Leitura:
Lucas
12.1-34
Texto:
Lucas
12.13-21
Amada
congregação do Senhor Jesus e visitantes,
Qual
seu conceito sobre a riqueza?
Qual
seu conceito sobre a pobreza?
Qual
o seu conceito sobre os ricos?
E
qual o seu conceito sobre os pobres?
O
que motiva você buscar ou não buscar a riqueza ou a pobreza?
E
vou ser bem cuidadoso agora:
Vivemos
entre extremos conceituais. O extremo do conceito socialista. O
conceito socialista é que os ricos geram pobres. E, por isso, o
estado deve cobrar mais dos ricos e menos dos pobres. Pois, “um
país rico é um país
sem pobreza”.
O
outro conceito extremo é acumular capital (bens) somente para si.
Não posso chamar esse conceito de capitalismo. Mas, digo que o
capitalismo é bem usado para promover esse mal. Posso pagar dois
salários mínimos ao meu empregado. Ele viverá melhor assim. Mas
não pagarei. Pois, se pagar dois salários terei menos riqueza. Ou:
Por que vou doar para asilos de velhos? Ora, é melhor para mim que
eu guarde
minha fortuna no banco, para gerar mais dinheiro para gozar minha
velhice.
Os
conceitos do socialismo e do capitalismo corrompido são extremos.
Então:
Onde
devemos basear nosso conceito sobre riqueza e pobreza, sobre ricos e
sobre pobres?
Qual
a consideração que devemos ter pelas riquezas?
Será
que os ricos geram pobres?
Será
que as riquezas geram miséria?
O
que é ser rico verdadeiramente?
O
que é ser pobre verdadeiramente?
E
falo agora sobre ser rico ou pobre para Deus.
Amados
irmãos e irmãs, não são as riquezas que geram miséria diante de
Deus. E nem é a minha pobreza que me faz ser rico diante de Deus.
É
a avareza que gera miséria diante de Deus.
Vejam
a parábola que Jesus contou. Como uma parábola é uma história com
um ensino dentro. Jesus nos ensina:
Não
seja louco. Não seja avarento. Seja rico para com Deus!
Amados
irmãos e irmãs, Jesus Cristo está em sua última viagem a
Jerusalém quando conta essa parábola. É o estágio final de Seu
ministério terreno. E a fama do Senhor era grande. As multidões
cercavam Jesus (v. 1).
E
no meio do aperto, provocado pela multidão, um homem falou a Jesus:
“Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança”
(v.13).
Não
sabemos muita coisa sobre esse homem que falou a Jesus. Quem ele era.
De onde ele vinha. Se ele era o irmão mais novo ou do meio. Não
temos detalhes. Não sabemos muito sobre ele.
O
que sabemos?
Sabemos
que ele se sentia defraudado por seu irmão.
Sabemos
que a Lei regulava a partilha das heranças (patrimônios, bens
deixados para filhos ou parentes). E sabemos que cabia aos juízes do
povo resolverem essa questão (vejam em casa: Deuteronômio
21.15-17; Nm 27.8-11; e o cap. 36 deste).
Sabemos
também que brigas por causa de herança são comuns na vida. Essas
brigas trazem muita tristeza e divisão nas famílias.
Outra
coisa que sabemos é que o homem considerou Jesus um Mestre, um
rabino. O homem queria que Jesus julgasse sua questão. O homem
queria que Jesus comprasse a briga dele. Ele disse (v. 13): “Mestre,
ordena a meu irmão que reparta comigo a herança”.
E
outra coisa que sabemos: O Senhor Jesus não atendeu o pedido daquele
homem (veja o v. 14). As vezes pensamos que o Senhor atenderá todos
os nossos pedidos. Mas, não. O Senhor não atendeu o pedido daquele
homem.
O
Senhor foi até forte contrariando o pedido feito, dizendo (v.14):
“... Homem, quem me constituiu juiz ou repartidor entre vós?”
Era uma pergunta que já tinha uma resposta! A resposta era: ninguém.
O Senhor Jesus não foi estabelecido juiz para julgar aquela questão.
Esse julgamento cabia aos juízes do povo.
Mas,
o que o Senhor Jesus fez?
O
Senhor aproveitou a situação para dar uma instrução a todos.
Vejam o v. 15: “Então, lhes recomendou: Tende cuidado e
guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não
consiste na abundância dos bens que ele possuí”.
Aqui
temos a fonte do problema que levou aquele homem ir ao Senhor Jesus:
avareza (ou cobiça).
Há
dois tipos de avareza descritos na Escritura:
A
avareza que é o amor pelos bens e que leva você a armazenar para si
mesmo somente – é “o amor pelo dinheiro” que se fala e é
reprovado em 1 Tm 6.10. É um amor tão grande por suas posses que
você somente poupa. Você somente reserva para si o que é seu. Essa
avareza é mais passiva. Você não fica buscando adquirir novos
bens, nem defraudar ninguém. Mas, também essa avareza leva você a
não promover o bem do próximo.
E
o outro tipo de avareza é uma paixão que leva você a, por prazer,
querer mais e mais, ter e ter, e ter ainda mais possessões para si
somente. Essa avareza é ativa. É violenta. Você pode até usar de
força e defraudação do próximo para conseguir bens que você não
tem.
A
palavra usada por Jesus se refere a esse último tipo de avareza: uma
paixão maligna que leva você a querer mais e mais, ter e ter, e ter
ainda mais possessões para si somente.
Esse
era o tipo de avareza que Jesus se referiu no v. 15. Talvez tenha
sido a avareza do irmão do homem que buscou Jesus. Ou, talvez, era o
sentimento do homem que buscou Jesus. Quem nos garante que ele não
estivesse cobiçando a porção do primogênito?
Bem
... mas, o que importa no momento?
É
o claro ensino de Jesus: Não seja louco. Não seja avarento. Seja
rico para com Deus!
A
parábola do rico insensato serve para fixar esse mandamento (vs.
16-20).
O
avarento é o rico fazendeiro da parábola.
E
Jesus ilustrou bem o avarento:
O
avarento é soberbo. Ele não pediu conselho a ninguém. A sabedoria
da Palavra não importava para Ele. Deus não existe para o avarento.
O conselheiro dele é o seu coração cobiçoso (v. 17).
O
avarento não considerava as riquezas
como bênçãos de Deus. Notem: o homem rico falava “meus frutos”
(v. 17), “meus
celeiros”, o “meu
produto”, “os meus
bens”. As riquezas são presentes de Deus (o SENHOR enriqueceu
Abrão e dobrou a riqueza de Jó). Mas, o cobiçoso não considera as
riquezas como presentes de Deus.
O
avarento não pensava no próximo quando planejava a administração
das bênçãos de Deus. O homem rico somente planejou ampliar os seus
celeiros. Reter os bens somente para si mesmo (v. 18). Ele somente
entesourou para si mesmo. Não pensou em voluntariamente distribuir
aos necessitados.
O
avarento se achava autossuficiente (não precisa de Deus) e o dono de
si mesmo: Notem que o homem rico pensava (vs. 18,19): [eu] “farei”,
[eu] “destruirei”, [eu] “reconstruirei”, [eu] “recolherei”,
[eu] “direi”. E, o sentimento de se achar dono de si mesmo (v.
19): “Eu direi a minha
alma”.
O
avarento depositava em seus bens sua esperança no futuro, seu
consolo e sua paz. O homem rico viu a abundância de seus bens. Não
louvou a Deus. E planejou o seu futuro com base nessa abundância de
bens (“farei” e “direi”). O cobiçoso não disse
sinceramente: “se o Senhor quiser”. O homem rico dizia para si
mesmo (v. 19): “... Então, direi
à minha alma: tens em depósito muitos bens
para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te [celebra,
festeja].” O avarento é um materialista mesmo. É um idólatra.
Pois sua confiança não está somente no Senhor. Para o avarento o
futuro, o consolo e a paz se firmam em seus bens. Portanto, o Senhor
Jesus ilustrou bem o cobiçoso.
Agora,
chama atenção o desfecho da parábola (vs. 20,21):
Acho
que alguns de vocês, em sonho, já se viram deitados sobre ou
nadando em dinheiro (como o Tio Patinhas fazia nos desenhos ou nos
gibis). E de repente, no melhor do sonho, surge – de longe e vai
ficando mais forte – uma voz: “Acoooorda ... olha a horaaaa!”
Era tão terrível acordar daquele sonho.
Assim,
foi terrível para o homem rico ser acordado da loucura dele. E, na
parábola, o próprio Deus é quem fala ao homem avarento. E a
primeira palavra que ele ouviu foi: “Louco ...”. E depois Deus
fez uma afirmação de juízo: “...esta noite te pedirão a tua
alma;”. E depois Deus fez uma pergunta que levou o homem a ver a
loucura dele: “... e o que tens preparado, para quem será?”.
O
homem rico vivia como se Deus não existisse. Ele confiava na
abundância dos seus próprios bens e na perversidade ele se
fortalecia. E isso é loucura. Não ter o Senhor como fortaleza e
único e verdadeiro Deus. E a avareza, que é idolatria, passa a ser
a deusa daqueles que buscam entesourar somente para si.
Se
caímos em avareza, então, a vida não terá posses. Mas, a vida
será possuída pela avareza. E aí chegará o dia quando Deus pedirá
contas. E nesse dia, veremos que a avareza é mais uma falsa deusa
dos homens!
A
parábola adverte: Não seja louco. Não seja avarento. Seja rico
para com Deus!
Concluindo:
O
pecado não é ser rico. O pecado não é ter poupança, fazer
aplicações nos bancos ou investimentos na bolsa de valores. O
pecado não é possuir muitos imóveis, dinheiro, carros, ou seja,
riquezas. Ser rico é uma bênção de Deus. E fazer investimentos é
administrar bem as bênçãos de Deus.
Não
caia no engano do socialismo. E não caia também no engano do
individualismo egoísta que corrompe o capitalismo. E nem ouça o
falso evangelho socialista da teologia da libertação que ensina que
os ricos irão para o inferno e os pobres para o céu. E nem seja
levado pelo falso evangelho individualista e materialista da teologia
da prosperidade.
O
pecado é entesourar “para si mesmo”
– diz Jesus. O pecado é a avareza. A avareza que é idolatria (Cl
3.5). A avareza que domina o coração do homem, que faz ele negar a
Deus. E é o avarento que não herdará o reino de Deus (1 Co 6.10).
E
a avareza não é uma idolatria que atinge somente os ricos. Não. Os
ricos facilmente podem viver nesse pecado mortal. Por isso, a
Escritura exorta aos ricos a serem caridosos (1 Tm 6.17-19). E dizem
também que dificilmente um rico entrará no reino do céu (Mt
19.23). Mas, pobres também podem adorar a avareza. Quantos pobres
deixam de comer para jogar no bicho ou na loto? E quantas vezes
ouvimos de irmãos pobres: “Como posso ofertar, pois mau tenho para
mim?” E quantos pobres você conhece que, movidos por cobiça, não
levam seus patrões à justiça?
A
avareza está no coração (Mc 7.22). É uma obra da nossa natureza
caída (Cl 3.5). É um pecado que se infiltra na igreja (1 Co
5.10,11). E, por amor a Cristo Jesus, devemos abominar a avareza. A
avareza enlouquece e leva homens para o inferno (1 Co 6.10).
Jesus
nos alertou a nos protegermos da avareza. E o Senhor nos chamou a
sermos ricos para com Deus.
Agora,
como nos tornamos ricos para com Deus?
Na
vida terrena nos tornamos ricos por meio do trabalho, por meio de
herança ou por meio de roubo. Mas, na vida espiritual, nos tornamos
ricos somente por herança.
A
herança que vem pelo trabalho de Cristo Jesus. Pois, Jesus se fez
pobre para nos conquistar as
riquezas da graça de Deus. Apesar do SENHOR ser o Herdeiro de toda a
Criação, Ele encarnou, nascendo como pobre. Viveu como um pobre.
Morreu como um miserável maldito na cruz. Mas, ressuscitou em glória
e está em glória para nos fazer herdeiros da Sua gloriosa riqueza e
herança. E essa herança é nossa somente quando por verdadeira fé
cremos em Cristo Jesus.
Quando
pela fé confiamos em Cristo, então, somos feitos filhos de Deus e
coerdeiros de Cristo.
Recebemos a riqueza da graça de Deus, do perdão dos pecados, da
justiça de Cristo, do amor de Deus, do Espírito Santo e a promessa
de herdarmos a terra (Gl 3.1-14).
Posso
ser nessa vida pobre como o mendigo Lázaro, ou, como a viúva
velhinha que ofertou a Deus tudo o que tinha. Ou posso ser rico como
José de Arimatéia, ou, como Lídia. Estes como aqueles são os
verdadeiros ricos, pois, estão em Cristo Jesus. Eles compreenderam
que eram miseráveis pecadores. Eles buscaram a Cristo Jesus não em
busca de tesouros e heranças dessa terra. Mas, em busca da salvação
em Cristo somente. Então, somente em Cristo podemos ser ricos para
com Deus.
E
alerto a todos:
Na
vida terrena existem várias classes sociais: os ricos, a classe
média, os pobres e os miseráveis. Mas, na vida espiritual não.
Somente duas classes sociais existem: Ou você é rico ou você é
miserável.
Em
qual classe você está?
Se
está em Cristo você é verdadeiramente rico. Se está fora de
Cristo, você pode até nadar em dinheiro, mas é um miserável
pecador.
Se
está em Cristo, você tem a salvação eterna e riquezas que
acompanharão você após a sua morte física. Você não será
condenado por Jesus Cristo – no juízo Ele julgará os avarentos.
Mas, se você está fora de Cristo, então, saiba que nu você veio
ao mundo e nu você sairá dessa vida (1 Tm 5.7). E, pior, despido da
justiça de Cristo. E essa justiça de Cristo que nos veste e nos
livra da ira eterna de Deus.
Por
isso, quem, pela graça de Deus, entendeu a parábola do homem rico
se protegerá da avareza. Não será louco de
continuar na avareza. Buscará Cristo Jesus, a fim ser feito rico
para com Deus! Pois, somente em Cristo Jesus
reside a nossa riqueza diante de Deus. E somente a riqueza que temos
em Cristo nos acompanhará após a morte física. Assim, somente em
Cristo, pela fé, podemos dizer a nossa alma: “... tens em
depósitos muitos bens; descansa, come, bebe e regala-te [celebra,
festeja]. Pois somente em Cristo gozaremos eternamente, em corpo e
alma, toda herança que Ele conquistou graciosamente para nós.
Amém.
Sermão
preparado pelo Rev. Adriano Gama expondo o texto de Lucas 12.13-21.