Texto:
Dia do Senhor 39
Leitura:
Êxodo 20.12; Romanos 13.1-7.
Amados
irmãos e irmãs,
Nós
testemunhamos um tempo de crise de autoridade. Prega-se anarquia e
rebeldia abertamente (em nosso país). Veja o apoio dos políticos a
protestocracia – governo por meio de protestos.
Notem
virou moda:
As
reivindicações se fazem com pneus em chamas, com barricadas nas
ruas, com os grupos terroristas como o Black Bloc, o quebra-quebra
organizado. E a imprensa vive repetindo a mentira do protesto
“pacífico”. São protestos “pacíficos” que criam desordem,
que trazem medo aos cidadãos, que tiram nosso direito de ir e vir,
que param os serviços essenciais à boa ordem. E o que dizer das
greves? Que tipo de direito greve desrespeita o direito de quem não
quer fazer greve?
A
moda é dizer: Temos que ouvir as vozes da rua.
E
nossos magistrados têm ajudado os organizadores dessa
protestocracia. Um deputado continua a ser deputado mesmo depois de
ser condenado. E a suprema corte do Brasil ajuda a quadrilha que
tentou sequestrar o poder mediante a arma do mensalão. E policiais
que cumprem a lei, combatendo bandidos são penalizados pelos
superiores.
As
vozes e as manifestações da rua somente mostram que a ordem está
ameaçada. Há uma inversão de valores. A rebelião contra as
autoridades é instituída. Parece que é somente uma questão de
tempo para uma grande revolta acontecer no Brasil.
Agora,
estamos nós (em meio, cercados) nessa bagunça. Mas, não é a
primeira vez que os crentes passam por tempo de crise. A época da
Reforma foi um tempo de crise de autoridade também. As autoridades
praticaram muitas injustiças contra crentes que abraçaram a fé
reformada. Muitos crentes tiveram seus bens e títulos confiscados,
foram perseguidos, outros aprisionados e mortos pelas autoridades
romanistas. Mas, qual foi o ensino reformado para orientar os crentes
no tempo de crise e de injustiças? Será que a doutrina reformada
ensina a revolução e o desrespeito contra as autoridades
instituídas?
Essas
perguntas servem para introdução da mensagem de Deus para nós
hoje. A mensagem é a seguinte:
Honremos
a todos aqueles que Deus colocou sobre nós.
Amados
irmãos e irmãs, o mandamento do SENHOR é (Êxodo 20.12): “Honra
teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que
o SENHOR, teu Deus, te dá”.
A
palavra “honra” está no texto.
E o
que é honrar?
Honrar
é mais do que obedecer. Honrar significa considerar, estimar,
enobrecer, dar importância. E honrar tem a ver com amor. Honro a
quem amo. Quem honra de verdade ama de verdade. O amor nos leva a
honrar.
Agora,
a quem devo honrar?
O
mandamento fala da honra ao pai e a mãe: “Honra teu pai e tua mãe
...”. Então, dentre os homens, nossos pais são os primeiros
dignos de honra.
Porém,
segundo a Escritura, os termos “pai” e “mãe” são também
usados para os profetas, os mestres e os magistrados do povo de Deus.
Por exemplo, José disse que era pai de faraó (Gênesis 45.8). Isso
significava que ele guiava Faraó e governava o povo egípcio.
Débora, a juíza, disse que era mãe de Israel (Juizes 5.7). Débora
foi “mãe de Israel” porque Deus deu a ela autoridade sobre Seu
povo. No Novo Testamento os apóstolos instruíram às igrejas como
pais instruem a seus filhinhos (Gálatas 4.19; 1 João 2.1,2). Então,
notem que Deus usa as palavras “pai” e “mãe”, para designar
as autoridades que Ele colocou sobre nós: em nossas casas, na igreja
e no estado.
O
Catecismo segue a Escritura quando ensina o quinto mandamento (veja
R. 104). O Catecismo coloca de modo bíblico, a exigência e
abrangência do mandamento: devemos honrar nossos pais, nossas mães
e nossos superiores.
E
qual a base de nossa obediência aos nossos superiores?
É o
cinturão de papai e o chinelo de mamãe?
É o
medo de ser punido?
É
um contrato social?
É
nosso compromisso partidário ou sindical?
Não.
Honramos
nossos superiores, porque é a vontade de Deus.
Notem
o que diz o Catecismo (veja a parte final da R. 104): “... é a
vontade de Deus nos governar pelas mãos”. “das autoridades”. E
essa afirmação se apoia na Escritura. Pois lemos, na Palavra de
Deus:
Os
filhos são exortados a obedecerem aos pais, pois isso é justo
(agrada a Deus – Efésios 6.1).
Da
mesma forma, as esposas são submissas aos esposos por causa de
Cristo. E os servos servem aos senhores por causa de Cristo (Efésios
5.22-24; 6.5-8).
E
os membros obedecem aos oficiais da igreja por causa da vontade do
SENHOR (Hebreus 13.17).
E
nós (todos) respeitamos os magistrados e pagamos os nossos muitos
impostos, pois é também a vontade de Deus (Romanos 13.1-7).
Então,
por que você honra seus pais e as demais autoridades?
Porque
é a vontade de Deus nos governar pelas mãos delas. E você ama a
Deus e deseja fazer a vontade de Deus.
Por
isso, quando nossos filhos mostram rebeldia devemos apresentar a eles
- logo bem cedo - : “Filho não seja rebelde ao governo de Deus”.
Mude de atitude. Não há felicidade na rebelião contra o Senhor. É
vontade de Deus que você seja governado por papai e mamãe.
Falo
especialmente aos jovens – quando o mundo estiver dizendo a você
jovem: Não há nenhum senhor sobre você. Você é senhor de sua
vida. Saiba (meu jovem irmão) que isso é uma mentira grosseira.
Nós
temos um SENHOR que colocou senhores sobre nós. Em certo sentido,
ninguém na terra é livre. Somente tem um Soberano SENHOR. E esse
Soberano colocou autoridades sobre nós.
O
evangelho diz (Romanos 13.1,2): “Todo homem esteja sujeito às
autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda
de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”.
E “... é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles”. Por
isso, devo demonstrar “... toda honra, amor e fidelidade a meu pai
e à minha mãe, e a todos os meus superiores;...”. Esse é o
ensino bíblico. E quando, pela fé, obedecemos essa instrução
temos a promessa de vida longa e abençoada por Deus.
A
anarquia e rebeldia estão no coração do homem. Elas chegaram com a
Queda em pecado. E continuam presentes na história da humanidade.
Mas, a doutrina bíblica não apoia a rebeldia, a rebelião e a
desonra as autoridades. Pelo contrário, nos ensina o desejo de Deus:
“... que eu me submeta a boa instrução e disciplina vinda deles e
que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos.” E a
doutrina bíblica não promete sucesso e felicidade para os rebeldes.
A promessa para o rebelde é vida curta. É maldição.
Agora,
somente somos autorizados a desobedecermos às autoridades quando a
ordem delas vai contra a Palavra de Deus. Ai nós não devemos ser
submissos às autoridades. Por exemplo: Se seu marido ou seus pais
proíbem você de vir para os cultos. Você, com amor e honra, deve
dizer: não posso obedecer a esse mandamento. Siga o exemplo de Pedro
(Atos 5.29): “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens”.
E, essa verdade se aplica a todos que estiverem debaixo de
autoridade: empregados, soldados, servidores públicos e membros da
igreja. Porém, precisamos orar para discernirmos como aplicar essa
verdade.
Agora,
quem aqui se acha capaz de cumprir esse mandamento?
Acho
que ninguém. Ninguém aqui é capaz de cumprir o quinto mandamento.
A
nossa natureza humana nos inclina a rebeldia contra Deus. Nossa carne
deseja desonrar ao Senhor. E, além de nossa rebeldia carnal, é uma
luta para nós cumprirmos o quinto mandamento sendo governados por
pais, maridos e oficiais fracos e pecadores, por patrões injustos e
governantes corruptos.
E o
que nos resta (então)?
É
confiar que a nossa salvação está em Cristo. Ele foi quem, mesmo
sendo Deus, encarnou para cumprir perfeitamente o quinto mandamento
por nós. Ele foi submisso ao Pai em tudo e por obediência morreu
para nos salvar (Filipenses 2.5-8); Foi submisso aos seus pais que
eram pecadores (Lucas 2.48-52). Você imagina o santo e perfeito Deus
se submetendo a pais pecadores e imperfeitos?
O
Senhor Jesus foi submisso as autoridades corruptas e injustas como
César e Pilatos (Mateus 22.21; João 19.11).
Nós
buscamos cumprir o quinto mandamento não para sermos salvos. Nós
queremos ser gratos a Deus. E buscamos a graça do Espírito Santo
para podermos nos deixar sermos governados pelas autoridades, e, o
mais difícil para nós, sermos pacientes com as fraquezas e defeitos
de nossos pais e superiores. E assim, testemunharmos ao mundo rebelde
e anarquista que Cristo salva e transforma pecadores rebeldes. Que
Cristo, por Seu Espírito e Palavra, nos concede um novo coração
que se agrada em ser governado por Deus, nosso Pai.
E,
no término desse sermão, vamos encerrar lendo o Artigo 36 da
Confissão Belga. Essa confissão foi escrita na época da reforma. E
o autor dessa confissão, Pr. Guido de Brés, foi assassinato pelas
autoridades em praça pública. E em praça pública, mesmo sabendo
de sua inocência, exortou os crentes a honrarem a Deus e as
autoridades. Ele fez isso segundos antes de ser pendurado pela corda
da força. Então, pela doutrina bíblica ensinada em nossas
confissões reformadas, honrarmos a todos aqueles que Deus colocou
sobre nós (leiamos nós juntos o Artigo 36 da Confissão
Belga agora). O “amém” será dado depois da leitura desse
artigo.
Sermão
preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina bíblica ensinada
no Dia do Senhor 39.
Textos:
Catecismo
de Heidelberg
Dia
do Senhor 39
P.104. O
que exige Deus no quinto mandamento?
R. Que
eu demonstre toda honra, amor e fidelidade a meu pai e à minha mãe,
e a todos os meus superiores; que eu me submeta devidamente às suas
boas instrução e disciplina1 e que também seja paciente com as
suas fraquezas e defeitos,2 pois é a vontade de Deus nos governar
pelas mãos deles.3
1.
Ex 21.17; Pv 1.8; 4.1; Rm 13.1, 2; Ef 5.21, 22; 6.1-9; Cl 3.18-4.1.
2. Pv 20.20; 23.22; 1Pe 2.18. 3. Mt 22.21, Rm 13.1-8; Ef 6.1-9; Cl
3.18-21.
Confissão Belga
ARTIGO 36
O governo civil
Cremos que o nosso Deus gracioso, por causa da depravação do gênero humano, estabeleceu reis, governos e oficiais civis.1 Ele quer que o mundo seja governado por leis e planos de governo,2 para restringir os excessos dos homens e para que tudo transcorra em boa ordem entre eles.3 Para isso colocou Ele a espada na mão das autoridades para castigar os malfeitores e proteger os que praticam o bem (Rm 13.4). Eles têm por ofício não apenas restringir e conservar a boa ordem pública, mas também a proteção da igreja e do seu ministério para que* o reino de Cristo possa vir, a Palavra do evangelho seja pregada em toda a parte4 e Deus seja honrado e servido por todos — como Ele determina em Sua Palavra.
Além
disso, cada um, independente da sua qualidade, condição ou classse
é obrigado a submeter-se aos oficiais civis, pagar os impostos,
respeitá-los e honrá-los, e obedecê-los em tudo aquilo que5 não
contrarie a Palavra de Deus.6 Devemos orar por eles para que Deus os
dirija em todos os seus caminhos e para que “para que vivamos vida
tranquila e mansa, com toda piedade e respeito” (1Tm 2.1, 2).
Em
razão disso reprovamos os Anabatistas e outros rebeldes, e em geral
todos quantos se opõem às autoridades e aos oficiais civis,
subvertem a justiça,7 introduzem a comunhão de bens, e perturbam a
boa ordem que Deus estabeleceu entre os homens.
* As
palavras a seguir foram eliminadas nesse ponto, em 1905, pelo Sínodo
Geral das Igrejas Reformadas da Holanda (Gereformeerde Kerken in
Nederland): “toda idolatria e falso culto devem ser removidos e
impedidos, e o reino do anticristo deve ser destruído”.
1.
Pv 8.15; Dn 2.21; Jo 19.11; Rm 13.1. 2. Êx 18.20. 3. Dt 1.16; Dt
16.19; Jz 21.25; Sl 82; Jr 21.12; Jr 22.3; 1Pe 2.13, 14. 4. Sl 2; Rm
13.4a; 1Tm 2.1-4. 5. Mt 17.27; Mt 22.21; Rm 13.7; Tt 3.1; 1Pe 2.17.
6. At 4.19; At 5.29. 7. 2Pe 2.10; Jd .8.
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