[1]Texto:
Dia do Senhor 43
[2]Leitura:
Êxodo 20.16
Amada
congregação do Senhor Jesus Cristo,
Vivemos
tempos quando o dinheiro, o sucesso, o poder, parecem valer mais que o bom nome,
a boa fama. Estamos nos tempos dos superstar que morrem de overdose e se
prostituem nos seus palcos. Temos do mensalão. Quando vemos homens de alta
posição, jogando nome deles na lama por causa de dinheiro, ou, de um projeto de
poder.
Mas,
a sabedoria que vem de Deus diz (Provérbios 22.1): “Mais vale o bom nome do que
as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro”. Possa
ser que você não seja milionário, tenha prata e ouro. Mas, você tem algo que
vale mais do que muitas riquezas, do que muito poder.
Que
bem tão valioso é esse?
O
bom nome, a boa fama, a boa reputação – diz o SENHOR.
Deus coloca
a honra como um bem valiosíssimo. Um bem que vale mais que prata e ouro. A boa
fama vale mais que muito poder.
No
Nono mandamento Deus ordena preservarmos esse valioso bem, a honra. Por isso
Ele ordena: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. Assim, Deus
exige que não roubemos a honra de nosso próximo. A mensagem de Deus para nós hoje
é:
Deus quer mostremos amor a Ele,
amando a honra de nosso próximo.
João Calvino
disse em certo lugar algo muito instrutivo sobre o Nono
Mandamento. Ele fez uma comparação entre o Oitavo e o Nono Mandamento. O
reformador disse que o oitavo mandamento amarra as nossas mãos. Para quê? Para
não defraudarmos o bem de nosso próximo. Enquanto, o Nono Mandamento, diz
Calvino, amarra outro órgão de nosso corpo. Que órgão é esse? A língua. A
língua que tem o poder de prejudicar ou roubar a integridade de nosso próximo. Atacar
e roubar o bem mais precioso de nosso próximo. A boa fama, a boa reputação.
Isso é pura verdade! Com a nossa língua podemos prejudicar e roubar a honra de
nossos próximos, destruir o bom nome, a boa reputação deles.
A
língua é uma arma destruidora! Você já pensou, por exemplo, no poder do falso
testemunho? No tempo do Antigo Testamento, se alguém quisesse acabar com a
honra, ou, até com a vida de um inimigo, então, era somente necessário
contratar falsas testemunhas.
As
falsas testemunhas mentiriam diante do juiz e o inocente seria culpado. Lembre-se
do exemplo das falsas testemunhas que Jezabel contratou para que Nabote fosse
morto. Lembre-se das falsas testemunhas contratadas contra Jesus. Lembre-se das
falsas testemunhas que se levantaram contra Estevão. Essas falsas testemunhas
acabaram com a honra e a vida de inocentes.
O
falso testemunho é proibido pelo SENHOR. Em Levítico 19.18 Ele disse: “Não
andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu
próximo. Eu sou o SENHOR.” O “mexeriqueiro” pode ser o fofoqueiro, pode ser o
leva-e-traz. Mas, falando mais especificamente, refere-se aqui a falsa
testemunho. Pois, é a falsa testemunha que atenta contra a vida do próximo. A
falsa testemunha mata o próximo, mas com uma faca. A língua é arma morta da
falsa testemunha. Esse mandamento em Levítico 19.18 tem a base no Nono
Mandamento.
Agora,
por que O SENHOR Deus abomina o falso testemunho?
Porque
Deus é verdade. Em Deus não existe mentira. Ele abomina a mentira.
Mas
o que tem a ver mentira e falso testemunho?
A
natureza do falso testemunho é mentira, é falsidade.
A
palavra hebraica traduzida como “falso” vem de um verbo que descreve a ação de
“enganar”, de “mentir”. Essa palavra hebraica é traduzida em outras partes da
Escritura como mentira, falsidade, engano, embuste, engodo, fraude. O falso
testemunho é um ataque a natureza de Deus, porque a natureza do falso
testemunho é mentira, é falsidade.
O
nosso Catecismo expressa o ensino da Escritura quando nos diz o que Deus exige
no Nono Mandamento (veja o DS 43). O Catecismo diz o que não devo fazer:
O
primeiro parágrafo diz: levantar falso testemunho contra ninguém. Não devo
distorcer as palavras de ninguém, ou seja, dar um sentido diferente daquilo que
ouvi ou li do meu próximo. Veja que o termo “ninguém” é enfatizado. Sabe que
isso significa? Não devo usar minha língua para acabar nem com os meus
inimigos.
Outra
coisa que Deus proíbe: A maldita da fofoca e da difamação. Os fofoqueiros e
difamadores devem ser tratados como assassinos e ladrões. A fofoca e difamação
matam ou roubam a honra do próximo. Vemos dentro da igreja famílias inteiras,
irmãos e irmãs, velhos e jovens, tendo suas honras roubadas ou prejudicadas
pela fofoca e difamação.
O
Catecismo também ensina que: “Não devo condenar e nem me ajuntar com ninguém
para condenar ninguém precipitadamente e sem o ter ouvido”. Somos tentados a
condenar e nos juntar com outros para condenar apressadamente o nosso próximo.
Não nos preocupamos em nem ouvir a defesa do nosso próximo. Nós devemos prestar
atenção a instrução da Palavra de Deus. Devo parar e pensar: por quê penso isso
de fulano? O que levou a fazer aquilo? Vou buscar fulano para ouvir dele as
suas motivações, etc? Devo observar o que o Espírito Santo diz em Tg 1.19:
“Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para
ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. Esse preceito nos ajudará a
cumprir parte do nosso dever quanto ao Nono mandamento. Não devo julgar o meu
próximo precipitada e injustamente.
Agora,
o Catecismo diz também o que devo fazer
(veja o segundo parágrafo da R 112). Primeiro devo: Repudiar (odiar) toda
mentira e engano. Por que devo repudiar mentira e engano? Por que são obras
próprias do diabo.
O
diabo é o Pai da mentira. A mentira se originou no diabo. Ele foi o primeiro
mentiroso. Suas mentiras corrompeu os anjos caídos. A mentira dele enganou Eva.
Por isso, quem gosta de mentir, de enganar, de malícia, engano, de fraude que
prejudica o próximo é filho do diabo (João 8.44).
A
mentira e o engano traz a maldição de Deus sobre mim, pois está escrito (Levítico
19.11,12): “Não furtareis, nem mentireis (adulação), nem usareis de falsidade
(mesma palavra do mandamento) cada um com o seu próximo; nem jurareis falso (cometer
perjúrio – falso é a mesma palavra do mandamento) pelo meu nome, pois
profanareis o nome do vosso Deus. Eu sou o SENHOR”. Praticar perjúrio é
profanar o nome de Deus. O nome de Deus representa a pessoa santa e verdadeira
de Deus. Quem dá falso testemunho pratica perjúrio. Usa o nome de Deus em vão. Por
isso, nosso catecismo diz que: “devo repudiar toda mentira e engano ... para
não trazer sobre mim a pesada ira de Deus”. Os mentirosos não tem parte no
reino de Cristo se não se arrependerem (Apocalipse 21.8).
A
natureza maligna do falso testemunho leva os filhos de Deus banir a mentira dos
relacionamentos deles. O apóstolo Paulo, usando Levítico 19.11,12, disse (leia Efésios
4.25): “Por isso, deixando a mentira (palavra usada no Nono Mandamento em
grego), fale cada um a verdade com seu próximo, porque somos membros uns dos
outros”. Você pode ver uma das consequências da nova vida em Cristo? Passamos a
falar a verdade, em amor, abandonando todo tipo de mentira nos nossos
relacionamentos fora, mas, especialmente, dentro da igreja.
O
Catecismo encerra dizendo o que devo fazer: “No tribunal ou em qualquer outro lugar
devo amar a verdade, dizê-la e confessa-la com honestidade e fazer tudo o que
puder para defender e promover a honra e a reputação do meu próximo”. Na frente
das autoridades e em todo lugar devo amar a verdade, dizê-la e confessá-la.
Porém,
um detalhes importantes são ressaltados aqui nessa última parte do Catecismo.
Devo amar a verdade. Deus é verdade. Então, tudo que é verdadeiro devo amar.
Devo dizer a verdade e confessá-la. Deus é verdade e minha boca ama falar e
confessar a verdade. Mas, um detalhe: devo amar a verdade, dizê-la e
confessá-la com honestidade. O que significa isso?
A
verdade não pode ser usada com sentimentos desonestos. Posso falar a verdade
para prejudicar a honra do meu próximo. Isso não vale. É quebra do Nono
Mandamento. Se a verdade é dita para denigrir o meu próximo, então, ela é tão
ruim quando a difamação. Por isso, o Catecismo diz que devo dizer a verdade e
“confessá-la com honestidade e fazer tudo o que puder para defender e
promover a honra e a reputação do meu próximo”.
Sabe
o que isso diz que devo fazer?
Devo
parar de usar aquela frase “tão piedosa”: “Gosto da verdade! Por isso, falo
isso de fulano, porque é verdade. Não estou mentindo, fulano fez aquele erro
mesmo!”. Essa frase muitas vezes, aparentemente piedosa, é usada para atacar e
não promover a honra e a boa reputação do meu próximo. Nós, crentes em Cristo
Jesus, novas criaturas, devemos fazer tudo o que pudermos para defenderemos e promovermos a honra e a
reputação do meu próximo. Note que isso é um dever pessoal. A verdade deve
ser usado para o bem do meu próximo, para a honra do meu próximo ser guardada.
Por isso, você pode perceber o cuidado dos oficiais no processo de disciplina.
Somente na última parte da disciplina que o nome do pecador rebelde é mencionado.
Nesse caso vemos o respeito ao Nono Mandamento também.
Concluindo:
O
Catecismo usa o pronome e os verbos na primeira pessoa do singular, por isso,
está escrito: “Eu não devo ... eu devo”. Se cada um de nós, nos preocupamos em
agradar a Deus observando o Nono Mandamento, então, veremos a bênção de Deus na
nossa vida, na nossa igreja e na nossa sociedade. Pois, Deus se agrada quando
nós, por amor a Ele e ao próximo, fazemos tudo o que pudermos para defenderemos e promovermos a honra e a
reputação do meu próximo.
Então,
o que nos resta fazermos?
Resta-nos
buscarmos a graça de Deus em Cristo Jesus. Pois, nossa velha natureza
mentirosa, falsa, fofoqueira, difamadora, detratora, enganadora, já foi morta
na Cruz junto com Cristo Jesus (Romanos 6). Hoje estamos em Cristo Jesus pela
fé verdadeira. Nós temos em Cristo Jesus tudo para lutarmos contra nossa velha
natureza, contra nossas fraquezas e pecados contra o Nono Mandamento. Nós não
somos mais escravos da mentira e do engano. Não somos mais escravos do Pai da
mentira.
O
SENHOR Jesus nos libertou da escravidão da mentira e do engano. Ele cumpriu
todos os mandamentos para nos salvar. A Escritura diz que dolo algum foi achado
em Sua boca. A língua de Jesus estava solta para dar vida e fazer o bem ao
próximo. Foi pela boca dele que o amor do Pai foi revelado aos homens. Foi com
a boca dEle que Ele nos ensinou o Evangelho da nossa Salvação. Jesus deu a nós
sua justiça perfeita através da fé. Assim, a verdade deve reinar em nós. Pois,
Jesus é nosso SENHOR. Jesus é a verdade. Jesus disse (João 14.6): “Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”.
Nós,
que estamos em Cristo pela verdadeira fé, estamos sendo santificados na
verdade, ou seja, em Cristo e na Palavra dEle (João 17.17). Nós temos em nós o
Espírito da Verdade, o Espírito Santo (João 16.12). Somos novas criaturas.
Temos nossas mentes renovadas no Espírito Santo. Nós estamos sendo revestidos
do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.(Efésios 4.24).
Então,
nós, pela graça de Cristo e em Cristo, temos tudo para santificar nossas
línguas e defender e proteger a honra e reputação de nosso próximo. Temos todo
o poder de Cristo para amarrar nossa língua com as cordas do amor pela vontade
de Deus. Essa vontade de Deus que é bem expressa no Nono Mandamento. O mandamento
que nos ensina a amar a honra de Deus e a honra do nosso próximo. Pois, o
SENHOR Deus que, nos ama em Cristo, nos libertou na escravidão da mentira e do
engano. O nosso Deus e Pai que quer que
mostremos amor a Ele, amando a honra de nosso próximo. Amém.
Sermão
preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina ensinada no Catecismo de
Heidelberg, Dia do Senhor 43.
Dia do Senhor 43
P.112. O
que se exige no nono mandamento?
R. Que
eu não devo levantar falso testemunho contra ninguém, nem distorcer as palavras
de ninguém, não fazer fofoca nem difamar, não condenar nem me ajuntar com
ninguém para condenar a outrem precipitadamente e sem o ter ouvido.1 Antes devo
repudiar toda mentira e engano, obras próprias do diabo, para não trazer sobre
mim a pesada ira de Deus.2 No tribunal ou em qualquer outro lugar eu devo amar
à verdade,3 dizê-la e confessá-la com honestidade e fazer tudo o que puder para
defender e promover a honra e a reputação do meu próximo.4
1. Sl 15; Pv 19.5, 9;
21.28; Mt 7.1; Lc 6.37; Rm 1.28-32. 2. Lv 19.11, 12; Pv 12.22; 13.5; Jo 8.44;
Ap 21.8. 3. 1Co 13.6; Ef 4.25. 4. 1Pe 3.8, 9; 4.8.
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