sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Seja Rico Para Com Deus!

Leitura: Lucas 12.1-34
Texto: Lucas 12.13-21

Amada congregação do Senhor Jesus e visitantes,

Qual seu conceito sobre a riqueza?
Qual seu conceito sobre a pobreza?
Qual o seu conceito sobre os ricos?
E qual o seu conceito sobre os pobres?
O que motiva você buscar ou não buscar a riqueza ou a pobreza?
E vou ser bem cuidadoso agora:
Vivemos entre extremos conceituais. O extremo do conceito socialista. O conceito socialista é que os ricos geram pobres. E, por isso, o estado deve cobrar mais dos ricos e menos dos pobres. Pois, “um país rico é um país sem pobreza”.
O outro conceito extremo é acumular capital (bens) somente para si. Não posso chamar esse conceito de capitalismo. Mas, digo que o capitalismo é bem usado para promover esse mal. Posso pagar dois salários mínimos ao meu empregado. Ele viverá melhor assim. Mas não pagarei. Pois, se pagar dois salários terei menos riqueza. Ou: Por que vou doar para asilos de velhos? Ora, é melhor para mim que eu guarde minha fortuna no banco, para gerar mais dinheiro para gozar minha velhice.
Os conceitos do socialismo e do capitalismo corrompido são extremos.
Então:
Onde devemos basear nosso conceito sobre riqueza e pobreza, sobre ricos e sobre pobres?
Qual a consideração que devemos ter pelas riquezas?
Será que os ricos geram pobres?
Será que as riquezas geram miséria?
O que é ser rico verdadeiramente?
O que é ser pobre verdadeiramente?
E falo agora sobre ser rico ou pobre para Deus.
Amados irmãos e irmãs, não são as riquezas que geram miséria diante de Deus. E nem é a minha pobreza que me faz ser rico diante de Deus.
É a avareza que gera miséria diante de Deus.
Vejam a parábola que Jesus contou. Como uma parábola é uma história com um ensino dentro. Jesus nos ensina:

Não seja louco. Não seja avarento. Seja rico para com Deus!

Esse é o tema da mensagem do Senhor para nós hoje.
Amados irmãos e irmãs, Jesus Cristo está em sua última viagem a Jerusalém quando conta essa parábola. É o estágio final de Seu ministério terreno. E a fama do Senhor era grande. As multidões cercavam Jesus (v. 1).
E no meio do aperto, provocado pela multidão, um homem falou a Jesus: “Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança” (v.13).
Não sabemos muita coisa sobre esse homem que falou a Jesus. Quem ele era. De onde ele vinha. Se ele era o irmão mais novo ou do meio. Não temos detalhes. Não sabemos muito sobre ele.
O que sabemos?
Sabemos que ele se sentia defraudado por seu irmão.
Sabemos que a Lei regulava a partilha das heranças (patrimônios, bens deixados para filhos ou parentes). E sabemos que cabia aos juízes do povo resolverem essa questão (vejam em casa: Deuteronômio 21.15-17; Nm 27.8-11; e o cap. 36 deste).
Sabemos também que brigas por causa de herança são comuns na vida. Essas brigas trazem muita tristeza e divisão nas famílias.
Outra coisa que sabemos é que o homem considerou Jesus um Mestre, um rabino. O homem queria que Jesus julgasse sua questão. O homem queria que Jesus comprasse a briga dele. Ele disse (v. 13): “Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança”.
E outra coisa que sabemos: O Senhor Jesus não atendeu o pedido daquele homem (veja o v. 14). As vezes pensamos que o Senhor atenderá todos os nossos pedidos. Mas, não. O Senhor não atendeu o pedido daquele homem.
O Senhor foi até forte contrariando o pedido feito, dizendo (v.14): “... Homem, quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?” Era uma pergunta que já tinha uma resposta! A resposta era: ninguém. O Senhor Jesus não foi estabelecido juiz para julgar aquela questão. Esse julgamento cabia aos juízes do povo.
Mas, o que o Senhor Jesus fez?
O Senhor aproveitou a situação para dar uma instrução a todos. Vejam o v. 15: “Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possuí”.
Aqui temos a fonte do problema que levou aquele homem ir ao Senhor Jesus: avareza (ou cobiça).
Há dois tipos de avareza descritos na Escritura:
A avareza que é o amor pelos bens e que leva você a armazenar para si mesmo somente – é “o amor pelo dinheiro” que se fala e é reprovado em 1 Tm 6.10. É um amor tão grande por suas posses que você somente poupa. Você somente reserva para si o que é seu. Essa avareza é mais passiva. Você não fica buscando adquirir novos bens, nem defraudar ninguém. Mas, também essa avareza leva você a não promover o bem do próximo.
E o outro tipo de avareza é uma paixão que leva você a, por prazer, querer mais e mais, ter e ter, e ter ainda mais possessões para si somente. Essa avareza é ativa. É violenta. Você pode até usar de força e defraudação do próximo para conseguir bens que você não tem.
A palavra usada por Jesus se refere a esse último tipo de avareza: uma paixão maligna que leva você a querer mais e mais, ter e ter, e ter ainda mais possessões para si somente.
Esse era o tipo de avareza que Jesus se referiu no v. 15. Talvez tenha sido a avareza do irmão do homem que buscou Jesus. Ou, talvez, era o sentimento do homem que buscou Jesus. Quem nos garante que ele não estivesse cobiçando a porção do primogênito?
Bem ... mas, o que importa no momento?
É o claro ensino de Jesus: Não seja louco. Não seja avarento. Seja rico para com Deus!
A parábola do rico insensato serve para fixar esse mandamento (vs. 16-20).
O avarento é o rico fazendeiro da parábola.
E Jesus ilustrou bem o avarento:
O avarento é soberbo. Ele não pediu conselho a ninguém. A sabedoria da Palavra não importava para Ele. Deus não existe para o avarento. O conselheiro dele é o seu coração cobiçoso (v. 17).
O avarento não considerava as riquezas como bênçãos de Deus. Notem: o homem rico falava “meus frutos” (v. 17), “meus celeiros”, o “meu produto”, “os meus bens”. As riquezas são presentes de Deus (o SENHOR enriqueceu Abrão e dobrou a riqueza de Jó). Mas, o cobiçoso não considera as riquezas como presentes de Deus.
O avarento não pensava no próximo quando planejava a administração das bênçãos de Deus. O homem rico somente planejou ampliar os seus celeiros. Reter os bens somente para si mesmo (v. 18). Ele somente entesourou para si mesmo. Não pensou em voluntariamente distribuir aos necessitados.
O avarento se achava autossuficiente (não precisa de Deus) e o dono de si mesmo: Notem que o homem rico pensava (vs. 18,19): [eu] “farei”, [eu] “destruirei”, [eu] “reconstruirei”, [eu] “recolherei”, [eu] “direi”. E, o sentimento de se achar dono de si mesmo (v. 19): “Eu direi a minha alma”.
O avarento depositava em seus bens sua esperança no futuro, seu consolo e sua paz. O homem rico viu a abundância de seus bens. Não louvou a Deus. E planejou o seu futuro com base nessa abundância de bens (“farei” e “direi”). O cobiçoso não disse sinceramente: “se o Senhor quiser”. O homem rico dizia para si mesmo (v. 19): “... Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te [celebra, festeja].” O avarento é um materialista mesmo. É um idólatra. Pois sua confiança não está somente no Senhor. Para o avarento o futuro, o consolo e a paz se firmam em seus bens. Portanto, o Senhor Jesus ilustrou bem o cobiçoso.
Agora, chama atenção o desfecho da parábola (vs. 20,21):
Acho que alguns de vocês, em sonho, já se viram deitados sobre ou nadando em dinheiro (como o Tio Patinhas fazia nos desenhos ou nos gibis). E de repente, no melhor do sonho, surge – de longe e vai ficando mais forte – uma voz: “Acoooorda ... olha a horaaaa!” Era tão terrível acordar daquele sonho.
Assim, foi terrível para o homem rico ser acordado da loucura dele. E, na parábola, o próprio Deus é quem fala ao homem avarento. E a primeira palavra que ele ouviu foi: “Louco ...”. E depois Deus fez uma afirmação de juízo: “...esta noite te pedirão a tua alma;”. E depois Deus fez uma pergunta que levou o homem a ver a loucura dele: “... e o que tens preparado, para quem será?”.
O homem rico vivia como se Deus não existisse. Ele confiava na abundância dos seus próprios bens e na perversidade ele se fortalecia. E isso é loucura. Não ter o Senhor como fortaleza e único e verdadeiro Deus. E a avareza, que é idolatria, passa a ser a deusa daqueles que buscam entesourar somente para si.
Se caímos em avareza, então, a vida não terá posses. Mas, a vida será possuída pela avareza. E aí chegará o dia quando Deus pedirá contas. E nesse dia, veremos que a avareza é mais uma falsa deusa dos homens!
A parábola adverte: Não seja louco. Não seja avarento. Seja rico para com Deus!

Concluindo:

O pecado não é ser rico. O pecado não é ter poupança, fazer aplicações nos bancos ou investimentos na bolsa de valores. O pecado não é possuir muitos imóveis, dinheiro, carros, ou seja, riquezas. Ser rico é uma bênção de Deus. E fazer investimentos é administrar bem as bênçãos de Deus.
Não caia no engano do socialismo. E não caia também no engano do individualismo egoísta que corrompe o capitalismo. E nem ouça o falso evangelho socialista da teologia da libertação que ensina que os ricos irão para o inferno e os pobres para o céu. E nem seja levado pelo falso evangelho individualista e materialista da teologia da prosperidade.
O pecado é entesourar “para si mesmo” – diz Jesus. O pecado é a avareza. A avareza que é idolatria (Cl 3.5). A avareza que domina o coração do homem, que faz ele negar a Deus. E é o avarento que não herdará o reino de Deus (1 Co 6.10).
E a avareza não é uma idolatria que atinge somente os ricos. Não. Os ricos facilmente podem viver nesse pecado mortal. Por isso, a Escritura exorta aos ricos a serem caridosos (1 Tm 6.17-19). E dizem também que dificilmente um rico entrará no reino do céu (Mt 19.23). Mas, pobres também podem adorar a avareza. Quantos pobres deixam de comer para jogar no bicho ou na loto? E quantas vezes ouvimos de irmãos pobres: “Como posso ofertar, pois mau tenho para mim?” E quantos pobres você conhece que, movidos por cobiça, não levam seus patrões à justiça?
A avareza está no coração (Mc 7.22). É uma obra da nossa natureza caída (Cl 3.5). É um pecado que se infiltra na igreja (1 Co 5.10,11). E, por amor a Cristo Jesus, devemos abominar a avareza. A avareza enlouquece e leva homens para o inferno (1 Co 6.10).
Jesus nos alertou a nos protegermos da avareza. E o Senhor nos chamou a sermos ricos para com Deus.
Agora, como nos tornamos ricos para com Deus?
Na vida terrena nos tornamos ricos por meio do trabalho, por meio de herança ou por meio de roubo. Mas, na vida espiritual, nos tornamos ricos somente por herança.
A herança que vem pelo trabalho de Cristo Jesus. Pois, Jesus se fez pobre para nos conquistar as riquezas da graça de Deus. Apesar do SENHOR ser o Herdeiro de toda a Criação, Ele encarnou, nascendo como pobre. Viveu como um pobre. Morreu como um miserável maldito na cruz. Mas, ressuscitou em glória e está em glória para nos fazer herdeiros da Sua gloriosa riqueza e herança. E essa herança é nossa somente quando por verdadeira fé cremos em Cristo Jesus.
Quando pela fé confiamos em Cristo, então, somos feitos filhos de Deus e coerdeiros de Cristo. Recebemos a riqueza da graça de Deus, do perdão dos pecados, da justiça de Cristo, do amor de Deus, do Espírito Santo e a promessa de herdarmos a terra (Gl 3.1-14).
Posso ser nessa vida pobre como o mendigo Lázaro, ou, como a viúva velhinha que ofertou a Deus tudo o que tinha. Ou posso ser rico como José de Arimatéia, ou, como Lídia. Estes como aqueles são os verdadeiros ricos, pois, estão em Cristo Jesus. Eles compreenderam que eram miseráveis pecadores. Eles buscaram a Cristo Jesus não em busca de tesouros e heranças dessa terra. Mas, em busca da salvação em Cristo somente. Então, somente em Cristo podemos ser ricos para com Deus.
E alerto a todos:
Na vida terrena existem várias classes sociais: os ricos, a classe média, os pobres e os miseráveis. Mas, na vida espiritual não. Somente duas classes sociais existem: Ou você é rico ou você é miserável.
Em qual classe você está?
Se está em Cristo você é verdadeiramente rico. Se está fora de Cristo, você pode até nadar em dinheiro, mas é um miserável pecador.
Se está em Cristo, você tem a salvação eterna e riquezas que acompanharão você após a sua morte física. Você não será condenado por Jesus Cristo – no juízo Ele julgará os avarentos. Mas, se você está fora de Cristo, então, saiba que nu você veio ao mundo e nu você sairá dessa vida (1 Tm 5.7). E, pior, despido da justiça de Cristo. E essa justiça de Cristo que nos veste e nos livra da ira eterna de Deus.
Por isso, quem, pela graça de Deus, entendeu a parábola do homem rico se protegerá da avareza. Não será louco de continuar na avareza. Buscará Cristo Jesus, a fim ser feito rico para com Deus! Pois, somente em Cristo Jesus reside a nossa riqueza diante de Deus. E somente a riqueza que temos em Cristo nos acompanhará após a morte física. Assim, somente em Cristo, pela fé, podemos dizer a nossa alma: “... tens em depósitos muitos bens; descansa, come, bebe e regala-te [celebra, festeja]. Pois somente em Cristo gozaremos eternamente, em corpo e alma, toda herança que Ele conquistou graciosamente para nós.

Amém.
Sermão preparado pelo Rev. Adriano Gama expondo o texto de Lucas 12.13-21.

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