domingo, 25 de agosto de 2013

As Chaves do Reino dos Céus - Pregação Fiel do Evangelho e Disciplina Eclesiástica

[1]Texto: Dia do Senhor 31
[2]Leitura: Hebreus 4.1-13; Apocalipse 3.14-22.

Amada congregação de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo,

No ultimo domingo, quando falamos quem pode vir à santa ceia, nós vimos que deve haver o exercício da disciplina na Igreja de Cristo. O catecismo chamou a esse exercício de “as chaves do reino dos céus” (resposta 82).
É vital, portanto, que o catecismo apresente a questão da disciplina. Neste assunto apresentado pelo catecismo nós descobrimos que a disciplina não é uma invenção humana, mas um mandato divino. Foi Cristo quem deu estas chaves aos apóstolos - e assim a igreja apostólica - e exigiu que estas chaves fossem usadas na igreja. Se a igreja é para ser a verdade, ou seja, uma igreja fiel, então estas chaves devem ser exercidas de acordo com a vontade de Cristo! Disciplina, portanto, é realmente uma das marcas da Igreja.
Em segundo lugar, esta expressão, as chaves do reino dos céus nos mostra que esta disciplina é muito diferente da que é aplicada ao mundo. No mundo, os governos civis podem usar meios físicos para mostrar a lei de um lugar, mas a as chaves que a igreja tem, são do reino dos CÉUS, e são, em conseqüência, de uma natureza espiritual. A igreja de Cristo exercita somente a disciplina do Espírito Santo!
Isto é claro, portanto, que Cristo coloque a igreja debaixo da disciplina do Espírito Santo. Isto fica mais evidente depois do dia de pentecostes quando o Espírito Santo foi completamente derramado sobre a igreja de Cristo. O único que motivará e controlará governará e guiará a igreja de Cristo, é o Espírito Santo, e ninguém mais. Eu proclamo o evangelho de Cristo a vocês sob o seguinte tema:

Tema: Cristo coloca a sua igreja sob a disciplina do Espírito Santo
  • 1. Esta é a disciplina da palavra de Cristo;
  • 2. Esta é uma disciplina do amor de Cristo.

1. Esta é a disciplina da palavra de Cristo
Note no tema e nos pontos da pregação que eu uso a palavra “disciplina” como a palavra chave para todo este Dia do Senhor 31 (Catecismo de Heidelberg), estritamente falando, entretanto, a palavra disciplina é usada no catecismo somente para o uso da segunda chave, a saber, a disciplina da igreja.
Quando pensamos sobre disciplina, pensamos sobre os presbíteros fazendo visitas ou anúncios públicos sendo feitos, e posteriormente a excomunhão. Pensamos estritamente em uma batalha contra o pecado. E sabemos que somente alguns membros são levados a este tipo de disciplina. Mas devemos perceber que disciplina no seu sentido verdadeiro começa muito antes do envolvimento dos presbíteros. A primeira disciplina é da Palavra de Deus, ou seja, da pregação. E esta disciplina não somente afeta alguns membros, mas toca todos os membros, domingo após domingo.
Entendemos isto melhor quando nós estudamos a palavra “disciplina”, e ficamos sabendo que a palavra vem do verbo ensinar ou instruir. Pensemos na palavra discípulos. Discípulos são as pessoas que estão no processo de aprendizado. Antes de ascender aos céus, Cristo deu este mandato aos apóstolos: ide e fazei discípulos em toda a terra através do ensino e da pregação (Mateus 28.19,20).
Em consequência, a primeira chave do reino é realmente a pregação do Evangelho. É por meio da pregação que o Espírito Santo exercita a disciplina da palavra de Cristo na igreja. A congregação inteira é colocada sob a poderosa Palavra de Deus. A igreja toda é formada, trabalhada, guiada, e governada pela Palavra de Deus.
Imaginem, então, a tarefa do pregador. Ele é essencialmente um disciplinador vindo do Espírito Santo (Efésios 4.8-12). Todo domingo, ele deve instruir as pessoas no caminho do Senhor. Ele deve usar a chave da Palavra; e com ela o pregador deve abrir ou fechar o reino dos céus. Todo sermão é sempre um teste. A pregação, que é a chave, foi bem usada? Foram as pessoas disciplinadas, ou seja, foram ensinadas em como andar no caminho do Senhor?

Este entendimento da pregação como a chave do reino dos céus, exige certas condições sobre o pregador. Torna-se claro que o pregador não pode subir no púlpito com suas próprias opiniões, mas somente com a Palavra de Deus. E caso ele venha com sua opinião ele deve deixar bem claro que é somente uma opinião e que somente a palavra de Deus é a regra. 

Isto também deixa evidente que o pregador deve ser claro quando se fala da Palavra de Deus, que também é inerrante e clara. Deve haver um sólido e sincero chamado à fé e um apelo urgente na pregação. O catecismo tipifica a pregação como que proclamando e testemunhando publicamente. Preste atenção nestas palavras: proclamar - significa apresentar com autoridade! Testemunhar publicamente -  abertamente atestar a verdade, e fazê-lo com convicção e autoridade. A pregação deve ser muito clara e reta.
A pregação deve ser feita de uma forma que ninguém saia dizendo não entendi nada do que o pregador disse hoje. Todos devem ouvir clara e de uma forma inerrante. É uma marca notável que no livro dos Atos dos Apóstolos fique registrado que eles pregavam com ousadia. Isto não significa que eles eram arrogantes, mas ao contrário, eles eram francos e destemidos, que eles falavam com convicção.
Esta ousadia é muito importante, pois os pregadores, também, são somente humanos. O Evangelho pregado também é para eles. Os pregadores, também, são algumas vezes, assediados pelos seus pecados, atacados pela dúvida, e podem ficar cheios de medo do que pode acontecer com aqueles que vão ouvir sua mensagem. Faz parte do desejo humano ser respeitado e agradável, e assim os pregadores são algumas vezes tentados a suavizar a mensagem do Evangelho, e assim não mencionar algumas coisas em sua pregação. Não é sempre fácil manter uma balança equilibrada na pregação.
Em consequência disto, quando o catecismo fala da disciplina da Palavra, o catecismo fala que a pregação deve ser balanceada. Isto é: Ela deve abrir ou fechar o reino dos céus. Abrir para os crentes e fechar para os incrédulos. Ambos estes elementos devem estar presentes na pregação. A pregação é, como se fosse, uma moeda com doais lados, ou como a Bíblia fala uma espada de dois gumes. A pregação é ao mesmo tempo um consolo e uma mensagem de advertência.
Devemos dizer, porém, que o elemento do consolo deve vir primeiro. A primeira chave, a pregação, primeiro abre o reino. A primeira mensagem em cada sermão é que somos justificados pela fé, em Cristo. Cristo foi crucificado pelos nossos pecados! Isto é sem duvida a disciplina da Palavra de Deus. Todo domingo somos exortados a crer nisto. O compromisso da fé deve sempre ser renovado. Todo domingo o ministro deve dizer a você: seus pecados realmente foram perdoados, e este beneficio é seu, quando acompanhado com a verdadeira fé.
Aceite e você viverá. Mas rejeite isto e você realmente já está morto. O catecismo acrescenta outro elemento. A ira de Deus e a condenação eterna estão sobre os incrédulos e hipócritas, caso eles não se arrependam. Você percebe como esta sentença é formulada? A ira de Deus não vem sobre os incrédulos e hipócritas. Não, a ira de Deus já está sobre eles, ou seja, ficará sobre eles caso não se arrependam.
Esta é a essência, o coração de toda pregação. Há duas estradas a seguir, a estrada estreita e a larga estrada. Creia em Cristo e seja salvo, rejeite-o e será condenado. Esta simples mensagem é para todos aqui. Ninguém pode fugir disto.
Agora eu sei que há mais pare ser pregado. O Senhor Jesus ele mesmo uma vez disse que os pregadores devem trazer sempre coisas velhas e novas. Qualquer tempo da pregação não é suficiente para perscrutar toda a profundidade da palavra de Deus. E a congregação deve sempre esperar material solido do pregador toda a semana. Mas o coração da questão é sempre a mesma toda semana: Cristo crucificado pelos pecadores. Creia nele e você está salvo - o reino é aberto. Rejeite-o e  você permanecerá condenado - o reino é fechado. E por que somo fracos em nós mesmos, enquanto satanás é poderoso, nós temos de ouvir esta mensagem toda semana. Diariamente nós precisamos do consolo e da admoestação do Evangelho.

Esta chave é uma ferramenta poderosa. Nós lemos em Hebreus 4 que o Evangelho, as Boas Novas, a mensagem de salvação, deve ser realmente aceita, pois de outro modo seremos deixados em uma grande condenação. A palavra sempre diz: HOJE, quando você ouve a palavra não endureça seu coração! A palavra ou vai liberar você ou vai convencer você. Pois a Palavra de Deus, que nós lemos, é... HEBREUS 4.12: “
Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.”.
Sim, a palavra de Deus atinge a profundidade do ser. Ela tanto nos dá descanso e paz com o Senhor, ou nos faz endurecer o coração. A disciplina da Palavra é poderosa e eficiente, mais que os pregadores possam imaginar e apreciar. Os ministros podem às vezes se tornar um pouco cínicos e perguntar, será que a palavra de Deus, a sua pregação tem realmente algum efeito? Mas o catecismo, ecoando a Palavra de Deus, diz: segundo este testemunho Deus julgará todos nesta vida e na futura.
Os céus estão de acordo com este testemunho publico da pregação. Muitos podem realmente ser salvos pela pregação do Evangelho. Mas muitos podem realmente ser condenados por ela. Esta chave da Palavra, esta disciplina do Espírito, pode abrir e fechar, e em todo o tempo ela deve ser usada! Ela penetra os corações e as mentes dos homens diante de Deus.
E quando há aqueles na igreja que não se deixarão serem disciplinados pela pregação da Palavra de Cristo, publicamente pregada, a elas então é apresentada a outra chave, a segunda chave, a disciplina do amor. Então passaremos para o próximo ponto.

2. A disciplina do amor de Cristo

A segunda chave, embora diferente da primeira, é muito próxima da primeira. A primeira pode ser chamada de disciplina geral, visto que todos participam dela. Já a disciplina eclesiástica é de caráter particular, é para aqueles que visivelmente endureceram seu coração contra a palavra de Cristo! Como diz o catecismo: é para todos os que com o nome de cristãos se comportam na vida e na doutrina como não cristãos.
Aqueles que não querem se submeter à Palavra de Cristo irão  encontrar a disciplina da igreja. Pois o Senhor não deixará que nenhum outro meio seja usado para ensinar os seus filhos! A disciplina cristã é uma questão do amor de Cristo.
Eu creio que devemos pensar um pouco sobre este aspecto por um momento. Freqüentemente, especialmente em nossa sociedade liberal, a qual é contra a disciplina de uma maneira geral, se vê a disciplina como uma questão de força injustificável ou pressão. A regra em nossa sociedade atual é: deixe as pessoas fazerem o que elas querem, e deixem-nas em liberdade para que não causem danos a outros.
Mas seria isto uma demonstração de amor? Se o Senhor nos permitisse ir para onde nossa vontade nos dirigisse iríamos para a destruição e perdição. Em conseqüência Cristo tem exigido de sua igreja que exercite a disciplina para demonstrar Seu amor pelo Seu povo.

Todo o ensino da Bíblia sobre disciplina é que ela é uma questão de amor. Isto deve ser verdade também em nossas relações interpessoais. O livro de Provérbios, por exemplo, diz que um pai que realmente ama seu filho, disciplina ele. A Bíblia também diz que aqueles que não disciplinam seus filhos, na verdade os odeia, e os deixa ir para a ruína. E podemos entender isto não é verdade? Crianças precisam de disciplina para andar no caminho certo. Disciplinar é lutar, não contra nossos filhos, mas pelos nossos filhos.
Eu sei que há muitos que promovem a disciplina, mas que se esquecem do amor. Eles usam um duro julgamento contra aqueles que eles consideram pecadores. Eles sempre usam medidas rígidas, mas quase nunca conseguem trazer consolo para aquele irmão ou irmã que cai em pecado. Este não é o tipo de disciplina que a Bíblia fala.
A disciplina cristã é uma questão do amor de Cristo. Ninguém que está sempre envolvido nela pode se esquecer disso. Ele deve sempre lembrar e mostrar o amor de Cristo. Mesmo quando palavras duras devam ser faladas, o amor de Cristo deve brilhar. E lembro a vocês o capitulo 3 de Apocalipse, a carta que é dirigida a igreja de Laodicéia. Podemos dizer que é uma carta muito dura onde o Senhor não poupa o seu povo. O Senhor diz: eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.
Estas são palavras muito duras. Mas ninguém em Laodicéia pode dizer que esta disciplina é injustificável, pois Cristo adiciona: aqueles que eu amo, eu reprovo e castigo. Podemos resumir: aqueles que eu amo, eu disciplino. Se Deus não tivesse tomado conta daquela igreja em Laodicéia, ele a teria deixado andar em seu caminho pecaminoso. Mas Cristo diz: eu Sou honesto, e Sou tão penetrante com esta igreja, porque eu cuido dela, eu a amo. E aqueles que eu amo eu disciplino. Disciplina é o amor de Cristo pelo pecador. Ele não procura a morte do pecador, mas quer que ele se arrependa e viva. A disciplina também é o amor de Cristo pela igreja inteira. Se o pecado é permitido, se ele não é desafiado, nem é confrontado na congregação, ele afetará todo mundo, toda a congregação. O pecado é como fermento. Um pouco deste fermento e ele afetará toda a igreja. Por causa disto a disciplina não é justa só para uma pessoa, mas para o povo inteiro.
Temos que lutar por cada um. Temos que lutar para preservar cada um nos cominhos do Senhor. Devemos mostrar o amor de Cristo. Esta necessidade é aparente também no procedimento no caminho para a disciplina. Note que o catecismo não liga a disciplina logo com os presbíteros. Ao contrário, ele fala de admoestações fraternais.
Há primeiro as admoestações mutuas entre os irmãos na igreja. Nós lutamos não um contra o outro, mas pela salvação um do outro. Se nós vemos o nosso irmão ou irmã pecando, nós não devemos fechar nossos olhos, fingindo que não vimos, nem devemos criar um espetáculo publico, com a finalidade de que todos vejam, mas devemos vir com admoestações fraternais. Vejam o que diz o catecismo: “fraternalmente advertidos”, isto significa que devemos vir com uma grande humilhação, profundo amor, e longanimidade, sabendo que você mesmo é também salvo pela graça somente.
E somente quando alguém endurece a si mesmo no pecado, fazendo com que outras pessoas fiquem envolvidas, e até a igreja fique envolvida. Então a igreja começa a lutar, não contra esta pessoa, mas por esta pessoa. Note que alguém que peca não é imediatamente jogado fora, mas o processo tem como objetivo primário salvar o pecador do caminho da morte e da ruína. A disciplina é uma questão de repetidas admoestações, de constantes ensinos, e de fortes advertências.
O processo de disciplina como está registrado neste Dia do Senhor e também no regimento da igreja, é cheio de amor e compaixão. Ele, o processo de disciplina, não fica completo em uma semana, mas pode envolver anos de exortação. Quão pacientes devemos ser com nossos filhos. Quão pacientes devemos ser realmente com nossos irmãos, então.  Você vê que o elemento da paciência está envolvido também nos três passos da disciplina. Há três passos nos quais a congregação é mobilizada, orar pelo pecador, visitar o pecador e buscar sua salvação.
E somente quando estas coisas falham em trazer arrependimento, a excomunhão é então seguida. Pois também isto é o mandamento de Cristo. Deve haver paciência e compaixão, mas a igreja deve ser resoluta e firme. Aqueles que persistem em seus pecados serão colocados para fora da comunhão da igreja e do reino dos céus. Esta excomunhão não pretende resolver o problema, pois o catecismo também fala de novamente receber tais pessoas quando elas prometem e mostram real arrependimento e amadurecimento.  Mesmo o final do processo da excomunhão visa à salvação do pecador, e a igreja continua esperando e orando pelo arrependimento dele.
Disciplina cristã é uma expressão do amor de Cristo. Por causa disto existe esta longa paciência e compaixão. Mas não deixe ninguém pensar, quando estiver sob disciplina, que: “bem, eu tenho todo o tempo do mundo”. Pois o mandamento é: hoje, se ouvirdes a Palavra, não endureçais vosso coração. Aqueles que abandonam o caminho do arrependimento, não encontram o caminho de volta. A proibição dos sacramentos, a exclusão da santa ceia, já é um sinal, pois como participarei das bodas do cordeiro, se na terra não participo da ceia do Senhor?
Somente os tolos trocam o amor pelo pecado. Mas os filhos de Deus entendem o poder do amor de Deus o qual é evidente na disciplina particular. O Espírito Santo demonstra este amor de Cristo no exercício da disciplina cristã.
E então ninguém pode depois dizer e especialmente no dia do julgamento: mas, eu nunca fui advertido. Ninguém pode exigir: eles me deixaram sem aviso de que eu estava indo para o inferno! Para aqueles membros da igreja que têm sido tratados com disciplina do Espírito Santo irão admitir: eu rejeitei o claro amor de Cristo.
Sejamos gratos irmãos que o senhor Jesus tem dado estas chaves para sua Igreja. E sejamos gratos quando elas forem devidamente usadas, e por elas terem sido devidamente usadas. Vamos responder em fé, a pregação do Evangelho, e, vamos nos admoestar particularmente na fé e na obediência exigida de nós.
AMÉM.
Pr. Clarence Stam.




[1] Dia do Senhor 31

 

P.83. O que são as chaves do reino do céu?
R. A pregação do santo evangelho e a disciplina eclesiástica. É por esses dois meios que o reino do céu se abre para os que crêem, e se fecha para os incrédulos.1 
1. Mateus 16.19; João 20. 21-23.
P.84. Como se abre e se fecha o reino do céu pela pregação do evangelho? 
R. De acordo com o mandamento de Cristo, o reino do céu se abre quando se proclama e se testifica de público a todo o crente — individual ou coletivamente — que Deus perdoou de fato a todos os seus pecados por causa dos méritos de Cristo, sempre que aceitam a promessa do evangelho com fé verdadeira. O reino do céu se fecha quando se proclama e se testifica a todo os incrédulos e hipócritas que, enquanto não se arrependerem, a ira de Deus e a condenação eterna repousam sobre eles. Segundo esse testemunho do evangelho, Deus os julgará tanto nessa quanto na vida porvir.1
1. Mateus 16.19; João 3.31-36; 20.21-23.
P.85. Como se fecha e se abre o reino do céu pela disciplina eclesiástica? 
R. De acordo com o mandamento de Cristo, aqueles que se chamam de cristãos mas que se mostram não-cristãos na doutrina ou na vida devem ser, em primeiro lugar e de modo fraternal, admoestado mais de uma vez. Se não abandonarem a seus erros nem à sua impiedade, de- vem ser denunciados à igreja, isto é aos presbíteros. Se também não derem ouvidos às admoestações deles, serão proibidos de participar dos sacramentos e excluídos da congregação cristã pelos presbíteros e do reino de Cristo pelo próprio Deus.1 Serão novamente recebidos como membros de Cristo e da igreja quando prometerem e demonstrarem arrependimento real.2 
1. Mateus 18.15-20; 1 Coríntios 5.3-5; 11-13; 2 Tessalonicenses 3.14, 15. 2. Lucas 15.20-24; 2 Coríntios 2.6-11.

[2] Hebreus

4.1   Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós tenha falhado.
4.2   Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram.

4.3   Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus tem dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso. Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a fundação do mundo.

4.4   Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera.

4.5   E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso.

4.6   Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram anunciadas as boas-novas,

4.7   de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.

4.8   Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria, posteriormente, a respeito de outro dia.

4.9   Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.

4.10   Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.

4.11   Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.

4.12   Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.

4.13   E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.

Apocalipse
3.14   Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:

3.15   Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!

3.16   Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca;

3.17   pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.

3.18   Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.

3.19   Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.

3.20   Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.

3.21   Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.

3.22   Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Está Consumado!

τετελεσται - "Está consumado!" João 19:30

Conforme o "Vocabulário do Testamento Grego", de Moulton e Milligan (The Vocabulary if the Greek Testament), obra citada no livro Exegese do Novo Testamento, do Texto ao Púlpito, de John D. Gassmick, página 51, Shedd Publicações, 2009, a palavra usada pelo Senhor Jesus ao morrer na cruz τετελεσται - "está consumado" (João 19.30), tinha na época em que o Evangelho foi escrito, dois usos básicos. "Primeiro, era usada para indicar que alguma coisa estava terminada ou realizada. Mas também era usada como termo comercial para designar o pagamento de uma conta.  τετελεσται seria escrita sobre uma conta paga para designar o término da transação. Jesus realizou ou consumou sua obra por nós na cruz, e ao mesmo tempo 'cancelou' ou 'pagou por completo' o débito contra nós."    

sábado, 27 de julho de 2013

No sacramento do batismo, Deus nos garante as promessas da Aliança

[1]Texto: Dia do Senhor 27

Leitura: Artigo 34 Confissão Belga


Amados em nosso Senhor Jesus Cristo,

Na época da Grande Reforma Protestante, há quase 500 anos, houve muita confusão acerca dos sacramentos.  Ao decorrer dos séculos, a Igreja tinha progressivamente esquecido do ensino Bíblico quanto aos sacramentos.  Jesus Cristo instituiu dois sacramentos:  o batismo, e a Santa Ceia.  Mas, a Igreja tinha acrescentado mais 5 "sacramentos", incluindo, por exemplo, a confissão, o casamento, e a extrema-unção.
Na Reforma, a verdadeira Igreja se reformou.  Ou seja, ela voltou para a Palavra de Deus como única regra de fé e prática.  Portanto, ela só reconheceu dois sacramentos — os dois que Jesus mandou a Igreja observar.  Mas a Igreja não somente voltou ao padrão Bíblico quanto ao número de sacramentos.  Ela também voltou ao padrão Bíblico quanto ao significado dos sacramentos.
Se examinamos bem o nosso catecismo, vemos logo que há muitos domingos (Dia do Senhor) que tratam os sacramentos.  Os domingos 25, 26, 27, 28, 29 e 30 falam sobre os sacramentos.  Por que tanta ênfase sobre os sacramentos?  A razão é que na época da Reforma, havia muita confusão quanto ao significado dos sacramentos.  Os romanistas acharam que o batismo tinha um poder quase mágico — que o mero ato do batismo tinha o poder de tirar pecados.  Os anabatistas, ao contrário, pensavam que o batismo realmente não tinha muito significado.  Para os anabatistas, o batismo era uma declaração da parte do homem — era uma declaração dele que tinha tomado uma decisão de crer, de aceitar Jesus.
Contra estas duas posições baseadas na imaginação do homem, as Igrejas Reformadas voltaram para o ensino da Palavra de Deus.  Elas confessaram que o batismo é uma declaração de Deus, não do homem.  Também confessaram que o batismo é um sinal e selo da promessa de Deus; não é um ato mágico. Hoje vamos ouvir as boas novas de Jesus Cristo:


Tema: No sacramento do batismo, Deus nos garante as promessas da Aliança

Nós vamos ver dois aspectos:
  • 1.  As promessas da Aliança são reais e seguras
  • 2.  As promessas da Aliança são para nós e os nossos filhos


1. Em primeiro lugar, veremos que as promessas da Aliança são reais e seguras

Os Católicos Romanos (e de certa forma os Luteranos) ensinam que o mero ato de batismo tem um poder especial.  O ato de batismo pode tirar o pecado.  Por causa deste entendimento errado, antigamente muitos cristãos esperavam até o momento da morte para serem batizados.  Eles pensaram que assim o batismo iria apagar os pecados da sua vida inteira. 
Mas a Bíblia ensina outra coisa.  A Bíblia ensina claramente que somente o Espírito Santo e o sangue de Jesus Cristo, podem nos purificar dos nossos pecados.  A Bíblia diz (1 Coríntios 6:11), "…mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus." A Bíblia diz em Apocalipse 1:5, que "aquele que nos ama, … pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados."  E, a Bíblia diz em 1 João 1:7 que "…o sangue de Jesus … nos purifica de todo pecado."
O sangue de Jesus, e o Espírito de Jesus nos lavam de toda impureza e de todo pecado. Portanto, o mero ato de um padre ou um pastor colocar água sobre a cabeça de alguém não tem poder nenhum para tirar pecado.  Isto é claro à luz da Palavra de Deus.
Então, qual é o valor do batismo? Se o batismo não pode salvar ninguém, se o batismo não pode tirar o nosso pecado, se o batismo não pode nos lavar e purificar… o que adianta administrar o batismo?
Para entendermos isto, devemos usar uma ilustração.  Um homem vai entrar no exercito.  Ele vai passar um ano muito longe da casa, fazendo treinamento intensivo.  Mas ele tem uma noiva.  Eles pretendem se casar quando ele voltar.  Durante este ano, ele fala todas as semanas no telefone com a sua noiva.  Ele pensa muito nela.  E, ele sempre guarda com ele uma foto dela.  Quando os seus colegas percebem que ele está olhando uma foto, eles perguntam:  "Quem é essa moça?"  E ele responde, "É a minha noiva!  Eu vou me casar com ela no ano que vem."
Vamos parar e pensar. O soldado tem um pedaço de papel, com tinta colorida, que é uma representação fotográfica de uma mulher.  Ele aponta esse pedaço de papel, e diz, "É a minha noiva!"  Agora, será que qualquer um daqueles amigos vai pensar que ele quer dizer que vai se casar com um pedaço de papel? De forma alguma! Todo mundo entende perfeitamente que a foto representa a noiva. Mas é uma representação tão viva, que o soldado pode até falar sobre a foto como se fosse a noiva mesmo. 
Da mesma forma, o sacramento é uma representação de uma realidade.  Em si, não tem nenhum valor.  É como um pedaço de papel.  Mas, o sacramento representa a realidade maior de uma forma tão viva e tão real, que podemos fazer a mesma coisa do que o soldado fez com sua foto.  Podemos apontar o nosso batismo, e dizer: "Deus me lava dos meus pecados."  Por isto, Ananias em Atos 22:16 diz ao apóstolo Paulo, "Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele." 
Ananias pode falar assim, pois o batismo é uma declaração de Deus! No batismo, Deus declara publicamente:  Este é o meu filho! Ele invocou o meu nome — e todo aquele que invoca o nome do Senhor será salvo!  Ele crê em mim — e todo aquele que crê faz parte do meu povo. Ele não mais faz parte das trevas — ele faz parte da nova raça humana. Ele é separado do mundo — ele faz parte da Igreja.  Faz parte do corpo de Cristo. 
Seu batismo é uma declaração de Deus!  Seu batismo é uma afirmação, uma promessa da parte de Deus, que você compartilha plenamente na salvação que Jesus conseguiu para a Sua igreja.  Efésios 5:26-27 diz que Ele se entregou pela igreja, "…para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito."
O batismo é uma declaração solene de Deus, que Ele promete a você esta santificação, esta lavagem, esta purificação.  Portanto, o batismo é um consolo profundo para nós, pecadores fracos que somos!  Quando você sente o peso da sua fraqueza e dos seus pecados, quando você fica desanimado porque você está vendo tão pouco progresso na luta contra o pecado; quando você está abalado por causa de ver tão pouco crescimento em santificação e novidade de vida… lembre-se do seu batismo. O batismo é uma declaração de Deus!  Ele diz, "Veja como a água tira sujeira!  É tão certo e seguro que EU te lavo de todos os seus pecados.  Olhe para Jesus! Olhe para a cruz! Tenha certeza que o batismo é um sinal e selo que você é membro de Cristo, e, portanto você esta purificado no Seu sangue."
Para todos que invocam o nome do Senhor, ou seja, para todos aqueles que têm verdadeira fé no Senhor Jesus Cristo, Deus proclama as promessas da aliança.  No batismo, Ele declara que estas promessas da Aliança são reais e seguras.


2. Mas também, estas promessas da Aliança são para nós e os nossos filhos

No Antigo Testamento, a circuncisão era o sinal que alguém fazia parte do povo de Deus.  Aqueles que foram circuncidados, por serem membros do povo de Deus, compartilharam as promessas da Aliança.  Deus prometeu ao seu povo: Eu sou vosso Deus; vós sois o Meu povo. A circuncisão era um sinal que aquela criança era santa — ou seja, que aquela criança tinha sido separada por Deus para fazer parte do Seu povo.  Para compartilhar nas bênçãos e promessas da Sua aliança. 
Quando chegamos à época Novo Testamento, não há mais lugar para o sinal de circuncisão.  Por que não?  Porque o sinal de circuncisão é um sinal sangrento.  No Antigo Testamento, havia muito derramamento de sangue.  A cada vez que sangue era derramado, no ato de circuncisão, ou no ato de sacrificar um animal, Deus estava ensinando ao Seu povo:  para apagar seus pecados, é preciso derramar sangue. A cada derramamento de sangue apontava a necessidade da morte de Jesus na cruz para salvar pecadores. 
Mas, hoje vivemos depois da morte de Jesus. Ele trouxe um sacrifício perfeito — uma vez por todas.  Ele derramou sangue eficaz.  Portanto, não é mais necessário para o povo de Deus ter sinais sangrentos. Se tivéssemos sinais sangrentos hoje, seria uma negação da obra de Cristo. 
Então, qual é o sinal que alguém faz parte do povo de Deus?  Não é mais a circuncisão.  É agora o batismo.  A Bíblia diz em Colossenses 2.11,12: “Nele também fostes circuncidados com a circuncisão que não é feita por mãos humanas, o despojar da carne pecaminosa, isto é, a circuncisão de Cristo, sepultados com ele no batismo, com quem também fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos”. Vocês prestaram a atenção irmãos, A Bíblia nos ensina que o batismo é a circuncisão de Cristo! "Nele, também fostes circuncidados", diz o apóstolo.  Em outras palavras, Paulo está dizendo, "Vocês receberam o sinal que vocês fazem parte do povo da aliança! Pela circuncisão, vocês se tornaram participantes da aliança, do povo de Deus.  Mas, não é uma circuncisão física! "Não por intermédio de mãos".  É uma circuncisão espiritual — "no despojamento do corpo da carne".  
Paulo está dizendo que o sinal de alguém se tornar membro da Igreja, do povo de Deus, é que a velha natureza dele morre!  A morte da velha natureza é "a circuncisão de Cristo".  A morte da velha natureza é o sinal que alguém saiu das trevas e se tornou um membro de Cristo, um membro do povo da aliança.  Mas como Deus declara e proclama esta verdade?  Se não há mais um  sinal físico de circuncisão, qual é o sinal que Deus usa para nos assegurar que fazemos parte do Seu povo?
Paulo explica no versículo 12. "Tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos."  Em outras palavras, o apóstolo diz:  "O batismo é um sinal que você participa no Senhor Jesus Cristo.  O batismo é uma declaração de Deus, que você compartilha completamente no Seu filho.  O batismo é uma proclamação que quando Jesus morreu, sua velha natureza morreu com Ele.  Quando Jesus se ressuscitou, você recebeu nova vida n’Ele."  O batismo é a circuncisão de Cristo.  O batismo é agora o sinal pelo qual Deus declara que fazemos parte do Seu povo, e que assim temos todas as promessas da aliança.  E os nossos filhos?  No Antigo Testamento, eles faziam parte do povo da aliança.  Eles receberam o sinal que eles faziam parte do povo.  Eles receberam o sinal que também para eles, Deus deu as promessas de salvação e amor. 
Será que no Novo Testamento, Deus joga as crianças fora da Aliança?  De forma alguma!  Deus fez uma aliança perpétua com Abraão e os seus filhos.  Em Gênesis 17:7, Ele prometeu:  "Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência."
Todo domingo, no culto matinal, ouvimos os dez mandamentos.  Sempre ouvimos de novo aquelas palavras do nosso Deus:  "Sou o SENHOR, teu Deus, que faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos."  Deus é um Deus que age através das gerações.  Deus é imutável.  Ele não deixou de ser um Deus que atua através das gerações.  Hoje também, Ele é o mesmo Deus, que declara seu amor às gerações daqueles que guardam a Sua aliança.
Por isto, Jesus chamou as crianças em Mateus 19:14.  "Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus."  Estas crianças não eram crianças qualquer.  Eram filhos do pacto!  Faziam parte do povo de Deus.  Compartilharam as promessas da aliança!  Jesus não diz, "Agora que eu vim crianças não fazem mais parte!"  Ao contrário, Ele confirma que dos tais é o reino dos céus.
Portanto, Paulo pode dizer (1 Coríntios 7:14), que os filhos dos crentes são santos.  Neste versículo, Paulo afirma que o fato de um dos país ser crente, significa que Deus tem este lar como um lar cristão!  Portanto, os filhos são santos — separados por Deus para fazerem parte do Seu povo!
Portanto, quando Paulo escreve às Igrejas, ele se dirige, por exemplo, em Efésios 1:1, "aos santos que vivem em Éfeso."  Mas, para ele, os filhos fazem parte "dos santos"; fazem parte da Igreja.  Então, no capítulo 6:1, ele fala aos filhos, para obedeceram aos seus pais no Senhor.  Paulo entende que os filhos fazem parte da Igreja, fazem parte do povo da aliança.
Em Ezequiel 36:25-27, Deus fez promessas para o povo da aliança.  Prometeu purificação dos seus pecados, e prometeu o Seu Espírito para eles. "(25) Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei.  (26) Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. (27) Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis."
Pedro, no dia de Pentecostes, faz referência a esta promessa.  Ele fala (Atos 2:33) que Jesus recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo.  Jesus está derramando sobre a Sua Igreja o Espírito Santo prometido.  Mas, esta promessa é para quem?
Pedro explica no versículo 39:  "Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar."  Pedro deixa bem claro que as promessas da aliança, incluindo a promessa do Espírito Santo, são para os crentes, para os seus filhos, e para todos aqueles que Deus vai chamar para fazerem parte do Seu povo. Quando entendemos isto, entendemos como Deus é grandioso e misericordioso.  Ele derrama o Seu amor sobre nós e os nossos filhos.  Pelo batismo, Ele proclama as promessas da aliança para nós e os nossos filhos. 
Quando um crente traz seu filho para batismo, Deus declara:  esta criança é minha!  Esta criança é santa:  separada do mundo, ela faz parte do povo da aliança.  Ela tem todas as promessas da aliança:  perdão dos pecados, e vivificação pelo Espírito Santo.
Isto coloca uma responsabilidade enorme sobre nós que somos pais.  Em primeiro lugar, a responsabilidade de apresentar os nossos filhos para serem batizados.  Não devemos desprezar a graça e a aliança de Deus, que Ele quer também conceder aos nossos filhos.  Em segundo lugar, temos uma responsabilidade profunda para ensinar aos nossos filhos que fazem parte do povo da aliança.  Devemos explicar que Deus promete a eles perdão dos pecados; que Ele promete a eles o Seu Espírito!  Devemos chamar os nossos filhos à  crer nas promessas de Deus, e a responder à graça de Deus com uma vida de gratidão. 
O batismo é uma declaração de Deus.  É uma declaração que as promessas da aliança são reais e seguras.  Não duvidemos que água tire sujeira.  Da mesma forma, não devemos duvidar que o Espírito de Jesus, e o sangue de Jesus, lavam todo pecador que crê no nome do Senhor. O batismo é uma declaração de Deus.  É uma declaração que aquelas promessas da aliança são reais e seguras para nós e os nossos filhos — através das gerações.  Irmãos, o que podemos fazer diante de tal amor?  A única reação possível é de inclinarmos as nossas cabeças,  e glorificar o Deus da Aliança.
Amém.
Pr. Kenneth Wieske.


                                           [1] Confissão Belga

 

 

ARTIGO 34


O sacramento do batismo

Cremos e confessamos que Jesus Cristo, que é o fim da lei (Rm 10.4), ao derramar o Seu sangue pôs fim a todo e qualquer outro derramamento de sangue que se poderia ou deveria fazer como expiação ou satisfação pelos pecados. Ele aboliu a circuncisão, que envolvia sangue, e instituiu em lugar dela o sacramento do batismo.1 Pelo batismo somos recebidos na igreja de Deus e separados de todos as outras pessoas e falsas religiões, para estarmos totalmente comprometidos com Ele,2 de quem carregamos a marca e o emblema, que nos serve como testemunho de que Ele será eternamente o nosso Deus e Pai gracioso. Por isso, Ele ordenou que todos os Seus sejam batizados com água pura, “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19): dando-nos a entender com isso que assim como a água, derramada em nós, lava completamente a sujeira do corpo e assim como a água é vista no corpo do batizado quando derramada nele; o sangue de Cristo, pelo Espírito Santo, faz a mesma coisa no interior da alma.3 Ele lava e limpa as nossas almas do pecado4 e nos regenera de filhos da ira para filhos de Deus.5 Isso não é produzido pela água em si mesma6 mas pelo aspergir do precioso sangue do Filho de Deus,7 que é o nosso Mar Vermelho,8 que precisamos atravessar para escapar da tirania de Faraó — do diabo — para entrarmos na Canaã espiritual. Assim os ministros, por sua parte, dão-nos o sacramento e aquilo que é visível, mas o nosso Senhor nos dá aquilo que o sacramento significa, quer dizer, os dons invisíveis e a graça. O Senhor lava, purifica e limpa as nossas almas de toda imundície e iniqüidade,9 renova os nossos corações e os enche de toda consolação, dá-nos a verdadeira certeza da Sua bondade paternal, reveste-nos de nova natureza, e despe-nos da velha natureza com todas as suas obras.10 emos, contudo, que aquele que almeja à vida eterna deve ser batizado uma vez com um só batismo.11 O batismo nunca deve ser repetido, pois não podemos nascer duas vezes. Além disso, o batismo não nos beneficia apenas quando a água está em nós e quando o recebemos, mas por toda a nossa vida. Por essa causa rejeitamos o erro dos Anabatistas, que não se contentam com o batismo recebido uma única vez, e que também condenam o batismo dos filhos pequenos dos crentes. Cremos que essas crianças devem ser batizadas e seladas com o sinal da aliança, assim como os bebês em Israel eram circuncidados com base nas mesmas promessas que agora são feitas aos nossos filhos.12 De fato, Cristo derramou o Seu sangue para purificar os filhos dos crentes do mesmo modo que o derramou pelos adultos.13 Por isso, devem eles receber o sinal e o sacramento daquilo que Cristo fez por eles, assim como o Senhor ordenou na lei que fosse oferecido um cordeiro logo após o nascimento dos filhos,14 que era o sacramento da paixão e morte de Jesus Cristo. Como o batismo tem para os nossos filhos o mesmo significado que a circuncisão tinha para o povo de Israel, Paulo chama o batismo de “circuncisão de Cristo” (Cl 2.11).
1. Cl 2.11. 2. Êx 12.48; 1Pe 2.9. 3. Mt 3.11; 1Co 12.13. 4. At 22.16; Hb 9.14; 1Jo 1.7; Ap 1.5b. 5. Tt 3.5. 6. 1Pe 3.21. 7. Rm 6.3; 1Pe 1.2; 1Pe 2.24. 8. 1Co 10.1-4. 9. 1Co 6.11. Ef 5.26. 10. Rm 6.4; Gl 3.27. 11. Mt 28.19; Ef 4.5. 12. Gn 17. 10-12; Mt 19.14; At 2.39. 13. 1Co 7.14. 14. Lv 12.6.


                       Catecismo de Heidelberg

 

A Palavra e os Sacramentos



O Santo Batismo


 

Dia do Senhor 27 

 

P.72. Então, esse lavar exterior com água por si mesmo remove os pecados? 
R. Não, somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todo o pecado.1
1. Mt 3.11; 1Pe 3.21; 1 Jo 1.7.
P.73. Então, por que o Espírito Santo chama o batismo de “lavar regenerador” e de “purificação de pecados”? 
R. Deus fala assim por uma razão importante. Ele nos quer ensinar que o sangue e o Espírito de Cristo removem os nossos pecados assim como a água remove a sujeira do corpo.1 Porém, ainda mais importante, Ele nos quer assegurar por meio dessa garantia e sinal divinos que somos tão verdadeiramente purificados espiritualmente dos nossos pecados, assim como somos fisicamente lavados com a água.2
1. 1Co 6.11; Ap 1.5; 7-14. 2. Mt 16.16; At 2.38; Rm 6.3, 4; Gl 3.27.
P.74. As crianças pequenas devem ser batizadas?
R. Sim. As crianças, assim como os adultos, pertencem à aliança e à igreja de Deus.1 Através do sangue de Cristo lhes são prometidos, da mesma forma que aos adultos, a redenção do pecado e o Espírito Santo, que opera a fé.2 Assim as crianças, por meio do batismo como sinal da aliança, devem ser enxertadas na igreja de Cristo e distinguidas dos filhos dos incrédulos.3 Na velha aliança isso era feito pela circuncisão,4 que, na nova aliança, foi substituída pela instituição do batismo.5
1. Gn 17.7; Mt 19.14. 2. Sl 22.10; Is 44.1-3; At 2.38, 39; 16.31. 3. At 10.47; 1Co 7.14. 4. Gn 17.9-14. 5. Cl 2.11-13.