estavam julgando de modo justo as causas do povo de Deus. Pelo contrário, o ensino deles estava desviando o povo. E nas decisões judiciais, eles estavam aplicando a lei com parcialidade.

Então, por conta de todos esses pecados, Deus fez sérias ameaças contra aqueles sacerdotes, caso eles não se arrependessem dos seus pecados. Deus disse que iria lançar maldições sobre a vida deles e também sobre as bênçãos que eles pronunciavam em favor da igreja. Ele disse que iria reprovar os filhos dos sacerdotes, e iria atirar esterco no rosto deles. O esterco dos sacrifícios era uma coisa impura.

Mas, uma vez que os sacerdotes estavam sujando a mesa do Senhor, então Deus também iria sujar a vida dos sacerdotes. Este era um ato de grande reprovação e repúdio da parte do Senhor. Porém, o pecado deles era muito grande. Então o castigo também seria muito grande.

 

ATUALIZAÇÃO


Irmãos, aparentemente o texto parece que está bem distante de nós. Parece que ele se aplica somente aos sacerdotes do passado. E como hoje em dia não existem sacerdotes, então algumas pessoas poderiam pensar que ele não tem mais utilidade para nós. Bom, eu disse que “aparentemente” ele não tem utilidade para nós.

Mas, lembrem-se de que toda a palavra de Deus é proveitosa para nos instruir em toda justiça. Observem que esse texto fala de pessoas que profanam as coisas santas de Deus. E isso também pode acontecer hoje. Os pastores, presbíteros e diáconos podem fazer isso. Os membros das igrejas também podem cometer esse pecado.

Por exemplo, os pastores podem pecar por não pregarem e por não ensinarem de modo correto a Santa Palavra de Deus. Eles podem profanar a Mesa do Senhor, oferecendo elementos errados, ou conduzindo a celebração com irreverência, ou permitindo a participação de pessoas indignas durante a Santa Ceia.
Outra coisa: Lembrem-se de que os presbíteros são juízes no meio do povo de Deus. São eles que recebem as denúncias e estabelecem os processos disciplinares. Eles avaliam as situações e julgam as pessoas. São eles que excomungam os pecadores da comunhão da igreja. E tudo isso pode ser feito de um modo injusto e profano, pois as “Chaves do Reino” também são coisas santas.

Os membros também podem profanar as coisas santas. Ou seja, vocês também podem profanar o culto a Deus, sendo irreverentes e insensíveis à presença do Senhor no meio da igreja. E como mostra a nossa “Forma para Celebração da Santa Ceia”, nós podemos cometer o pecado de desprezarmos a Deus, a sua Palavra e os seus Santos Sacramentos. Então, meus irmãos, esse texto também se aplica a nós. O nome de Cristo também pode estar sendo profanado com nossas vidas.

Irmãos, a Palavra de Cristo não pode ser profanada, e nem Mesa de Cristo pode ser desrespeitada por nenhum de nós. Deus continua esperando honra e respeito do seu povo. Ele é o nosso Pai e o nosso Senhor. Portanto, tenhamos cuidado, pois o pecado dos sacerdotes também pode ser o pecado de hoje. E, por consequência, o castigo de ontem também pode ser o castigo de hoje. Por isso, pensem, meditem e examinem suas atitudes diante do Senhor. Façam esta pergunta para vocês mesmos: O que eu poderia estar fazendo para profanar as coisas santas do Senhor?
A minha oração é para que Deus ilumine a mente de vocês sobre esse assunto, e que ele lhes conceda o arrependimento, caso vocês reconheçam que têm pecado contra Deus.

Que o SENHOR nos abençoe. Amém.
Sermão criado pelo Pr. Laylton Coelho 

terça-feira, 5 de junho de 2018

Nossa Morte, Nossa Ressurreição e Nossa Vida Eterna - Paz e Felicidade em Jesus Cristo.


Leituras: Isaías 60; 1Coríntios 15.35-49; Lucas 23.39-43.

Texto: 
*Dia do Senhor 22

Introdução

Amados irmãos no Senhor, o autor de Eclesiastes escreveu as seguintes palavras em seu livro: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração.” (Ec 7.2). Ou seja, ele está dizendo que a morte de alguém nos faz pensar no sentido da vida. Quando comparecemos ao funeral de alguém, nós terminamos pensando no nosso próprio funeral. Então, surgem algumas perguntas, tais como: O que vale apena nesse mundo? Como estou vivendo meus dias? Como será no dia da minha morte?

Entretanto, a morte não produz somente esse efeito em nós esse momento de reflexão sobre a vida. A morte também nos entristece diante da perda de pessoas. Ela tem a ver com lágrimas, com sentimento de vazio, com uma saudade que parece não ter fim. A morte encerra muitas coisas: Casamentos, amizades, posses e etc. Ela também traz insegurança para muitos quanto à vida futura, a vida “post mortem”. Portanto, a visão da morte produz efeitos tanto positivos quanto negativos.

O que não pode acontecer para nós, cristãos, é perdermos a esperança que possuímos em Cristo. O evangelho nos garante promessas maravilhosas, as quais nem mesmo temos condições de avaliar toda a amplitude dos seus efeitos atuais e vindouros em nossas vidas. Nós temos as promessas que nos trazem esperança diante da morte e do futuro que nos espera. É isso que o nosso catecismo no lembra no Domingo 22.

O Catecismo

Na pergunta e resposta 57, nós encontramos as seguintes verdades:

1. Que depois desta vida, isto é, com a nossa morte, a nossa alma será levada imediatamente para a presença de Cristo. Isso significa que nossa alma não ficará dormindo no pó da terra, junto com os nossos restos mortais, nem será aniquilada, e nem irá para um local chamado purgatório.
2. Que a nossa carne será ressuscitada no último dia pelo poder de Cristo. Isso vai acontecer independente de onde quer que estejam espalhadas as partículas do nosso corpo. Quando Cristo vier, nosso corpo será reestruturado novamente e será reunido à nossa alma.
3. Que o nosso corpo ressurreto será semelhante ao corpo ressuscitado e glorioso do nosso Senhor Jesus Cristo.

Na pergunta e resposta 58, nós temos as seguintes afirmações doutrinárias:

1. Que a alegria da vida eterna já pode ser sentida em nossos corações nesta atual vida. O cristão já tem alegria por ser salvo e por desfrutar da vida eterna. A vida eterna é algo que conquistamos no presente mundo.

         2. Que o pleno e definitivo gozo da vida eterna acontecerá com a volta de Cristo.



3. Que tudo aquilo que foi preparado para a nossa eternidade no mundo vindouro será uma bem-aventurança que os nossos sentidos jamais presenciaram. Portanto, não há como imaginarmos como serão os novos céus e a nova terra, pois o mundo vindouro será algo bem diferente da atual realidade que vivemos no presente tempo.
4. Que tudo isso será motivo de um grande e eterno louvor da nossa parte para com Deus.

Portanto, o Domingo 22 fala de coisas que já desfrutamos no presente tempo: A alegria de possuímos a vida eterna; e de coisas que desfrutaremos após a nossa morte: A nossa alma com Cristo, a nossa ressurreição e a nossa vida eterna. Todas essas realidades foram prometidas por Deus ao longo da história da redenção.

O assunto na história da redenção

É verdade que, quando lemos algumas passagens bíblicas onde pessoas do Antigo Testamento estão ser referindo à sua morte, nós percebemos certo ar de tristeza, como se tudo se acabasse com o seu falecimento. Por exemplo, observem as seguintes palavras de desalento do salmista que escreveu o Salmo 88 (versículos 10 a 12): “Mostrarás tu prodígios aos mortos ou os finados se levantarão para te louvar? Será referida a tua bondade na sepultura? A tua fidelidade, nos abismos? Acaso, nas trevas se manifestam as tuas maravilhas? E a tua justiça, na terra do esquecimento?”.

Contudo, isso não significa que não havia esperança de vida “post mortem” para essas pessoas. Quando procuramos entender mais especificamente o que os antigos entendiam sobre a sua morte, então fica claro que a queixa deles tinha a ver com o desejo de eles continuarem louvando a Deus ainda nessa vida, ou seja, de continuarem com seus corpos e almas unidos como sempre deveriam estar.

O antigo povo de Deus sabia que o corpo voltava ao pó e o espírito ia para Deus. Veja o que escreveu o rei Salomão no livro de Eclesiastes, quando falou da nossa morte (Ec
12.7): “e o pó volte à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o deu”.

Também no antigo Israel já havia a esperança da ressurreição e da vida eterna. Novamente, escutem o que está escrito em Daniel 12.2: “Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno”.

É por causa dessa esperança que Davi escreveu as seguintes palavras no Salmo 23 (versículo 6): “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre”.

Davi sabia que a vida do ser humano não se resumia aos poucos anos que ele tem aqui neste mundo. Havia algo a mais pela frente. Esse algo a mais pela frente foi mostrado claramente pelo profeta Isaías. Isaías falou de um mundo vindouro; ele falou de novos céus e nova terra; ele falou de tempos de paz; de renovação de todas as coisas; e de um estado permanente de coisas que será livre da corrupção do pecado.



Portanto, Deus tem nos ensinado em sua Palavra a confiarmos nessas grandes promessas, as quais foram reafirmadas pelo nosso Senhor Jesus. Cristo nos mostra, pelos evangelhos e pelos demais escritos apostólicos, que haverá sim a ressurreição dos corpos e a vida eterna. E que, enquanto esperam por isso, os crentes que hoje morrem alicerçados na fé cristã podem ter a certeza de que suas almas estarão ao lado do seu Mestre e Salvador.

As três Leituras

Agora vamos prestar atenção nas três leituras bíblicas que fizemos nesta manhã. Os textos que eu escolhi para este sermão tratam de alguns aspectos relacionados com essas três grandes verdades: Nossa alma com Deus depois da morte, nossa ressurreição e nossa vida eterna.

O primeiro texto que escolhi como nossa leitura inicial foi Isaías 60. Antes de considerarmos mais detidamente esse texto, pensemos primeiramente no conteúdo geral do livro de Isaías. Esse livro está cheio de palavras de condenação da parte de Deus em relação ao seu povo. Por meio do profeta Isaías, Deus aponta o pecado da sua igreja e anuncia seus castigos a um povo rebelde. Contudo, ele também tem palavras de salvação para os seus filhos. Ou seja, Deus diz que depois de castigar a sua igreja, haverá um tempo de renovação e de bênçãos eternas para ela.

Podemos ver um exemplo disso no capítulo anterior ao texto que lemos. Em Isaías 59, nós temos uma sentença condenatória da parte de Deus (v. 1-8). Em seguida, temos uma oração de confissão que se espera ouvir dos lábios de Israel (v. 9-15a). E, finalmente, temos palavras de salvação pronunciadas a um povo arrependido (v. 15b-
21). É claro que essa confissão e essa salvação ainda são coisas futuras, pois o Israel do tempo de Isaías ainda era uma nação rebelde.

Mas, quando houver esse tempo de salvação vinda da parte de Deus, quando o SENHOR enviar o Redentor para salvar o seu povo, então todas as bênçãos da salvação se concretizarão de modo definitivo para o Israel de Deus. E é ai que encontramos o texto de Isaías 60. Esse texto fala claramente de coisas futuras. Ele fala da realidade da nova Jerusalém. E quando falamos da nova Jerusalém, estamos falando do futuro do povo de Deus, estamos falando de vida eterna.

Observem o que está escrito no capítulo 60 de Isaías:

1. Os versículos 1 e 2 falam que a luz da glória de Deus virá sobre o povo de Deus que habita em Jerusalém. Essa glória celestial irá afastar definitivamente as trevas do pecado, a escuridão da maldade e da rebeldia humana que há na terra.

2. Os versículos 3 a 17 mostram a vinda das nações para a nova Jerusalém. O texto traz uma pequena lista de nações pagãs que viajarão até a cidade santa, trazendo os filhos de Deus que estavam espalhados entre os povos. Essas nações também trarão suas riquezas para edificar e embelezar a cidade santa. Isaías usa várias descrições simbólicas para anunciar a vinda das nações.


3. Os versículos 18 a 22 descrevem mudanças que ocorreram nesse novo mundo: (a) Nunca mais haverá violência, nem desolação e nem ruinas; (b) Nunca mais o sol e a lua servirão para iluminar a cidade santa, pois o próprio SENHOR será a sua luz perpétua; (c) Nunca mais haverá trevas sobre o povo de Deus; (d) Todas as pessoas que estarão nesse novo mundo serão justas, e herdarão definitivamente a terra; (e) Todos naquele tempo serão como plantas que foram semeadas para a glória de Deus.

Então, como podemos ver, esse texto fala de um novo mundo; um mundo restaurado por Deus; um mundo que fará parte das bem-aventuranças que Deus preparou para o destino eterno daqueles que o temem. Isso nos mostra que o SENHOR já tinha anunciado uma mensagem de salvação eterna deste os tempos da antiga aliança. Mas, infelizmente, a maioria das pessoas do tempo do profeta Isaías não se importou com esse anúncio profético. Eles continuaram em sua rebeldia e sofreram os juízos de Deus que vieram pelas mãos dos assírios e dos babilônios.

Todavia, Deus sempre preservou um pequeno remanescente do seu povo; um remanescente eleito para a vida eterna. E quanto, o Messias veio a este mundo para tornar possível todas aquelas promessas, esse remanescente fiel confiou em sua mensagem de salvação. Ele é um remanescente fiel que está sendo formado por pessoas de várias nações. Portanto, já nesta vida, podemos ver as nações caminhando em direção à nova Jerusalém. E, no futuro, essas pessoas verão com seus próprios olhos tudo aquilo que foi profetizado por Isaías, quando este falou da nova Jerusalém.

A segunda leitura bíblica dessa manhã foi feita em 1Coríntios 15.35-49. Nesse texto, nós encontramos um extrato do ensinamento do apóstolo Paulo a respeito da ressurreição do povo de Deus. Digo que é um apenas um extrato porque praticamente todo o capítulo 15 fala desse assunto.

Observem que, nesse texto, Paulo descreve a natureza dos corpos que serão ressuscitados pelo Senhor. Ele disse que haverá certa continuidade entre o velho corpo e novo corpo. Ou seja, o corpo que será ressuscitado será o mesmo corpo que temos agora. Porém, ele adquirirá novas características físicas. Esse corpo ressurreto será incorruptível; ele não será fraco; não será um corpo afetado pelo pecado; ele será um corpo espiritual preparado para viver no novo mundo descrito pelo profeta Isaías.

Isto é, somente um corpo ressurreto poderá desfrutar a vida eterna descrita no capítulo 60 de Isaías. Esse corpo celestial será adquirido por nós quando Cristo vier pela segunda vez. Nesse dia, os mortos levantarão dos seus túmulos e os vivos serão transformados num piscar de olhos. Esse será um dia maravilhoso para todo o povo de Deus. Cada servo do Senhor verá que todo o sofrimento que ele passou aqui na terra não pode se comparar em nada com a glória que estar por vir.

É por tudo isso, é por causa dessa esperança, que desde agora a igreja pode ser alegrar com a certeza da vida eterna. Quando o servo de Deus olha para o texto de Isaías 60 e
1Coríntios 15, ele se regozija profundamente, pois ele sabe que essas verdades se aplicam a ele. Ele será um daqueles que farão parte do novo mundo.



Agora, consideremos o que nos ensina a terceira leitura bíblica desta manhã. A terceira leitura foi feita em Lucas 23.39-43. Esse texto também é bastante conhecido de todos nós. Eu escolhi esse texto porque ele fala de algo que tem a ver com todos nós. Ou seja, ele mostra que, enquanto não chega a ressurreição e o mundo vindouro, nós temos o consolo que vem diretamente da boca de Jesus Cristo, mostrando qual é o destino da nossa alma quando chegar o dia da nossa morte.

Que o nosso corpo vai retornar ao pó, isso nós já sabemos. E que o nosso espírito vai a Deus, nós também já sabemos pelas palavras que encontramos no livro de Eclesiastes. Porém, aqui nesse texto, nós temos mais uma informação dessa realidade de que iremos a Deus. Jesus diz uma coisa que não se aplica somente àquele ladrão moribundo na cruz do calvário. O que Jesus disse pra ele se aplica a todos nós. Isto é, quando morrermos, nós iremos imediatamente para o paraíso, e lá estaremos na presença do nosso Senhor Jesus Cristo.

É por isso que o nosso catecismo diz que, depois desta vida, a nossa alma será levada imediatamente para Cristo, o nosso cabeça. Ou seja, como eu disse antes, nossa alma não ficará dormindo, ela não será destruída com a nossa morte, ela não irá passar um tempo de sofrimento no purgatório. Não, de modo algum. Jesus disse àquele homem, que estava sendo crucificado com ele, que ele iria para o paraíso.

Mas essa não era uma promessa especial dita à apenas aquele homem. Não. As palavras de Jesus são palavras que se aplicam a todos os seus filhos. O apóstolo Paulo sabia disso. Ele disse em sua carta aos filipenses que morrer para ele era lucro, pois com a sua morte, ele iria diretamente para a presença de Jesus Cristo (Fp 1.21-23).

É por causa dessa verdade, que nós encontramos as seguintes palavras em Apocalipse
14.13: “Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham”. Sim, a morte para os filhos de Deus é um verdadeiro descanso. Ela também é um momento de grande regozijo, pois é o momento de encontro da nossa alma com o nosso Senhor.

A nossa esperança em Cristo

Portanto, como vocês puderam perceber, as três leituras enfocaram os três grandes assuntos do Domingo 22 do catecismo. Isso nos levar a pensar mais detidamente na obra realizada pelo nosso Senhor Jesus Cristo. Ele, de fato, é a nossa única esperança. Sem Cristo, continuaríamos como gentios distantes das promessas, alheios às realidades que pertenciam ao antigo povo de Israel.

Sem Cristo, continuaríamos em nossos pecados, e teríamos que ressuscitar para enfrentarmos o tribunal de Deus, onde ouviríamos somente palavras de condenação. Sem Cristo, a nossa vida aqui na terra também não teria nenhum propósito; viveríamos, comeríamos, dormiríamos e, depois da morte, seriamos condenados ao inferno.



Mas, graças a Deus, que Cristo é real para nós. Ele é o nosso Salvador. Ele conquistou para nós a vida eterna. E, por isso, nós podemos continuar afirmando com todo o nosso coração que a nossa única esperança é Cristo.

Alguns usos práticos da doutrina

Para concluir, eu vos trago alguns usos práticos do ensinamento bíblico que foi anunciado pelo Domingo 22 do nosso catecismo:

1. Irmãos, essas doutrinas refutam inequivocamente os seguintes erros: A ideia de que a morte implica no fim da existência humana em todos os sentidos; a heresia do sono da alma; a heresia do purgatório e a heresia da reencarnação. As Sagradas Escrituras não dão nenhuma base para esses falsos ensinos.

2. Essas doutrinas nos trazem esperança diante da morte dos justos. Ou seja, nós devemos descansar diante da morte de um cristão, pois ele está bem, ele está com o Senhor Jesus Cristo. Se há tristeza dentro do nosso coração por causa da morte de um irmão na fé, então certamente essa tristeza será motivada apenas pela saudade que sentimos dele. Porém, jamais deve haver tristeza proveniente de um falso conceito de que tudo se acabou com a morte. Isso seria incredulidade. Longe de nós tal pensamento!

3. Essas doutrinas nos trazem esperança de reencontrarmos aqueles que partiram antes de nós. É verdade que não temos muitas informações de como será aquele período de espera que teremos com Cristo, após a nossa morte. Mas, uma coisa é certa: Nós estaremos juntos dos nossos irmãos que já morreram por ocasião da ressurreição dos mortos e do juízo final. Além disso, estaremos todos juntos morando no novo mundo que Deus preparou para nós.

4. Essas doutrinas revelam claramente a natureza da fé que Deus implantou em nosso coração. Irmãos, todos sabemos que a vida cristã exige de nós uma verdadeira confiança em Deus. É por meio do dom da fé que nós cremos no Deus invisível, na Sua Palavra, e na salvação por meio do Seu Filho.

Isso é uma realidade vivenciada em cada aspecto da nossa religião cristã. Assim sendo, é bastante imprescindível que existe uma fé verdadeira em nossos corações que nos faça confiar na veracidade dos três assuntos que abordamos neste sermão: O destino da nossa alma no momento da nossa morte, a ressurreição do nosso corpo e a nossa vida eterna. Essas três realidades são invisíveis para nós neste momento, mas, mesmo assim, nós cremos!

Crer nessas três realidades é uma verdadeira demonstração de fé; é uma verdadeira comprovação de que nós realmente confiamos em Deus. Para os incrédulos, tudo isso não passa de uma loucura. Pois, elas são coisas que não podem ser provadas por meio de simples observação, ou por intermédio de experimentos científicos. Nós simplesmente cremos neste livro (a Bíblia). E isso é suficiente para nós!



É confiando neste livro, crendo que ele é a Palavra do Deus, que nós abraçamos a realidade de uma esperança futura que não podemos ver, nem ouvir, e nem pegar. É por essa razão, meus irmãos, que vocês são verdadeiramente homens e mulheres de fé. Vocês foram conquistados por Deus, e por isso vocês continuam firmes no caminho apertado que conduz à vida eterna (Mt 7.14).

Irmãos, vocês não olham mais para este mundo como antes. Vocês não esperam mais nada dele. Este é um mundo velho; um mundo destinado ao fogo. Portanto, quando vier aquele pensamento de que queremos ver dias melhores em nossa nação, que queremos passar por uma verdadeira mudança de vida, então lembrem-se daquilo que está preparado no futuro para vocês. Fazendo isso, vocês se desapegarão cada vez mais das coisas desta vida.

O importante para vocês (e para mim) é o que vem pela frente. A palavra de Deus ensina que, depois desta vida, nós obteremos “a perfeita bem- aventurança que nenhum olho jamais viu, nem ouvido ouviu, nem o coração humano pode conceber. Uma bem-aventurança para se louvar a Deus eternamente”.

Amém.

Pr. Laylton Coelho
Igreja Reformada em Imbiribeira - Recife - PE (http://igrejasreformadasdobrasil.org/igrejas/pernambuco/imbiribeira)
*Catecismo de Heidelberg - Dia do Senhor 22:
http://www.heidelberg-catechism.com/pt/lords-days/22.html