sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Devemos Honrar Nossos Pais e Superiores, Pois Deus Nos Governa Pelas Mãos Deles.

Texto: Dia do Senhor 39
Leitura: Êxodo 20.12; Romanos 13.1-7.

Amados irmãos e irmãs,

Nós testemunhamos um tempo de crise de autoridade. Prega-se anarquia e rebeldia abertamente (em nosso país). Veja o apoio dos políticos a protestocracia – governo por meio de protestos.
Notem virou moda:
As reivindicações se fazem com pneus em chamas, com barricadas nas ruas, com os grupos terroristas como o Black Bloc, o quebra-quebra organizado. E a imprensa vive repetindo a mentira do protesto “pacífico”. São protestos “pacíficos” que criam desordem, que trazem medo aos cidadãos, que tiram nosso direito de ir e vir, que param os serviços essenciais à boa ordem. E o que dizer das greves? Que tipo de direito greve desrespeita o direito de quem não quer fazer greve?
A moda é dizer: Temos que ouvir as vozes da rua.
E nossos magistrados têm ajudado os organizadores dessa protestocracia. Um deputado continua a ser deputado mesmo depois de ser condenado. E a suprema corte do Brasil ajuda a quadrilha que tentou sequestrar o poder mediante a arma do mensalão. E policiais que cumprem a lei, combatendo bandidos são penalizados pelos superiores.
As vozes e as manifestações da rua somente mostram que a ordem está ameaçada. Há uma inversão de valores. A rebelião contra as autoridades é instituída. Parece que é somente uma questão de tempo para uma grande revolta acontecer no Brasil.
Agora, estamos nós (em meio, cercados) nessa bagunça. Mas, não é a primeira vez que os crentes passam por tempo de crise. A época da Reforma foi um tempo de crise de autoridade também. As autoridades praticaram muitas injustiças contra crentes que abraçaram a fé reformada. Muitos crentes tiveram seus bens e títulos confiscados, foram perseguidos, outros aprisionados e mortos pelas autoridades romanistas. Mas, qual foi o ensino reformado para orientar os crentes no tempo de crise e de injustiças? Será que a doutrina reformada ensina a revolução e o desrespeito contra as autoridades instituídas?
Essas perguntas servem para introdução da mensagem de Deus para nós hoje. A mensagem é a seguinte:

Honremos a todos aqueles que Deus colocou sobre nós.
Amados irmãos e irmãs, o mandamento do SENHOR é (Êxodo 20.12): “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá”.
A palavra “honra” está no texto.
E o que é honrar?
Honrar é mais do que obedecer. Honrar significa considerar, estimar, enobrecer, dar importância. E honrar tem a ver com amor. Honro a quem amo. Quem honra de verdade ama de verdade. O amor nos leva a honrar.
Agora, a quem devo honrar?
O mandamento fala da honra ao pai e a mãe: “Honra teu pai e tua mãe ...”. Então, dentre os homens, nossos pais são os primeiros dignos de honra.
Porém, segundo a Escritura, os termos “pai” e “mãe” são também usados para os profetas, os mestres e os magistrados do povo de Deus. Por exemplo, José disse que era pai de faraó (Gênesis 45.8). Isso significava que ele guiava Faraó e governava o povo egípcio. Débora, a juíza, disse que era mãe de Israel (Juizes 5.7). Débora foi “mãe de Israel” porque Deus deu a ela autoridade sobre Seu povo. No Novo Testamento os apóstolos instruíram às igrejas como pais instruem a seus filhinhos (Gálatas 4.19; 1 João 2.1,2). Então, notem que Deus usa as palavras “pai” e “mãe”, para designar as autoridades que Ele colocou sobre nós: em nossas casas, na igreja e no estado.
O Catecismo segue a Escritura quando ensina o quinto mandamento (veja R. 104). O Catecismo coloca de modo bíblico, a exigência e abrangência do mandamento: devemos honrar nossos pais, nossas mães e nossos superiores.
E qual a base de nossa obediência aos nossos superiores?
É o cinturão de papai e o chinelo de mamãe?
É o medo de ser punido?
É um contrato social?
É nosso compromisso partidário ou sindical?
Não.
Honramos nossos superiores, porque é a vontade de Deus.
Notem o que diz o Catecismo (veja a parte final da R. 104): “... é a vontade de Deus nos governar pelas mãos”. “das autoridades”. E essa afirmação se apoia na Escritura. Pois lemos, na Palavra de Deus:
Os filhos são exortados a obedecerem aos pais, pois isso é justo (agrada a Deus – Efésios 6.1).
Da mesma forma, as esposas são submissas aos esposos por causa de Cristo. E os servos servem aos senhores por causa de Cristo (Efésios 5.22-24; 6.5-8).
E os membros obedecem aos oficiais da igreja por causa da vontade do SENHOR (Hebreus 13.17).
E nós (todos) respeitamos os magistrados e pagamos os nossos muitos impostos, pois é também a vontade de Deus (Romanos 13.1-7).
Então, por que você honra seus pais e as demais autoridades?
Porque é a vontade de Deus nos governar pelas mãos delas. E você ama a Deus e deseja fazer a vontade de Deus.
Por isso, quando nossos filhos mostram rebeldia devemos apresentar a eles - logo bem cedo - : “Filho não seja rebelde ao governo de Deus”. Mude de atitude. Não há felicidade na rebelião contra o Senhor. É vontade de Deus que você seja governado por papai e mamãe.
Falo especialmente aos jovens – quando o mundo estiver dizendo a você jovem: Não há nenhum senhor sobre você. Você é senhor de sua vida. Saiba (meu jovem irmão) que isso é uma mentira grosseira.
Nós temos um SENHOR que colocou senhores sobre nós. Em certo sentido, ninguém na terra é livre. Somente tem um Soberano SENHOR. E esse Soberano colocou autoridades sobre nós.
O evangelho diz (Romanos 13.1,2): “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”. E “... é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles”. Por isso, devo demonstrar “... toda honra, amor e fidelidade a meu pai e à minha mãe, e a todos os meus superiores;...”. Esse é o ensino bíblico. E quando, pela fé, obedecemos essa instrução temos a promessa de vida longa e abençoada por Deus.
A anarquia e rebeldia estão no coração do homem. Elas chegaram com a Queda em pecado. E continuam presentes na história da humanidade. Mas, a doutrina bíblica não apoia a rebeldia, a rebelião e a desonra as autoridades. Pelo contrário, nos ensina o desejo de Deus: “... que eu me submeta a boa instrução e disciplina vinda deles e que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos.” E a doutrina bíblica não promete sucesso e felicidade para os rebeldes. A promessa para o rebelde é vida curta. É maldição.
Agora, somente somos autorizados a desobedecermos às autoridades quando a ordem delas vai contra a Palavra de Deus. Ai nós não devemos ser submissos às autoridades. Por exemplo: Se seu marido ou seus pais proíbem você de vir para os cultos. Você, com amor e honra, deve dizer: não posso obedecer a esse mandamento. Siga o exemplo de Pedro (Atos 5.29): “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”. E, essa verdade se aplica a todos que estiverem debaixo de autoridade: empregados, soldados, servidores públicos e membros da igreja. Porém, precisamos orar para discernirmos como aplicar essa verdade.
Agora, quem aqui se acha capaz de cumprir esse mandamento?
Acho que ninguém. Ninguém aqui é capaz de cumprir o quinto mandamento.
A nossa natureza humana nos inclina a rebeldia contra Deus. Nossa carne deseja desonrar ao Senhor. E, além de nossa rebeldia carnal, é uma luta para nós cumprirmos o quinto mandamento sendo governados por pais, maridos e oficiais fracos e pecadores, por patrões injustos e governantes corruptos.
E o que nos resta (então)?
É confiar que a nossa salvação está em Cristo. Ele foi quem, mesmo sendo Deus, encarnou para cumprir perfeitamente o quinto mandamento por nós. Ele foi submisso ao Pai em tudo e por obediência morreu para nos salvar (Filipenses 2.5-8); Foi submisso aos seus pais que eram pecadores (Lucas 2.48-52). Você imagina o santo e perfeito Deus se submetendo a pais pecadores e imperfeitos?
O Senhor Jesus foi submisso as autoridades corruptas e injustas como César e Pilatos (Mateus 22.21; João 19.11).
Nós buscamos cumprir o quinto mandamento não para sermos salvos. Nós queremos ser gratos a Deus. E buscamos a graça do Espírito Santo para podermos nos deixar sermos governados pelas autoridades, e, o mais difícil para nós, sermos pacientes com as fraquezas e defeitos de nossos pais e superiores. E assim, testemunharmos ao mundo rebelde e anarquista que Cristo salva e transforma pecadores rebeldes. Que Cristo, por Seu Espírito e Palavra, nos concede um novo coração que se agrada em ser governado por Deus, nosso Pai.
E, no término desse sermão, vamos encerrar lendo o Artigo 36 da Confissão Belga. Essa confissão foi escrita na época da reforma. E o autor dessa confissão, Pr. Guido de Brés, foi assassinato pelas autoridades em praça pública. E em praça pública, mesmo sabendo de sua inocência, exortou os crentes a honrarem a Deus e as autoridades. Ele fez isso segundos antes de ser pendurado pela corda da força. Então, pela doutrina bíblica ensinada em nossas confissões reformadas, honrarmos a todos aqueles que Deus colocou sobre nós (leiamos nós juntos o Artigo 36 da Confissão Belga agora). O “amém” será dado depois da leitura desse artigo.
Sermão preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina bíblica ensinada no Dia do Senhor 39.

Textos:
Catecismo de Heidelberg
Dia do Senhor 39
P.104. O que exige Deus no quinto mandamento?
R. Que eu demonstre toda honra, amor e fidelidade a meu pai e à minha mãe, e a todos os meus superiores; que eu me submeta devidamente às suas boas instrução e disciplina1 e que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos,2 pois é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles.3
1. Ex 21.17; Pv 1.8; 4.1; Rm 13.1, 2; Ef 5.21, 22; 6.1-9; Cl 3.18-4.1. 2. Pv 20.20; 23.22; 1Pe 2.18. 3. Mt 22.21, Rm 13.1-8; Ef 6.1-9; Cl 3.18-21.

Confissão Belga


ARTIGO 36


O governo civil

Cremos que o nosso Deus gracioso, por causa da depravação do gênero humano, estabeleceu reis, governos e oficiais civis.1 Ele quer que o mundo seja governado por leis e planos de governo,2 para restringir os excessos dos homens e para que tudo transcorra em boa ordem entre eles.3 Para isso colocou Ele a espada na mão das autoridades para castigar os malfeitores e proteger os que praticam o bem (Rm 13.4). Eles têm por ofício não apenas restringir e conservar a boa ordem pública, mas também a proteção da igreja e do seu ministério para que* o reino de Cristo possa vir, a Palavra do evangelho seja pregada em toda a parte4 e Deus seja honrado e servido por todos — como Ele determina em Sua Palavra.
Além disso, cada um, independente da sua qualidade, condição ou classse é obrigado a submeter-se aos oficiais civis, pagar os impostos, respeitá-los e honrá-los, e obedecê-los em tudo aquilo que5 não contrarie a Palavra de Deus.6 Devemos orar por eles para que Deus os dirija em todos os seus caminhos e para que “para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1Tm 2.1, 2).
Em razão disso reprovamos os Anabatistas e outros rebeldes, e em geral todos quantos se opõem às autoridades e aos oficiais civis, subvertem a justiça,7 introduzem a comunhão de bens, e perturbam a boa ordem que Deus estabeleceu entre os homens.
* As palavras a seguir foram eliminadas nesse ponto, em 1905, pelo Sínodo Geral das Igrejas Reformadas da Holanda (Gereformeerde Kerken in Nederland): “toda idolatria e falso culto devem ser removidos e impedidos, e o reino do anticristo deve ser destruído”.

1. Pv 8.15; Dn 2.21; Jo 19.11; Rm 13.1. 2. Êx 18.20. 3. Dt 1.16; Dt 16.19; Jz 21.25; Sl 82; Jr 21.12; Jr 22.3; 1Pe 2.13, 14. 4. Sl 2; Rm 13.4a; 1Tm 2.1-4. 5. Mt 17.27; Mt 22.21; Rm 13.7; Tt 3.1; 1Pe 2.17. 6. At 4.19; At 5.29. 7. 2Pe 2.10; Jd .8.

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