sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Carta a Pio IX - Uma exposição bíblica e teológica Reformada.


A Pio IX, Bispo de Roma.
Pela vossa encíclica, datada de 1869, convidais os protestantes a enviarem delegados para o Concílio convocado a reunir-se em Roma durante o mês de dezembro, do corrente ano. Esta carta foi levada ao conhecimento de duas Assembléias Gerais da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos da América. Estas Assembléias representam cerca de cinco mil ministros e um número bem maior de congregações cristãs.
Crendo, como cremos, que é a vontade de Cristo que a Sua Igreja na terra deva ser unida, e reconhecendo que temos o dever de fazer coerentemente tudo que pudermos para promover a caridade e a comunhão cristã, julgamos por certo apresentar resumidamente as razões que nos proíbem de participar nas deliberações do Concílio vindouro.
Não é que tenhamos rejeitado nenhum artigo da fé católica. Não somos heréticos. Recebemos sinceramente todas as doutrinas contidas no Símbolo conhecido como o Credo dos Apóstolos. Consideramos todas as decisões doutrinárias dos primeiros seis concílios ecumênicos como consistentes com a Palavra de Deus, e por causa disso os recebemos como expressão da nossa fé. Cremos portanto na doutrina da Trindade e da pessoa de Cristo conforme expressas nos símbolos adotados pelo Concílio de Nicéia (321 A.D.), nos do Concílio de Constantinopla (381 A.D.), e mais inteiramente nos do Concílio de Calcedônia (451 A.D.). Cremos que há três pessoas na Divindade, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo; e estes três são de uma mesma substância e iguais em poder e glória.
Cremos que o Eterno Filho de Deus tornou-se homem ao tomar sobre si um corpo verdadeiro e alma racional, e assim foi e continua a ser, igualmente Deus e homem, em duas naturezas distintas numa pessoa para todo sempre. Cremos que o nosso adorável Senhor e Salvador Jesus Cristo é o profeta que deveria vir ao mundo, em cujos ensinamentos devemos crer, e em cujas promessas, confiar. Ele é o Sumo Sacerdote de quem a infinita satisfação meritória à justiça divina, e intercessão sempre eficaz, é a única base para a aceitação e justificação do pecador diante de Deus.
Reconhecemo-Lo como nosso Senhor não apenas por sermos Suas criaturas, mas por termos sido comprados pelo Seu sangue. À Sua autoridade devemos nos submeter, em Seu cuidado confiar, e todas as criaturas no céu e na terra devem ser consagradas ao Seu serviço.
Recebemos todas aquelas doutrinas concernentes ao pecado, à graça e a predestinação — conhecidas coma Agostinianas — que foram sancionadas não apenas pelo Concilio de Cartago e outros Sínodos provinciais, mas também pelo Concílio Ecumênico de Éfeso (431 AD.), e por Zózimo, bispo de Roma.
Não podemos, por essa causa, ser acusados de heréticos sem que, conjuntamente, se condene toda a antiga igreja.
Tampouco somos cismáticos. Afetuosamente reconhecemos como membros da Igreja visível de Cristo na terra, todos aqueles que, juntamente com seus filhos, professam a verdadeira religião. Não só estamos dispostos, mas também ardentemente desejosos em manter comunhão cristã com eles, desde que não exijam, como condição desta comunhão, que professemos doutrinas que a Palavra de Deus condena, ou que devamos fazer o que ela proíbe. Em todo caso, qualquer igreja que estabelece tais termos antibíblicos para a comunhão, o erro e a falta está nesta igreja, e não em nós.
Embora não declinamos do vosso convite por sermos heréticos ou cismáticos, somos, entretanto, impedidos de aceitá-lo porque adotamos, com uma confiança cada vez maior, os princípios pelos quais nosso pais foram excomungados e amaldiçoados pelo Concílio de Trento, que representou, e ainda representa, Igreja sobre a qual presidis.
O mais importante desses princípios são: primeiro, que a Palavra de Deus, contida nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento é a única e infalível regra de fé e de prática.
O Concílio de Trento, contudo, declarou anátema todo aquele que não recebe o ensinamento da tradição “pari pietatis affectu” (com igual sentimento piedoso) como as próprias Escrituras. Não podemos fazer isso sem incorrer na condenação que nosso Senhor pronunciou contra os fariseus que invalidavam a Palavra de Deus pelas tradições deles (Mt. 15:6). Em segundo lugar, o direito de julgamento individual. Quando abrimos as Escrituras, descobrimos que elas são voltadas para as pessoas. Elas falam conosco. Somos ordenados a buscá-las (Jo 5:39), a crer no que elas ensinam.
Somos pessoalmente responsáveis pela nossa fé. O apóstolo nos ordena a denunciar como anátema, apóstolo ou anjo descido do céu que ensine qualquer coisa contrária à Palavra de Deus divinamente autenticada (Gal.1:8). Ele nos tornou juizes, colocando em nossas mãos o preceito do julgamento, e nos fez responsáveis pelos nossos julgamentos.
Ainda mais, encontramos que o ensinamento do Espírito Santo foi prometido por Cristo não apenas ao clero, muito menos a uma específica ordem clerical, mas a todos os crentes. Está escrito: “E serão todos ensinados por Deus”. O apóstolo João diz aos crentes: E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento [...] Quanto a vós outros, a unção que dEle recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, com a Sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nEle, como também ela vos ensinou” (1 João 2:20,27).
Este ensinamento do Espírito autentica a si mesmo, como o mesmo apóstolo nos ensina, quando diz; : “Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho” (1 João 5:10).
Não vos escrevi porque não saibais a verdade: antes, porque a sabeis e porque mentira alguma jamais procede da verdade” (1 João 2:21). O julgamento particular, é, portanto, não apenas um direito, mas um dever, do qual homem algum pode isentar-se a si mesmo, ou ser desobrigado por outros.
Cremos, em terceiro lugar, no sacerdócio universal dos crentes, isto é, todos os crentes têm através de Cristo acesso ao Pai em um Espírito (Ef 2:18); para que possamos nos achegar com ousadia ao trono da graça, para alcançarmos misericórdia e encontrar graça para socorro em tempo de necessidade (Hb.4:16); “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura” (Hb. 10:19-22).
Admitir, portanto, o sacerdócio do clero, como intervenção necessária para nos assegurar a remissão do pecado e outros benefícios da redenção de Cristo, é renunciar ao sacerdócio de nosso Senhor, ou a suficiência deste sacerdócio em nos assegurar a reconciliação com Deus. Em quarto lugar, negamos a perpetuidade do apostolado. Assim como nenhum homem poder ser apóstolo sem o Espírito de profecia, também nenhum homem pode ser apóstolo sem os dons de apóstolo. Tais dons, como aprendemos pela Escritura, eram o conhecimento plenário da verdade derivada de Cristo pela revelação imediata (Gal.1:12), e infalibilidade pessoal como mestres e legisladores. Paulo nos ensina quais eram os selos do apostolado, quando diz aos Coríntios: “Pois as credenciais do apostolado foram apresentadas no meio de vós, com toda persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos” (2Cor. 12:12). Não podemos nos submeter a prelados que reivindicam ser apóstolos, e que requerem a mesma confiança em seus ensinamentos, e a mesma submissão à sua autoridade, como a que é devida aos inspirados mensageiros de Cristo. Isto seria conceder a homens falíveis a submissão devida somente à Deus ou aos seus mensageiros divinamente autenticados e infalíveis.
Muito menos podemos reconhecer o Bispo de Roma como o vigário de Cristo sobre a terra, coberto da autoridade que Cristo exerceu sobre a Igreja e o mundo, quando aqui esteve encarnado.
É patente que ninguém que não tenha os atributos de Cristo não pode ser o vigário de Cristo. Considerar o Bispo de Roma como vigário de Cristo, é, portanto, reconhecê-lo virtualmente como divino. Devemos permanecer firmes na liberdade com que Cristo nos libertou. Não podemos ser despojados da nossa salvação por colocarmos um homem no lugar de Deus; concedendo a alguém semelhante a nós, o controle interior e exterior de nossa vida, o que é devido unicamente Àquele em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento, e em quem habita a plenitude da Divindade.
Poder-se-iam assinalar outras razões, igualmente compulsórias, pelas quais não podemos, de boa consciência, ser representados no Concílio proposto. Entretanto, como o Concilio de Trento, cujos cânones ainda vigoram, declarou maldito todo aquele que crê nos princípios enumerados acima, nada mais é necessário para demonstrar qual a razão por que declinamos do vosso convite.
Conquanto não possamos voltar à comunhão com a Igreja de Roma, desejamos viver em caridade com todos os homens. Amamos todos aqueles que sinceramente amam ao nosso Senhor Jesus Cristo. Consideramos como irmãos em Cristo todos aqueles que O adoram, O amam, e O obedecem como seu Deus e Salvador; e esperamos estar juntos no Céu com todo aquele que juntamente conosco na terra, declara:
“Àquele que nos ama, e, pelo Seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o Seu Deus e Pai, a Ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém” (Ap.1:6).
Assinado em nome das duas Assembléias Gerais da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos da América,
Charles Hodge.
A seguinte carta foi transcrita de um esboço manuscrito de Charles Hodge, que a escreveu em nome de duas Assembléias Gerais da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos, para explicar por que motivo declinou-se do convite do Papa aos Protestantes para enviarem delegados ao Primeiro Concílio Vaticano de 1869 a 1870.
Fonte: Monergismo
Blog do Lino
Charles Hodge (27/12/1797 – 19/06/1878)  foi um grande teólogo, exegeta e pastor do séc XIX. Deixou um livro sobre Teologia Sistemática e um Comentário Sobre Romanos como suas principais obras, dando grande contribuição para a teologia. Seus seguidores definiram sua teologia como bíblica e não especulativa, filosófica ou teórica.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sermão - "Nosso socorro está no nome do Senhor, criador do céu e da terra." Salmos 124:8



Leitura: Salmo 124    
Texto: Salmo 124      
                
Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo.

Todos nós estamos familiarizados com o último versículo do Salmo 124. O verso 8 diz: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra”. Nós acabamos de confessar essas palavras no início deste culto e de todos os cultos solenes a Deus. Essa é a primeira parte do nosso culto a Deus onde a congregação responde a pergunta: amada Igreja do Senhor Jesus Cristo, onde está o nosso socorro? E a Igreja responde: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra”.
Geralmente em todas as epístolas do Novo Testamento inicia-se com uma saudação. E estas epístolas eram lidas nas reuniões das jovens Igrejas cristãs e isso pode ter resultado na aprovação da presente ‘saudação’ como o início de cada culto. De qualquer forma encontramos uma ‘saudação’ no início de um culto na Igreja muito cedo na história da Igreja. Porém, mais tarde, o chamado “votum” foi introduzido: o clero entrava na Igreja e a congregação cantava um hino ou salmo “de entrada”. Depois disso, o sacerdote virava-se para as pessoas com uma “saudação”.
Quando a liturgia foi estendida mais e mais, o sacerdote tinha que executar todos os tipos de cerimônias antes que ele pudesse iniciar o seu real trabalho. Uma dessas cerimônias era a confissão de seus pecados pessoais e uma oração de perdão e purificação. Esta oração, então, começava com as palavras: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR” e um dos assistentes respondia dizendo: “Criador do céu e da terra”.
Esta é a origem do início tradicional dos nossos cultos: primeiro o “votum”, então a “saudação”.
Porém, os reformadores entenderam que estas palavras não se aplicam ao ‘clero’ somente, ou seja, os líderes e sim a toda a congregação. Assim desde aquela época a Igreja de Cristo começa seus cultos com os ministros da Palavra perguntando: “amada Igreja do Senhor Jesus Cristo, onde está o nosso socorro?” E a Igreja respondendo: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra”.
Esta é uma tradição muito boa e útil. Agora, o que realmente acontece quando o ministro fala essas palavras: “amada Igreja do Senhor Jesus Cristo, onde está o nosso socorro?” E a Igreja responde: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra”?
Irmãos, a nossa resposta como Igreja de Cristo é retirada do Salmo 124. O Salmo 124 é um dos salmos dos degraus que era cantado provavelmente na Casa do SENHOR. Este é um Salmo de agradecimento. É um Salmo onde os israelitas estão agradecendo ao SENHOR, o Deus da aliança. Agradecendo o que?
Então, vamos analisar este agradecimento dos israelitas e entendermos porque nós professamos no início dos nossos cultos este Salmo.
O Salmo 124 começa assim: “Não fosse o SENHOR que esteve ao nosso lado, Israel que o diga”. Estas palavras dão a ideia de que Israel estava em apuros e correndo perigo de vida. E foi neste momento que o SENHOR se fez presente no livramento de Israel. Preste atenção que em todo Salmo o nome usado para o nosso Deus é o nome ‘SENHOR’. Este é o nome que o SENHOR usa como o Deus da aliança. O mesmo Deus que fez uma aliança com Israel e prometeu estar presente com Israel em todos os momentos de dificuldades. O Deus que prometeu libertar e livrar Israel de qualquer sofrimento e perigo.
Davi sabe muito bem como o SENHOR se fez presente tanto em sua vida como na vida de todo o Israel. E tanto ele como Israel eram testemunhas de como o SENHOR estava presente na vida dele e dos israelitas. Por isso ele diz: se “não fosse o SENHOR que esteve ao nosso lado, Israel que o diga”. Davi não diz qual livramento especifico foi que o SENHOR ajudou e não sabemos qual evento ele está falando. Mas, uma coisa é certa: o SENHOR, o Deus da aliança ajudou Israel assim como a Davi contra o perigo.
Talvez Davi não esteja falando de um evento especifico e sim dos eventos até a presente data que ele escreveu este Salmo. E provavelmente deve ter sido isso o que ele tinha em mente. Qual era o perigo? O verso 2 do Salmo 124 diz: “não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, quando homens se levantaram contra nós”. Israel era uma nação que constantemente foi perseguida por homens ímpios e com sede de sangue. Homens que queriam destruir Israel. Como se diz: “o homem é o lobo do próprio homem”. Os versos 3-4 descrevem a violência com a qual os homens vieram contra o povo de Deus. No verso 3 diz: “nos teriam engolidos vivos, quando a sua ira se ascendeu contra nós”. Os inimigos de Israel se levantaram com sua ira violenta de tal modo que eles vieram como animais famintos a fim de acabar com suas presas, engolindo-as; também descreve a fúria dos inimigos como a violência de muitas águas que vem arrastando tudo em seu caminho e matando tudo que tem vida. Assim são os inimigos de Israel.
Mas, qual o motivo dessa fúria contra Israel? E a resposta é nenhum! Os povos da terra não têm nenhum motivo para destruir Israel. Mas, ao mesmo há um motivo e o motivo era porque Israel servia ao SENHOR; era o povo do Deus da aliança. Este mundo não suporta os servos do SENHOR; não suporta o povo de Deus e nem o seu reino. Por isso há esta ira contra aqueles que vivem para Deus. Há uma divisão neste mundo desde a queda do homem em pecado. Neste mundo há os filhos da serpente e os filhos da mulher. Os filhos da serpente trabalham para destruir os filhos da mulher. Por esse motivo os ímpios odeiam os filhos de Deus que vivem conforme a lei de Deus, que confiam no Deus da aliança.
Irmãos, nós vivemos em um mundo onde as pessoas confiam em sua força, habilidade, dinheiro e muito mais. Um mundo aonde as pessoas buscam depositar sua confiança em algo que não tem vida. Como diz o Salmo 20: “Uns confiam em carros, outros, em cavalos...”. Assim é o mundo ao nosso redor. Confia em si mesmo e na sua força e riquezas. Porém, a Igreja confia no SENHOR. Porque o SENHOR livra os seus do perigo da morte.
Pense quando Israel estava no Egito sofrendo debaixo do terrível julgo dos egípcios; como os egípcios tentaram matar todos os filhos machos que nascessem dos israelitas; pense como Deus salvou milagrosamente Moisés estando escondido por três meses e fazendo com que a filha de faraó cuidasse dele e sua própria mãe servisse de babá. Depois de Moisés já homem feito foi chamado pelo SENHOR para libertar seu povo do sofrimento e do perigo de morte; como o SENHOR demonstrou o seu poder no meio dos egípcios. Quando faraó e seu exercito foram atrás dos israelitas, o que aconteceu? Foi o próprio SENHOR que se fez presente na batalha e dando livramento; abrindo o mar vermelho e matando os egípcios. E durante o êxodo dos israelitas, o SENHOR se mostrou sempre um Deus presente no meio do povo. Ele de fato é o Deus da aliança que prometeu estar presente no meio do povo e na vida do povo, e é isso o que Ele faz; durante o êxodo deu água e comiga ao povo; cuidou das roupas e dos calçados; saciou todas as necessidades dos israelitas.
Quando o rei Balaque contratou Balaão para amaldiçoar a Israel, quem veio ao socorro de Israel? Foi o SENHOR, o Deus da Aliança. Quando Israel foi atacado pelos filisteus, quem veio socorrer Israel? Não foi o SENHOR que veio socorrer? Sim, foi Ele quem mais uma vez trouxe livramento para o seu povo.
Quando Israel chegou na fronteira de Canaã, quem lutou por Israel na conquista da terra? Não foi novamente o SENHOR que foi na frente e destruiu os cananeus? Sim, foi o SENHOR Deus. Depois da conquista da terra prometida, quem livrou Israel do julgo dos seus inimigos? Irmão, a resposta é simples e confortadora! Foi o Deus da aliança que salvou seu povo da morte.
Davi sabia destas histórias e cria nelas. Porém, ele também experimentou em sua própria pele o livramento do SENHOR. Nós podemos pensar na sua luta contra Golias; quando foi perseguido dia e noite por Saul; quando sentou no trono vemos vários inimigos tentando conquistar o reino de Israel; esses inimigos vindos como animais ferozes para destruir Israel e seu rei Davi; vemos também Absalão, seu próprio filho, tentando matar o seu próprio pai para tomar-lhe o reino.
Em tudo isso tanto Davi quanto Israel provaram em primeira mão a fúria dos seus inimigos vindo com sede de sangue para destruí-los.  Então, Davi em nome de Israel diz no verso 6 do Salmo 124: “Bendito o SENHOR, que não nos deu por presa aos dentes deles”. Tanto Davi como Israel sabiam que seu livramento era uma prova da bondade graciosa do SENHOR Deus. Eles sabiam que estavam vivos por causa da bondade do SENHOR. E é isso que nós vemos nas Sagradas Escrituras sobre a bondade do SENHOR na vida do seu povo amado. Por isso Davi está chamando a Israel para agradecer ao SENHOR pelos livramentos recebidos. Como ele diz no verso 7: “Salvou-se  a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros; quebrou-se o laço, e nós nos vimos livres”. Realmente, o SENHOR é bom e sua misericórdia dura para sempre! Israel tinha muitos motivos para agradecer a Deus e, é isso que ele está fazendo aqui na Casa do SENHOR. Pois ele se tornou um povo livre da opressão dos outros povos; tornou-se livre do pecado para adorar ao SENHOR; tornou-se o povo de propriedade particular do SENHOR. São tantas bênçãos recebidas que eu não consigo mencioná-las todas.
E, é exatamente em meio a esses livramentos que Israel confessa sua fé no SENHOR, o Deus da aliança: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra” (Salmo 124.8). Israel sabia através da revelação que o próprio SENHOR é o seu Deus. Esse Deus da aliança é o criador do céu e da terra. Foi esse Deus a quem Israel servia que formou a terra e o céu com apenas a sua palavra. É este mesmo Deus que criou e até hoje sustenta todas as coisas com seu poder soberano. Israel aprendeu a confiar nas promessas do SENHOR e a viver em total dependência dEle. Foi vivendo desta maneira que Israel aprendeu que o SENHOR, o Deus da aliança, Criador do céu e da terra, está sempre presente nos momentos mais difíceis da vida de seu povo amado. Por isso essa confissão que diz: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra”, expressa confiança nos cuidados do SENHOR na vida do povo. Israel não precisa confiar em sua riqueza e nem em sua força militar; também não precisa confiar nos homens e no poder deles. Israel precisa confiar no SENHOR, o Deus que estar presente em todos os momentos da vida de cada membro do povo.
É fé no SENHOR que leva pecadores como Abraão, Isaque, Jacó, Sara, Raabe, Gideão, Jeremias, Samuel, Davi e muitos outros a andarem com os olhos da fé. A entregar suas vidas nas mãos do SENHOR com uma confiança inabalável. Uma confiança em saber que o SENHOR estará lá para ajudar nos piores momentos de suas vidas. Foram esses fatos que levou Israel a dizer que se não fosse o SENHOR que se fez um vigia em sua vida, ele teria morrido; os inimigos teriam destruído Israel. Por isso Israel declara sua fé e confiança dizendo: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra”.
Agora, por que nós confessamos essas mesmas palavras: “O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra”?
Irmãos, nós confessamos essas palavras porque cremos no mesmo Deus. Cremos que esse Deus também nos ajuda nos momentos mais difíceis de nossas vidas. Nós só precisamos olhar para nossas vidas e vermos como o SENHOR tem nos ajudado até agora como seu povo. Em todos os momentos de nossa vida Ele sempre esteve presente, mesmo que nós nunca tenhamos prestado atenção no cuidado amoroso do SENHOR.
Pense no que o SENHOR fez por nós. Por amor de sua igreja, Ele enviou o seu Filho amado a este mundo pecaminoso. Jesus Cristo não veio a este mundo para nos livrar apenas dos homens que se levantam para tentar nos matar. Ele veio nos livrar de um perigo eterno... o inferno. Nós nascemos destinados ao inferno por natureza. É o que cada um de nós merece. Merecemos sofrer eternamente porque pecamos contra a santa majestade do SENHOR.
Porém, aqui está o livramento do SENHOR em nossas vidas através de Jesus Cristo. Ele enviou seu Filho amado para morrer em nosso lugar e nos livrar da condenação eterna no inferno. Nós que merecíamos a condenação eterna, agora, por causa de Cristo, recebemos a salvação em Cristo.
Irmãos, esse livramento é que nos faz confessar a nossa confiança em Deus. Pois Ele nos livrou do maior de todos os inimigos: a morte eterna. É principalmente por esse motivo que nós confessamos que toda a nossa vida está nas mãos do nosso salvador, o Deus da aliança que nos salvou em Cristo Jesus. É através do nome de Jesus Cristo que há salvação. Como Pedro e João disseram: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12). É por esse motivo que nós ainda hoje confessamos a mesma coisa que Israel confessou há muitos anos atrás no início dos nossos cultos: O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra.
Amém.
Sermão preparado pelo Pr. Alexandrino Moura, São José 22 de julho de 2012 d.C.
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Texto Bíblico:
Salmos


124.1   [Cântico de romagem. De Davi] Não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, Israel que o diga;


124.2   não fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós,

124.3   e nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se acendeu contra nós;

124.4   as águas nos teriam submergido, e sobre a nossa alma teria passado a torrente;

124.5   águas impetuosas teriam passado sobre a nossa alma.

124.6   Bendito o SENHOR, que não nos deu por presa aos dentes deles.

124.7   Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros; quebrou-se o laço, e nós nos vimos livres.

124.8   O nosso socorro está em o nome do SENHOR, criador do céu e da terra.





terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sermão - O Nosso Consolo, na Vida e na Morte


Leitura: 1 Coríntios 15, 12-26
Texto: Domingo 1 (Catecismo de Heidelberg)

Irmãos,
Vocês são felizes? Quem não quer ser feliz? E o que devemos fazer para sermos felizes? Faz alguns anos que alguns estudantes na Holanda fizeram uma pesquisa para descobrir onde as pessoas eram mais felizes. Eles investigaram vários países. E concluíram que os habitantes do Canadá, da Austrália, Suíça e Holanda eram os mais felizes do mundo.
Felicidade, conforme essa pesquisa, é determinada por duas coisas: prosperidade e liberdade. Quanto mais modernidade e liberdade, maior é a felicidade, foi a conclusão desses estudantes. Então prosperidade e liberdade é um ingrediente importante para felicidade. Por isso os Estados Unidos não são o número 1, pois lá não tem tanta liberdade. Lá muitas coisas são dirigidas e controladas de cima para baixo: pode ser pelo governo, ou pela empresa, pode ser pela igreja ou pela família. Por causa disso os habitantes lá se sentem limitados na sua liberdade e por isso se sentem menos felizes.
Para serem mais felizes as pessoas devem se liberar do controle da família, da igreja, dos colegas. A consequência disso é que muitas pessoas ficam mais sozinhas. O outro lado da liberdade é o isolamento, estar sozinho, sem ajuda, sem amor, pois amor exige uma resposta e determina obrigações. Por isso, Irmãos, não é uma surpresa que os países com o maior número de habitantes felizes (conforme o entendimento da pesquisa), têm também o maior número de suicídios; pois liberdade é bom se não precisa de uma outra pessoa, mas a mesma liberdade te deixa infeliz, se realmente precisa de uma ajuda.
Pessoas podem ser felizes numa sociedade com muita prosperidade e liberdade, mas as mesmas pessoas ficam muito infelizes se precisarem de ajuda; se houver problemas, preocupações, por causa do desemprego, doença, idade, ou qualquer motivo. Pessoas que querem ser ricas ou livres, não se preocupam se Cristo é a nossa única consolação, não se preocupam com o sofrimento dos outros. Essas pessoas eliminarão os seus problemas pelo aborto, eutanásia ou suicídio. Essa é a resposta fria de uma pessoa que não quer dividir a sua felicidade com o seu próximo.
Uma pessoa pode ser rica e livre e se sentir feliz, mas isso não quer dizer que a sua casa conheça consolação. Não vamos encontrar consolação lá. Se quiser consolação às pessoas devem procurar numa outro lugar, na igreja por exemplo.
O que não encontrarmos no mundo, encontraremos na igreja. Sobre isso vamos
falar hoje de manhã.
O CRISTÃO CONHECE A ÚNICA CONSOLAÇÃO QUE TEM, TANTO NO SOFRIMENTO COMO NA HORA DA MORTE!

Vamos começar a estudar o catecismo, Irmãos! E com certeza vocês sabem que o nosso catecismo é um livrinho antigo. Faz mais de quatrocentos e quarenta anos que foi escrito. Mais ou menos em 1560. Na época da Reforma. Num período que a Igreja Católica Romana estava perseguindo os membros das igrejas reformadas. Muitos membros reformados fugiram. Da Holanda para Inglaterra ou para Alemanha. Toda a felicidade deles, eles deixaram: o emprego, a casa, às vezes a mulher e os filhos, a família. Tinham que fugir por causa da fé e para sobreviver. Crer não era fácil nesses dias.
Frederico, o governador do Palatinado, na época da Reforma um estado da Alemanha, tinha compaixão de todos os fugitivos, e abriu as fronteiras do estado e os protegeu. Mas ele queria lhes dar mais; ele queria realmente ajudar, ele queria dar consolação. A única consolação, que fica, se todas as seguranças faltarem; se estiver fugindo e sofrendo por causa da fé. Por isso ele mandou dois professores da Universidade de Heidelberg escrever esse livrinho: O Catecismo de Heidelberg. O alvo desse livrinho é revelado logo no início, aqui no primeiro Domingo. A primeira pergunta é também o tema do Catecismo. Fala logo sobre A ÚNICA CONSOLAÇÃO NESSA VIDA. Esse livrinho quer dar um apoio na sua vida, irmãos. VERDADEIRA CONSOLAÇÃO, tanto na vida como na hora da morte.
O Catecismo fala sobre coisas importantes, todo mundo pode ver isso. Todas as pessoas estão procurando felicidade, e cada geração encontra muita infelicidade, decepções, prejuízos, doenças, sofrimentos. São as situações, que todas as pessoas conhecem e em que todas as pessoas querem receber uma ajuda, uma resposta. Esse livrinho dá respostas. Pode ser bem antigo, mas não é antigo demais.
Neste livrinho encontramos perguntas fundamentais sobre a nossa vida. Perguntas, que nós não podemos responder facilmente. Esse livro é cheio de perguntas. É como uma criança que sempre estar com muitas de perguntas. Uma criança quer saber tudo. Perguntando elas descobrem o mundo ao redor delas; e assim também o mundo dos seus pais. Um mundo, em que descobrem Deus e a sua Igreja. Descobrem que os pais servem a Deus e elas também vão aprender o que isso quer dizer: por que isso não pode e aquilo sim; por que fazemos coisas assim e assim e não como o mundo. Às vezes não é fácil para explicar às crianças por que estamos fazendo as coisas de uma outra maneira.
Nós não temos uma resposta para tudo. Especialmente quando uma pessoa está procurando a felicidade e essa felicidade foi destruída por um acidente; e essas pessoas estão procurando uma resposta, muitas vezes elas se perguntam: Por que isso aconteceu comigo? Elas estão procurando consolação. O catecismo quer dar a resposta. Por isso essa pergunta: Qual é a sua única consolação, tanto na vida como na hora da morte? Qual é a sua segurança na vida? E não só isso. Também: qual é o seu conforto tanto na vida, como na morte. O que te dá conforto não só na vida, mas também na hora da morte?
-Há bastante coisas nessa vida, que nos dão segurança: uma pessoa que te ama, uma casa própria, uma renda certa, um aposentadoria boa e há muito outras coisas. Só essas coisas não te ajudam, se a morte bate na sua porta. Na hora de morte essas seguranças não valem mais: uma casa, uma renda, uma boa aposentadoria. Na hora da morte essas coisas não ajudam mais. Naquele momento uma pessoa tem que pensar sobre essa pergunta: Qual é a sua única consolação, tanto na vida como na hora da morte? Lembre-se: na hora da morte não pode fugir mais.
Bom, o nosso Catecismo te esforça para pensar sobre isso agora: Qual é a sua única consolação, tanto na vida como na hora da morte, irmão? O catecismo dá a resposta: A minha única consolação é que de corpo e alma, tanto em vida como na hora da morte, não pertenço a mim mesmo, mas a meu fiel Salvador Jesus Cristo.
Somos a possessão de Cristo. E o que isso quer dizer? Talvez isso não diga nada, por que você não conhece a Cristo. Pois só pode entender essa mensagem se conhecer a Cristo; se descobrir que Jesus Cristo é o FILHO DE DEUS. Ele visitou a nossa terra, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno, mas AO TERCEIRO DIA RESSURGIU DOS MORTOS.
Irmãos, Ele ressurgiu dos mortos. Ele voltou. Vivo! Ele se mostrou aos seus discípulos. Ele os lembrou que ele foi as primícias, que foi ressurreto. O primeiro. Depois muitos irmãos o seguirão. Isso Paulo escreve à congregação dos Coríntios. Cristo é ressurreto! Ele foi as primícias. E depois seguirão todos os que são de Cristo na sua vinda (1 Coríntios 15: 23). OS QUE SÃO DE CRISTO. Assim está escrito na palavra de Deus. OS QUE SÃO DE CRISTO.
Então, são as pessoas que são a possessão de Cristo. E quem é a possessão de Cristo, pode contar com o fato que também ressurgirá da morte. Eu sei que muitas pessoas quase não podem acreditar nisso, mas é verdade! Quem crê nisso, tem segurança nessa vida e na hora da morte! Se esperarmos em Cristo só nesta vida, somos os mais infelizes de todos os homens (1 Coríntios 15: 19).
Mas de fato Cristo ressurgiu dentre os mortos. Isso é um fato. E isso nos dá conforto. Quem crê nisso, pode viver e morrer, sabendo que o poder da morte e do sepulcro é destruído; Pois Cristo está vivo e a nossa vida está segura, pois Ele cuida e cuidará de nós. Podemos comparar isso com um jogador de Futebol. Se um jogador receber um contrato, o clube compra este jogador; depois o jogador é uma possessão do clube; e o clube cuidará da vida dele. Se ele for ferido, o clube vai fazer tudo para recuperar esse jogador. O clube cuida bem desse jogador, pois pagou um preço alto.
Cristo não é o presidente dum clube de Futebol, mas Ele é o presidente da Igreja; e vocês são as possessões de Cristo. Ele pagou um preço enorme para te comprar. Ele deu mais do que ele tinha; Ele tinha tudo, mas Ele deu o que tinha de mais precioso: o seu próprio corpo, o seu sangue, a sua vida.
Cristo deu tudo... Para ganhar você e todos outros crentes verdadeiros. A tua vida é aos olhos dele mais preciosa do que a própria vida dele. Por isso o Senhor cuida bem de você. Com tal cuidado, que sem a vontade de seu Pai celeste não cairá sequer um fio de cabelo da sua cabeça. O que isso quer dizer? Quer dizer que agora nada mais pode acontecer; que somos invulneráveis? Não! O catecismo não diz isso e a Bíblia também não. Não seria conforme a nossa realidade, pois ficamos mais velhos, ficamos carecas, perdemos cabelos, perdemos dentes, o nosso ouvido está piorando; a nossa visão está cada vez pior; a nossa memória está piorando, os nossos pés estão piorando, se cairmos, podemos facilmente quebrar um osso. O nosso corpo está em decadência. Experimentamos doenças e tristezas. Crianças levam os pais para o cemitério e vice-versa. A morte não faz nenhuma distinção entre crentes e descrentes.
Mas apesar disso, Deus guarda a nossa vida. Ele cuida de todos nós. Ele cuida de tal maneira que todas as coisas deverão servir para a minha salvação. Isso é o mais importante para Deus: a nossa salvação. Assim está escrito na Bíblia. Paulo disse (Romanos 8: 28): “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Lembre disso. Durante a sua vida, e na hora da morte. Lembre-se que nada acontece fora dos Planos de Deus.
Mesmo se você não entender nada; Mesmo se você se sentir sozinho; mesmo se faltar força e se sentir cansado; mesmo se ninguém te ajudar, mesmo se todas as seguranças da sua vida faltarem. O que deve se lembrar é que Deus te guarda; que Deus cuidadosamente contará os seus cabelos, que você, sem saber, tira. Deus é assim. Ele olha para os detalhes mínimos da sua vida. Quem crê nisso encontra paz e fica paciente na adversidade; ele confia em Deus e pode fechar os olhos nessa confiança, conforme Salmo 3: 5: “Deito-me e pego no sono; acordo, porque o Senhor me sustenta”. Isso é verdade. O Senhor nos sustenta, todos os dias, na vida e na hora da morte. Amém

Pr. Abram de Graaf.

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Texto bíblico:

1ª Coríntios 15.12-26:

15.12 Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos?
15.13 E, se não há ressurreição de mortos, então, Cristo não ressuscitou.

15.14 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé;

15.15 e somos tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam.

15.16 Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.

15.17 E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.

15.18 E ainda mais: os que dormiram em Cristo pereceram.

15.19 Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.

15.20 Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem.

15.21 Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos.

15.22 Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo.

15.23 Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda.

15.24 E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder.

15.25 Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés.

15.26 O último inimigo a ser destruído é a morte.



CATECISMO DE HEIDELBERG



Dia do Senhor 1


P.1. Qual é o seu único consolo na vida e na morte?

R. Que não pertenço a mim mesmo,1mas pertenço de corpo e alma, tanto na vida quanto na morte,2 ao meu fiel Salvador Jesus Cristo.3Ele pagou completamente todos os meus pecados com o Seu sangue precioso4e libertou-me de todo o domínio do diabo.5Ele também me guarda de tal maneira6que sem a vontade do meu Pai celeste nem um fio de cabelo pode cair da minha cabeça;7na verdade, todas as coisas cooperam para a minha salvação.8Por isso, pelo Seu Espírito Santo, Ele também me assegura a vida eterna9 e faz-me disposto e pronto de coração para viver para Ele de agora em diante.10

1. 1Co 6.19, 20. 2. Rm 14.7-9. 3. 1Co 3.23; Tt 2.14. 4. 1Pe 1.18, 19; 1Jo 1.7; 2.2. 5. Jo 8.34-36; Hb 2.14, 15; 1Jo 3.8. 6. Jo 6.39, 40; 10.27-30; 2Ts 3.3; 1Pe 1.5. 7. Mt 10.29-31; Lc 21:16-18. 8. Rm 8.28. 9. Rm 8.15, 16; 2Co 1.21, 22; 5.5; Ef 1.13, 14. 10. Rm 8:14





domingo, 26 de agosto de 2012

Sermão - A Igreja e as Chaves do Reino dos Céus


Leitura: Mateus 16.13-20; 18.15-20; 1 Coríntios 5.1-13   
Texto: Domingo 31                                                  

Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo.

O Senhor Jesus Cristo é o Rei, o Cabeça da Igreja. Ele é quem governa a Igreja. Como Rei, Ele DETERMINA o que a Igreja DEVE FAZER e como ela DEVE VIVER. Não somos nós, os membros da Igreja, que decidimos como a Igreja deve ser e como deve viver. Por isso Jesus é o Cabeça da Igreja. Porque o que a cabeça ordena o corpo faz. Foi por esta igreja que Ele morreu. Que Ele comprou com seu sangue derramado na cruz. E por isso Ele cuida dela e determina como ela deve viver. A Igreja é o corpo de Cristo que está na terra. Esta é a figura que a Bíblia usa para ensinar que a Igreja é o corpo de Cristo. Ela é o castiçal de ouro do qual fala Apocalipse. Ela deve brilhar em meio às trevas. Ela deve se submeter às ordens de Cristo seu Rei. Deve espelhar o caráter de seu Cabeça e dono. O mundo deve ver que ela é de Cristo. Que ela está no mundo para mostrar Jesus Cristo ao mundo.
Por isso Jesus revestiu a Igreja de poder. A Igreja tem um poder imenso. Maior do que qualquer exército neste mundo. Porque o seu poder não é terreno e sim espiritual. A Igreja foi revestida de poder pelo próprio Cabeça e Senhor da Igreja quando Ele deu as chaves do Reino dos céus. Receber as Chaves é algo muito poderoso. Porque tudo o que for ligado aqui na terra terá sido ligado no céu. E tudo o que for desligado na terra terá sido desligado no céu. Em outras palavras: A Igreja tem em suas mãos, como detentora das chaves do Reino dos céus, o poder de levar os homens para o céu ou mandá-los para o inferno – por assim dizer. Ela recebeu o poder aqui na terra para determinar quem irá para o céu ou para o inferno. Porque ela tem as chaves que abre e fecha o reino dos céus para os homens. E como a Igreja faz isto? Pelo uso das duas chaves do reino. São elas: a proclamação da Palavra e a disciplina cristã.
Isto nós podemos ver no seguinte tema:

Tema: Cristo Revestiu a Igreja de Poder, Dando-lhe As Chaves do Reino dos Céus.
Essas chaves são:
1. A Proclamação do Santo Evangelho
2. O Uso Correto da Disciplina Cristã

1. A Proclamação do Santo Evangelho
Amados irmãos, como a palavra de Deus pode ser uma chave para o reino dos céus? Como ela pode abrir e fechar os céus? A proclamação do evangelho é uma das chaves do reino de Deus. Deus deu esta palavra maravilhosa a sua igreja para que ela possa aprender a respeito de Deus. Para se fortalecer nela. Assim a igreja pode ser um corpo saudável neste mundo. Pode receber alívio e conforto nas promessas de Seu Senhor e Rei, Jesus Cristo. Mas a igreja não deve apenas ficar com esta palavra guardada. Ela deve proclamar esta palavra ao mundo. Por isso o evangelho é uma das chaves do reino dos céus. Mas como? O apóstolo Paulo responde isto em sua carta aos Romanos 1.16-17: dizendo: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé”. Ele (o apóstolo Paulo) diz que não tem vergonha do Evangelho. Porque este Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. O Evangelho está apontando o caminho da salvação de Deus. Deus mostra a sua graça no Evangelho em conceder a salvação a pecadores indignos como eu e você. Deus é tão misericordioso e nós tão indignos de recebermos esta graça de Deus. A proclamação da palavra de Deus abre o reino dos céus. Ela indica onde o homem pode encontrar salvação. Sãos as boas novas do Evangelho que Deus dirige a todos os homens. Este Evangelho é poderoso para a salvação de todos os homens. Porque ele é o poder de Deus para a salvação.
É no Evangelho que podemos ver claramente a justiça de Deus. Para nos salvar Ele não deixou de cumprir a sua lei. Esta lei santa que exige a morte do pecador. Porque o pecador não pode cumprir o que a lei exige. Deus cumpriu o que Ele próprio estipulou na lei. E é aí que vemos a justiça de Deus. A justiça de Deus é o Senhor Jesus Cristo. Ele é o cumprimento da lei. Ele cumpriu a justiça de Deus. Assim Deus não deixou de cumprir a sua lei. Mas cumpriu MATANDO o seu próprio Filho amado na cruz. É para este sacrifício que a pregação do evangelho aponta. O sacrifício de Jesus Cristo satisfazendo a lei de Deus. A pregação do evangelho indica que há perdão no sangue de Cristo. O evangelho chama o pecador para Cristo. Exige fé neste sacrifico. Deus no evangelho está abrindo o reino dos céus para o pecador. Ele está oferecendo perdão dos pecados. Mas é exigido do pecador arrependimento para remissão dos pecados. Deus no seu evangelho está oferecendo remissão completa dos pecados.
Quando há arrependimento o reino dos céus é aberto para os pecadores. Não porque eles mereçam, mas por causa dos méritos de Jesus Cristo. O Catecismo diz que o Evangelho “proclama e testifica aos crentes, a todos juntos e a cada um deles, que todos os seus pecados realmente lhes são perdoados por Deus...”. O Evangelho proclama, declara publicamente que você crente tem perdão dos pecados. Deus declara isto em seu Evangelho que você é perdoado por Ele de todos os seus pecados. Que você está capacitado para entrar no reino de Cristo. Na alegria do Pai Celeste. Ninguém pode mudar esta realidade. Você foi lavado no sangue de Cristo que foi derramado na cruz. Satanás não pode mais jogar seus pecados em sua cara dizendo que você pecou contra Deus e que você não cumpre a lei de Deus. Você não vai fica triste com as acusações de Satanás e de seus agentes malignos. Mas você crente vai, não confiando em sua própria força ou seus méritos, mas vai em fé se voltar para Cristo e seus méritos. Sabendo que Deus declarou que você recebeu o perdão dos pecados.
É isto que o apóstolo Paulo declarou em Colossenses 2.13-15. Abram neste texto comigo. O texto diz: “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. É isto que o Evangelho faz. Ele declara publicamente que as nossas dívidas foram canceladas, anuladas, perdoadas por Cristo na cruz do Calvário.
O Catecismo também diz que esta palavra testifica ao crente que Deus lhe concedeu perdão. Ela fala aos nossos corações e confirma que em Cristo temos descanso. Ela nos dá conforto e alívio aos nossos corações conturbados por causa dos nossos pecados. Quando lemos as Escritas Sagradas elas estão nos confirmando o que Cristo disse; “Eu venci o maligno”. Por isso não se perturbe, pois o reino dos céus está aberto para você que depositou sua fé em mim.
Porém, o evangelho não apenas abre o reino dos céus. Ele também fecha os céus para os pecadores. Parece duro afirmar isto neste mundo e em meio dos evangélicos de hoje. Pois o mundo se acha muito justo. Os evangélicos de hoje também pensam da mesma maneira. Pois Deus é amor e não lança ninguém no inferno. Deus é muito bom para fazer tal maldade. Deus não é cruel. Tanto o mundo como as igrejas evangélicas de hoje afirmam: “Deus ama o pecador e odeia o pecado”. Este pensamento é um veneno que entrou no meio da igreja evangélica. É um ensino satânico para destruir a obra de Cristo e desestimular os verdadeiros crentes a viver em santidade e confiando em Cristo. Também este ensino faz com que o homem seja uma pessoa que mereça entrar no reino de Cristo de qualquer maneira. Mas a Palavra de Deus afirma que Ele odeia tanto o pecado como o pecador. Não pode separar o pecado do pecador. Por isso a palavra de Deus afirma em João 3.36 dizendo: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”.
A palavra deixa bem claro que: QUEM CRÊ no Filho de Deus, TEM A VIDA ETERNA. O homem precisa se arrepender dos seus pecados. Precisa mudar de vida. Precisa nascer de novo. Quem não se arrepende. Quem não dá a mínima para Deus. A palavra de Deus diz que esta pessoa está rejeitando o chamado gracioso de Deus. Ele se mantém rebelde contra o Filho de Deus, Jesus Cristo. Ele é um rebelde maldito. Está lutando contra Cristo. Está dizendo claramente que Jesus Cristo não serve para nada. Que Cristo não tem espaço em sua vida. Que a sua salvação não presta para nada. Que não tem nenhum interesse em mudar de vida. Mas que quer continuar no pecado. Negligenciando o convite da graça de Deus. Uma pessoa dessas tem lugar no reino de Cristo? Uma pessoa que acha que pode viver da sua maneira, brincando com o pecado e dizendo que é uma coisa normal pecar, porque todo mundo faz, deixando Jesus Cristo de fora de sua vida, terá a vida eterna? Receberá a graça de Deus?  Olhe de novo João 3.36 e leia cuidadosamente. O que diz? “O que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho NÃO VERÁ A VIDA...”. O reino de Cristo não é para estas pessoas. Deus está dizendo: fora do reino de Cristo! Como Ele diz em Apocalipse 22.15: “Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira”.
Mas João 3.36 prossegue dizendo: “O que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho NÃO VERÁ A VIDA, mas SOBRE ELE PERMANECE A IRA DE DEUS”. O Catecismo refletindo o ensino bíblico diz: “Mas a todos os incrédulos e hipócritas se proclama e testifica que a ira de Deus e a condenação permanecem sobre eles, ENQUANTO NÃO SE CONVERTEREM”. Prestaram atenção que o nosso Catecismo está dizendo a mesma coisa que João 3.36? Esta é a mensagem que o evangelho proclama e testifica para os incrédulos e hipócritas: que eles não têm lugar no reino dos céus. Apenas o inferno é que está esperando por essas pessoas. Desse modo o Evangelho fecha o reino dos céus para quem se mantém rebelde contra Jesus Cristo. Se você está vivendo em pecado, Cristo está dizendo: você não tem parte no meu reino. Você não pode entrar porque é impuro, rebelde contra mim. Por isso, afaste-se de mim porque o seu lugar é no inferno.
Por isso é o dever da igreja proclamar o evangelho das boas novas de Cristo. Por isso não devemos desprezar a importância da pregação. Porque Cristo fala através da pregação da Palavra. Ele abre e fecha o céu pela pregação do seu Evangelho. Nunca despreze a Deus quando Ele te convoca para estar na sua casa no dia do Senhor. Porque Deus te chama, isto mesmo, Deus chama você para te falar através da pregação da Palavra. Mas quando você deixa de vir aos cultos, simplesmente por motivos vãos, vazios, você está dizendo a Deus – mesmo que você não fale com a sua boca – mas com seus atos você está dizendo: “(Deus) a tua palavra não me serve. Não quero ouvir você falando. Eu te desprezo!”. É isto que você está fazendo, deixando de ouvir a Deus quando Ele te chama para cultuá-Lo. Não menospreze a palavra de Deus. Porque ela tanto pode salvar como condenar. Ela tanto abre como fecha o reino dos céus para você. Ela tanto te leva para o céu como te lança no inferno. Porque você será julgado de acordo com aquilo que você aprendeu de sua palavra.

2. O Uso Correto da Disciplina Cristã

Irmãos, nós vimos que o Evangelho tanto abre como fecha o reino dos céus. O Evangelho é a primeira chave do reino de Deus. A segunda chave é a disciplina cristã. (Agora,) Como a disciplina cristã fecha e abre o reino de Deus? A verdadeira Igreja de Cristo preza pela disciplina cristã. Mas hoje, no meio das igrejas evangélicas e até nesta congregação reformada de Totó, muitos entendem a disciplina cristã como algo injusto. Falta de amor por parte da igreja e de seus oficiais. Por isso é tão desprezada no mundo evangélico. Porém, este pensamento é satânico e quer destruir a igreja cristã. Quando a disciplina cristã não é exercida a igreja toda sofre. Por isso, antes de explicar qual deve ser o uso correto e como deve ser a disciplina cristã. Devemos ter em mente um principio básico e muito importante quando vamos falar de disciplina cristã na igreja. O principio é: DEUS É IMUTÁVEL, quer dizer, Ele nunca muda. Ele permanece o mesmo sempre. Nós é que mudamos. Por isso é importante sabermos disto. Porque Deus se relaciona com o seu povo da mesma maneira. Da maneira como Ele se relacionou no passado também continua do mesmo modo o seu relacionamento com o seu povo ainda hoje. Deus trata o seu povo como uma unidade. Como um corpo.
Em Josué 7 fala do pecado de Acã, que pegou alguns objetos que Deus tinha amaldiçoado e que era para a destruição. Como o SENHOR tratou o pecado de Acã? Todo o povo foi castigado severamente pelo SENHOR por causa do pecado de Acã. Mas os irmãos podem dizer: como Deus pôde fazer isto? Não foi somente Acã que pecou? Josué 7.1 diz: “Prevaricaram...”. Quem prevaricou não foi Acã? Veja que o verbo está no plural: “Prevaricaram os filhos de Israel nas coisas condenadas; porque Acã, tomou das coisas condenadas. A ira do SENHOR se ascendeu contra os filhos de Israel”. Mas, por que isto aconteceu de o SENHOR castigar todo o povo, se foi apenas Acã que pecou? Acã não é responsável pelo seu próprio pecado? O que tem haver Israel em ser castigado?
Irmãos, o homem é egoísta. E ele não quer ser responsável pelo pecado de outra pessoa e muitas vezes dizemos: “EU não tenho nada haver com a vida daquele irmão ou irmã”. E nos calamos e consentimos ou aprovamos o pecado com nossa atitude. Porque esquecemos aquele principio básico que é muito importante: DEUS É IMUTÁVEL, quer dizer, Ele nunca muda. Ele permanece o mesmo sempre. Nós é que mudamos. Por isso é importante sabermos disto. Porque Deus se relaciona com o seu povo da mesma maneira. Da maneira como Ele se relacionou no passado também continua do mesmo modo o seu relacionamento com o seu povo ainda hoje. Deus trata o seu povo como uma unidade. Como um corpo. Porque a igreja de Cristo é uma unidade. Deus não trata a igreja como indivíduos, mas como um corpo orgânico. Como diz Efésios 2.19: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus”. Assim como uma gripe afeta todo o corpo, também um pecado não tratado no meio da igreja trará a ira de Deus sobre toda a igreja. Cada vez que o pecado dentro da igreja é negligenciado, Deus não abençoará a igreja, porque está sendo infiel em usar a disciplina para corrigir o mal dentro dela. Isso não é nenhum exagero o que estou dizendo. É a Bíblia que está falando.
Já que temos este principio básico e importante de que Deus não muda e nem a maneira como se relaciona com seu povo, ou seja, conosco, em nossas mentes! Quais são os passos da disciplina cristã? Quem deve começar a disciplina na igreja? Com certeza os irmãos já disseram os oficiais! Mas não são os oficiais que começam a disciplina. A não ser que seja um caso público de disciplina. MAS SÃO VOCÊS CRENTES QUE SÃO CHAMADOS A COMEÇAREM A DISCIPLINA CRISTà NA IGREJA. Você é chamado como membro do corpo de Cristo a começar o processo de disciplina. Abram suas Bíblias em Mateus 18.15: “Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão”. O texto diz que se teu irmão pecou contra você, você deve ir até ele para resolver o assunto. Este texto serve também para que se você vê seu irmão pecar, mesmo que não seja contra você, você tem por obrigação de ir até lá e repreender e exortá-lo a não continuar no pecado. Porém, infelizmente isto não acontece muitas vezes em nossa igreja. Porque vocês acham que não tem nada haver com a vida de seu irmão ou irmã e dizem: “NÃO TENHO NADA HAVER COM A VIDA DAQUELE IRMÃO OU IRMÔ. Mas não é isto que Cristo está dizendo para você. Ele está dizendo que você é infiel se ver seu irmão pecando e não for até ele para ganhá-lo para Jesus Cristo. Você está sendo um mau irmão e um péssimo servo de Cristo. Quando você não faz nada, você está mandando seu irmão para o inferno. Além de concordar com o seu pecado. Mas se você vai e mostra-lhe o erro e ele se arrepender, você ganhou seu irmão para Cristo. Você mostrou que ama seu irmão ou irmã e não quer que ele vá para o inferno. Mostrando obediência a Cristo.
Mas se ele não der ouvido a sua repreensão e exortação permanecendo no pecado? Então, você vai dizer: agora não tenho nada haver com ele? Ele quer e então permaneça no erro! Mas não é esta atitude que Jesus nos chama a desempenhar. Ele nos chama a continuar o processo de disciplina. Esta é a chamada disciplina fraternal. Que deve ser exercida constantemente entre nós como irmãos em Cristo. Mateus 18.16 diz: “Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça”. Você não deve deixar de corrigir seu irmão. Você deve continuar alertando do perigo do inferno. Você tem que levar duas ou três testemunhas para fique certo de que você cumpriu Mateus 18. As pessoas servirão de testemunhas da correção no Senhor. Para que você ganhe seu irmão ou irmã para Cristo. Mas ainda não é hora de envolver o conselho da igreja. Por que não? Porque Jesus Cristo chama você crente a cuidar e mostrar amor para com seu irmão ou irmã. Nós por natureza somos egoístas. Não nos importamos com ninguém além de nós mesmos. Jesus quer que usemos de amor para com nosso irmão assim como Ele mostrou por nós. Nós estávamos no pecado, mas Ele veio até nós e nos corrigiu através dos seus mensageiros. Ele nos tirou do caminho de perdição. E Ele quer que cada um de nós faça o mesmo com nosso irmão. Jesus também quer nos ensinar que somos parte do mesmo corpo. Quando um sofre, todos sofrem. Você e eu somos parte da família de Deus. E devemos cuidar de cada membro de nossa família da fé. Jesus Cristo chama você à responsabilidade. Chama você a corrigir seu irmão ou irmã quando este está se desviando do caminho do Senhor. Mesmo que seu irmão fique chateado. Você deve chamar a atenção dele. Deve reprovar seu pecado contra o Senhor e a sua santa Igreja. Porque o que está em jogo é a vida e a morte. Como diz Provérbios 18.21: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto”. A morte e a vida estão em como você usa a sua língua. Se você não vai até o irmão, você está lança-o no inferno. Se você vai até seu irmão e fala, está livrando-o da morte. Não fique com medo da reação do seu irmão. Provérbios 27.5-6 diz: “Melhor é a repreensão franca do que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”. E Provérbios 16.24 diz: “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo”.
Porém, se ainda aquele irmão não quer ouvir e se arrepender, então ele deve ser denunciado a Igreja. Ou seja, o conselho da igreja. Você não deve dizer ao conselho a menos que a regra de Mateus 18 seja cumprida. Jesus chama você a ser fiel para com Cristo e seu irmão. Mas se você cumpriu Mateus 18 e não houve arrependimento, você deve denunciar tal pecador à igreja. Este é o segundo passo da disciplina cristã. O Catecismo deixa bem claro na pergunta 85: “Se não dão atenção nem à admoestação desses, – o conselho – não são mais admitidos aos sacramentos e, assim, excluídos da congregação de Cristo e pelo próprio Deus do reino de Cristo”. Os oficiais são os representantes de Cristo. Cristo fala através dos seus presbíteros. Quando os oficiais vão fazer visitas é o próprio Cristo que estar indo falar com o crente, através dos seus pastores. Por isso, quando eles falam é o próprio Cristo que está falando através deles. Quando eles nos corrigem é o próprio Cristo que faz isto. Quando eles nos exortam é o próprio Cristo que faz isto. Eles fazem isto porque receberam esta autoridade do Senhor Jesus Cristo. E por isso eles têm a obrigação de excluir o pecador impenitente da igreja. Excluir da igreja não significa não poder vir aos cultos ouvir a pregação. Se fosse apenas isto seria bom para o pecador. Mas ser excluído da igreja significa deixar de fazer parte do corpo de Cristo. Deixar de fazer parte do povo de Deus. O pecador deve ser considerado como um gentio e publicano (Mateus 18.17). Ou seja, alguém ímpio, descrente. Sem nenhuma comunhão com os crentes e com o Senhor Jesus Cristo. Como diz Mateus 18.18: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus”.
Aquilo que fazemos e vivemos neste mundo tem conseqüência para o nosso futuro eterno. Quando alguém se torna membro da igreja, ele é ligado no céu. O céu se abre para ele. Mas quando é excomungado da igreja, aquela ligação que tinha com o céu será desfeita. Deus está fechando os céus para tal pessoa. Ele está declarando através dos seus oficiais que tal pessoa não tem parte no reino de Cristo. Não pode desfrutar das alegrias eternas. Através da disciplina cristã a igreja tem autoridade de declarar em nome de Deus para tal pecador impenitente que os céus se fecharam para ele e ele não deve viver em comunhão na igreja. É isto que Paulo diz em 1 Coríntios 5.11: “Não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais”. Não significa deixar de falar, mas de estar em comunhão com tal pessoa.
A disciplina cristã é vista muitas vezes como falta de amor. Mas pelo contrário, é amor quando se disciplina. Quando o conselho em nome de Cristo disciplina alguém que leva o nome de cristão e vive como um não-cristão é o amor que impulsiona o conselho a tomar tal medida. Porque a disciplina é para purificação da igreja e a salvação do pecador. Um bom exemplo de disciplina cristã nós encontramos em 1ª Coríntios 5. Onde existia alguém que estava tendo relação sexual com a própria madrasta. Contudo, ninguém fez nada. Nem os membros nem o conselho. Pois eles andavam ensoberbecidos. Quando o apóstolo soube do tamanho ultraje na Igreja de Cristo, ficou furioso. Porque todos se calaram. E estavam com seus atos dizendo que não tinham nada haver com a vida de tal membro e mostrava falta de amor pela vida daquele membro. Então ele diz nos versos 3-5: “Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus”. O apóstolo diz que aquele membro deve ser entregue a Satanás. Por que? A fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus. A disciplina busca salvar a vida do pecador. Para que ele busque o arrependimento para a vida eterna.
Irmãos, o nosso Catecismo é dividido em três partes: a primeira parte: A nossa miséria; a segunda parte: A nossa salvação e a terceira parte: A nossa gratidão. Se os irmãos prestarem bem atenção verão que o Catecismo trata da disciplina da igreja na parte da salvação (1 Co 5.5), a excomunhão é o ÚLTIMO remédio para a salvação do pecador. É a ÚLTIMA tentativa de salvar a vida daquele que estar procurando se matar eternamente mantendo-se rebelde. Por isso a disciplina é necessária. Porque o destino eterno do pecador está em jogo. Quando alguém é disciplinado deve se alegrar com a disciplina. Porque é a maior prova do amor de Deus em não querer que o pecador vá para o inferno. Como diz Apocalipse 3.19: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo”. Com também diz Hebreus 12.5-7: “Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?”. Assim a disciplina fecha o reino dos céus para tal pecador.
Porém, esta mesma chave que fecha também abre o reino dos céus. O Catecismo diz: “Eles voltam a ser recebidos como membros de Cristo e da sua igreja quando realmente prometem e demonstram verdadeiro arrependimento”. Quanto o pecador excomungado se arrepender, ele será recebido novamente como membro de Cristo. Cristo o recebe de volta como membro do seu corpo. Isto mostra como a disciplina visa o amor. Toda disciplina – por mais severa que seja – é feita com amor pelo pecador. Não quer que o pecador se perca eternamente. Quando um pecador se arrepende e volta para Cristo, há jubilo nos céus. Assim Deus é glorificado quando a igreja usa fielmente a chave da disciplina cristã.
Irmãos, Deus nos chama a responsabilidade de corrigir nosso irmão quando estiver desviado. Deus nos dá a obrigação de mostrar amor pelo nosso próximo. Então, não fique olhando quando seu irmão está caminhando em direção a perdição. Mas vá até ele e ganhe-o para Cristo. Assim mostramos o amor de Cristo em nossa vida pelos irmãos.
Amém.
Sermão preparado pelo Pr. Alexandrino.

Textos bíblicos:


Mateus 16.13-20:

16.13   Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?

16.14   E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.

16.15   Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?

16.16   Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.

16.17   Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.

16.18   Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

16.19   Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá sido desligado nos céus.

16.20   Então, advertiu os discípulos de que a ninguém dissessem ser ele o Cristo.

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Mateus 18.15-20:

18.15   Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.

18.16   Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça.

18.17   E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano.

18.18   Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus.

18.19   Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus.

18.20   Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.
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1ª Coríntios 5.1-13:

5.1   Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai.

5.2   E, contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou?

5.3   Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja,

5.4   em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor,

5.5   entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor [Jesus].

5.6   Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?

5.7   Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.

5.8   Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.

5.9   Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros;

5.10   refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo.

5.11   Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais.

5.12   Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro?

5.13   Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.
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CATECISMO DE HEIDELBERG

Dia do Senhor 31
P.83. O que são as chaves do reino do céu?
R. A pregação do santo evangelho e a disciplina eclesiástica. É por esses dois meios que o reino do céu se abre para os que crêem, e se fecha para os incrédulos.
1. Mt 16.19; Jo 20. 21-23.
P.84. Como se abre e se fecha o reino do céu pela pregação do evangelho? 
R. De acordo com o mandamento de Cristo, o reino do céu se abre quando se proclama e se testifica de público a todo o crente — individual ou coletivamente — que Deus perdoou de fato a todos os seus pecados por causa dos méritos de Cristo, sempre que aceitam a promessa do evangelho com fé verdadeira. O reino do céu se fecha quando se proclama e se testifica a todo os incrédulos e hipócritas que, enquanto não se arrependerem, a ira de Deus e a condenação eterna repousam sobre eles. Segundo esse testemunho do evangelho, Deus os julgará tanto nessa quanto na vida porvir.1
1. Mt 16.19; Jo 3.31-36; 20.21-23.
P.85. Como se fecha e se abre o reino do céu pela disciplina eclesiástica? 
R. De acordo com o mandamento de Cristo, aqueles que se chamam de cristãos mas que se mostram não-cristãos na doutrina ou na vida devem ser, em primeiro lugar e de modo fraternal, admoestado mais de uma vez. Se não abandonarem a seus erros nem à sua impiedade, de- vem ser denunciados à igreja, isto é aos presbíteros. Se também não derem ouvidos às admoestações deles, serão proibidos de participar dos sacramentos e excluídos da congregação cristã pelos presbíteros e do reino de Cristo pelo próprio Deus.Serão novamente recebidos como membros de Cristo e da igreja quando prometerem e demonstrarem arrependimento real.
1. Mt 18.15-20; 1Co 5.3-5; 11-13; 2Ts 3.14, 15. 2. Lc 15.20-24; 2Co 2.6-11.