domingo, 18 de novembro de 2012

Não Furtar: O que Deus Proíbe no Oitavo Mandamento


[1]Leitura: Êxodo 20.15
[2]Texto: Dia do Senhor 42

Amada Congregação do Senhor,

Nós estamos acompanhando o dito mensalão. A mídia tem trazido, divulgado, a condenação de políticos por sérias denúncias de fraudes e desvios de verbas dentro dos ministérios do governo federal. Graças a Deus pela aplicação da justiça nesses dias tão escuros.
O Brasil sofre com a sua corrupção que tem roubado bilhões de reais a cada ano. Esses desvios que tem muito a ver com os políticos e demais autoridades. Em verdade, por causa da queda, política e furto são sinônimos, isto é, parecem ter o mesmo significado para o brasileiro. Então, nesses dias de tanta condenação por roubos é oportuno ouvirmos o ensino sobre o Oitavo Mandamento.
O que Deus, seu Senhor, diz a você na Lei quando fala “Não furtarás?” Para Deus o que é um ladrão, e quais ações são consideradas como a quebra do oitavo mandamento?
Deus chamou você aqui para ensinar o que Ele proíbe e os nossos deveres no oitavo mandamento. Ouça neste momento a Pregação da Palavra de Deus no seguinte tema:

Não furtarás

1.  O que Deus proíbe no oitavo mandamento
2.  O que Deus exige no oitavo mandamento

1. Não furtarás: O que Deus proíbe no oitavo mandamento

O ensino bíblico sobre o oitavo mandamento é “que Deus não apenas proíbe o roubo e o furto que as autoridades punem…”. A Igreja aqui mostra que nossa confissão não se baseia somente nas leis que as autoridades civis dizem ser o que é furto ou roubo.
As autoridades civis são instrumentos de Deus para manter a ordem e a justiça entre os homens. Mas, os cristãos não devem se contentar somente com aquilo que as autoridades civis classificam e punem como furto ou roubo.
A igreja entende, pela Escritura, que as autoridades são sujeitas a erros. Além disso, as leis dos homens são INCAPAZES de tratarem a fonte de toda defraudação: o coração pecaminoso do homem.
O Espírito Santo não quer tratar SOMENTE do nosso comportamento. O SENHOR Deus quer tratar o coração do Seu povo. O Espírito quer guardar o coração do Seu povo de pecar contra Ele. Então, o Espírito Santo diz “não furtarás” em Êxodo 20.15.
A palavra “furtarás” é aplicada de tal forma na Escritura que nos ensina que a quebra do oitavo mandamento é mais que o “furtar” que conhecemos.
A palavra hebraica usada aparece 60 vezes na Escritura, para descrever várias ações e sentimentos que prejudicam o próximo, por exemplo: O Espírito usou a mesma palavra em Gênesis 31.20,26, 27, para dizer que Jacó “logrou” a Labão, ou seja, enganou, agindo sorrateiramente.
Na passagem de Êxodo 22.1-15 a mesma palavra hebraica é usada várias vezes e de tal maneira que dá o sentido das expressões “coisa fraudulenta”, “meteu a mão nos bens” do seu próximo.
Deus caracteriza o sequestro e rapto de pessoas como “furto” (veja as passagens de Êxodo 21.16; Deuteronômio 24.7; 2 Reis 11.2).
A Escritura diz que Absalão (filho de Davi) “furtava o coração dos homens de Israel” (2º Samuel 15.6). A expressão “furtar o coração” tem o sentido de ganhar por meio de engano.
Quando lemos o uso na Escritura da palavra hebraica traduzida como “furtar”, então, vemos que no Oitavo Mandamento, Deus proíbe todos os pensamentos e atitudes, que tente, malignamente, tirar proveito ou prejudicar os bens alheios. Por isso, a igreja confessa que:

“Deus proíbe não apenas o furto e o roubo que as autoridades civis punem, mas também os esquemas e ciladas malignos como falsos pesos e falsas medidas, negócio enganoso, dinheiro falsificado e usura; não devemos defraudar o nosso próximo de maneira nenhuma, nem pela força nem pela aparência de direito.”

A última frase da Resposta 110 fala algo que chama a nossa atenção (veja, por favor): “Além disso, Deus proíbe toda a avareza e todo o abuso e desperdício de Suas dádivas”.
A doutrina bíblica fala de avareza. A “avareza” é ganância e cobiça malignas. É um desejo ávido para alcançar vantagem, explorar, defraudar o próximo. Assim, você vê a fome do homem de se obter dinheiro, sucesso, ou qualquer tipo de proveito, a custa do próximo. A avareza é idolatria (Efésios 5.5). Ninguém pode servir a dois senhores. Ninguém. Os avarentos não herdarão o céu. A avareza leva para o inferno quem a ela serve.
É bom nós como cristãos discernirmos se a idolatria por sucesso profissional, por uma melhor vida nessa terra, por dinheiro, tem nos enchido o coração. Isso para pensarmos, pois temos apenas um SENHOR. Temos um reino e uma justiça que devemos buscar em primeiro lugar. Esse reino essa justiça é de Cristo. O reino de Cristo e a obediência a Cristo devem ter primeiro lugar em minha. Se não for assim tenho caído em avareza e tenho quebrado o oitavo mandamento. Deus proíbe a avareza por que Ele é o teu único Senhor. Ele comprou você com o Sangue precioso de Cristo Jesus.
Agora, o Catecismo também menciona que “Deus proíbe… todo abuso e desperdício de Suas dádivas”. O SENHOR Deus é o dono de toda a terra e do que nela contém. O SENHOR Deus confiou a nós sua criação, para que cuidemos bem dela e a utilizemos para glória de Cristo.
Quando abusamos ou desperdiçamos as dádivas que Deus nos confiou, estamos sendo maus mordomos. Em verdade, roubamos a Deus! Um funcionário que não cumpre horário, que não executa bem a sua tarefa é o quê? Ladrão. Então, o nosso papel é sermos bons mordomos dos dons de Deus. Que dons? Cito alguns: a vida, a esposa, os filhos, o tempo, a sua casa, o alimento, a roupa, a profissão, o seu dinheiro e tudo mais.
Então, todos esses dons devem ser administrados com responsabilidade e para a glória de Deus. Então, como você tem exercido a mordomia cristã? Qual lucro você tem devolvido para o Seu Senhor? Ele entregou a você dádivas que devem render para a Glória de Cristo. Quando não usamos os dons de Deus, então, abusamos e desperdiçamos o que Deus nos dá. O que é isso então? Roubo, defraudação.
Se você ama e é grato ao SENHOR Deus pela Salvação, se você é um verdadeiro filho de Deus em Cristo, então, a Sua preocupação será usar bem os dons de Deus. Será usar esses dons para a glória de Deus e o bem do próximo. Você vai ter o sincero desejo de obedecer às proibições contidas no Oitavo Mandamento!

Vamos agora para o segundo e último ponto:

Não furtarás: O que Deus exige no oitavo mandamento

No Oitavo Mandamento do SENHOR Deus não há só proibições. Nós também aprendemos nossos deveres. Nós somos ensinados a como devemos agir, para mostrar gratidão a Deus de modo ativo (veja a P&R 111):

“Que eu promova o bem do meu próximo sempre que for lícito e possível; que eu trate do mesmo modo que desejaria ser tratado pelos outros e que trabalhe fielmente para ter condições de dar aos necessitados”

O Apóstolo Paulo diz em Romanos 13.8-10 que a única dívida que devemos manter com o nosso próximo é o amor. O “amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor”.
A uma diferença grande entre “um favor” e “um dever”. O amor não é um favor que faço ao meu próximo. O amor é uma dívida que tenho para com o meu próximo. Somente o amor de Deus é um favor. Nós não merecemos o amor de Deus. Deus nos amou gratuitamente. O amor de Deus pela criatura é uma graça manifestada em Cristo Jesus e revelada no Evangelho.
Agora, o meu amor para com o próximo é um dever. Por isso, se eu e você não mostramos amor para com o nosso próximo, então, estamos devendo o que é de direito do nosso próximo.
A exigência de Deus para sua Igreja é: Pagai a todos o que é devido: o amor! Por amor e gratidão a Deus nós buscamos amar o nosso próximo. Por entendermos o Evangelho do amor gratuito de Deus por nós é que, “sempre que for lícito e possível” promoveremos o bem do nosso próximo, trataremos nosso próximo como queremos ser tratados; e… trabalharemos para que possamos socorrer o necessitado. Esse é o chamado de cada um de nós e de todos nós juntos!
 Em Efésios 4.28 aprendemos que uma das marcas do novo homem é: “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”!
Um novo homem em Cristo não se manifesta somente com o parar de furtar, mas pelo esforço de trabalhar com o objetivo de socorrer ao necessitado, ou seja, ao próximo que carece de ajuda financeira. Um homem ou uma mulher que nasceu de novo não se satisfará somente em não defraudar. Ele buscará abandonar o egoísmo e passará a trabalhar para beneficiar seu próximo! Esse é o nosso dever à luz do Oitavo Mandamento.
Nós necessitamos pensar: Tenho manifestado amor e gratidão a Deus, buscando cumprir as exigências do Oitavo Mandamento? Será que tenho tratado o meu próximo como desejo ser tratado por ele? Qual o resultado do meu trabalho? Será que o dinheiro que recebo tem servido aos necessitados ou somente ao meu egoísmo?
Diante de Deus: Quais são suas respostas a estas perguntas? Se o SENHOR Deus falasse agora: Pega ladrão! Quem de nós ficaria aqui? Não ficaria um meu irmão!
Digo que nenhum de nós ficaria aqui neste culto. Não há um que faça o bem. Isso a Escritura diz. Por isso, o SENHOR Deus, por amor e misericórdia, enviou Seu Único Filho. O SENHOR Jesus veio para cumprir perfeitamente o Oitavo Mandamento. Ele fez isso em favor da Sua Igreja. A Escritura diz que dolo algum foi achado na boca de Jesus!
Meu amado irmão, você pode imaginar? Jesus Cristo durante todo seu ministério terreno buscou sempre o bem do seu próximo. Jesus Cristo cumpriu em Sua vida perfeitamente as proibições e exigências do mandamento, tão perfeitamente que: Ele salvou Zaqueu. Esse publicano era um homem fraudulento (Lucas 19.1-10). Jesus Cristo garantiu a salvação de Zaqueu e da sua casa.
Jesus Cristo, sem pecado diante de Deus e dos homens, foi trocado por um Salteador chamado Barrabás. Jesus Cristo foi contado entre os malfeitores. Ele foi crucificado com dois ladrões. Jesus Cristo disse a um ladrão, um salteador condenado: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso!”. Jesus Cristo disse essas palavras quando agonizava na Cruz.
Imagine: Se debaixo de maldição Jesus Cristo garantiu a Salvação de um ladrão, então, quanto mais agora. Ele já pagou o preço por nossos pecados. Jesus ressuscitou para nossa justificação. Ele subiu ao céu e está à direita de Deus e favorece a Sua Igreja. Jesus Cristo está em Glória no céu. Ele derramou Seu Espírito Santo e nos concedeu dons, para vivermos para Deus e exercermos o amor para com o próximo.
Portanto, nós, pelo evangelho, somos chamados a confiar em Cristo Jesus, o SENHOR. Ele tem o poder para salvar homens fraudentos e defraudadores. Não há pecado que Jesus não possa perdoar. Jesus reforça Sua Igreja com o Espírito, Os sacramentos e a Palavra, para que possamos buscar viver o Oitavo Mandamento.
Meu irmão em Cristo confie na obra de Cristo pregado no Evangelho e viva a nova vida. Uma vida que rompe com a defraudação, a avareza, o desperdício dos dons, o egoísmo da velha natureza. Sendo assim, segundo o Evangelho e confiado na graça de Deus, viva em gratidão ao SENHOR Deus. Tenha a intensão sincera de cumprir o Oitavo Mandamento! Essa é a vontade do Senhor Deus para você: “Não furtarás”! Amém.

Sermão preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina bíblica ensinada no Catecismo de Heidelberg, Dia do Senhor 42.



[1]
Êxodo 20.15 “Não furtarás.”

[2]

Dia do Senhor 42

 

P.110. O que proíbe Deus no oitavo mandamento?

R. Deus não apenas proíbe o roubo e o furto que as autoridades punem1 mas também os esquemas e ciladas malignos como falsos pesos e falsas medidas, negócio enganoso, dinheiro falsificado e usura;2 não devemos defraudar o nosso próximo de maneira nenhuma, nem pela força nem pela aparência de direito.3 Além disso Deus proíbe toda a avareza4 e todo o abuso e desperdício de Suas dádivas.5

1. Ex 22.1; 1Co 5.9, 10; 6.9, 10. 2. Dt 25.13-16; Sl 15.5; Pv 11.1; 12.22; Ez 45.9-12; Lc 6.35. 3. Mq 6.9-11; Lc 3.14; Tg 5.1-6. 4. Lc 12.15; Ef 5.5. 5. Pv 21.20; 23.20, 21; Lc 16.10-13.
P.111. O que exige Deus de você nesse mandamento?

R. Que eu promova o bem do meu próximo sempre que for lícito e possível; que eu o trate do mesmo modo que desejaria ser tratado pelos outros e que trabalhe fielmente para ter condições de dar aos necessitados.1

1. Is 58.5-10; Mt 7.12; Gl 6.9, 10; Ef 4.28.

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