A Natureza e
Grandeza do Conhecimento de Deus
Thomas Watson
(1620-1686)
A natureza do
conhecimento de Deus
Deus
sabe, em suas contingências, todas as coisas que são possíveis de se conhecer.
Ele profetizou a saída de Israel da Babilônia e a concepção virginal da mãe do
Messias. Por meio desse conhecimento, o Senhor prova a verdade de sua deidade
contra os deuses-ídolos: "Anuncia-nos
as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses" (Isaías
41.23).
A
perfeição do conhecimento de Deus é básica. Ele é a origem, o padrão e o
protótipo de todo o conhecimento; os outros tomam o conhecimento emprestado
dele. Os anjos acendem suas lâmpadas na sua gloriosa luz.
O
conhecimento de Deus é puro e não se contamina com o objeto conhecido. Embora
Deus conheça o pecado, odeia e pune o pecado. Nenhum mal pode se misturar ou se
incorporar a seu conhecimento, assim como o Sol não pode ficar impuro com os
vapores que se levantam da terra.
O
conhecimento de Deus é simples, não apresenta dificuldade. Nós estudamos e
procuramos o conhecimento: "se
buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares"
(Provérbios 2.4). A lâmpada do conhecimento de Deus é tão infinitamente
brilhante que todas as coisas são inteligíveis para ele.
O
conhecimento de Deus é infalível, pois não há erro em seu conhecimento. O
conhecimento humano está sujeito a erro. Um médico pode errar em relação à
causa de uma doença, mas o conhecimento de Deus é sem erro, ele não pode se
enganar, nem ser enganado. Ele não pode se enganar porque é a verdade, nem ser
enganado porque é a sabedoria.
O
conhecimento de Deus é instantâneo. Nosso conhecimento é sucessivo, uma coisa
depois da outra. Nós argumentamos de o efeito para a causa. Deus sabe coisas do
passado, do presente e do futuro de uma só vez; estão todas diante dele em uma
perspectiva integral.
O conhecimento de Deus é
retentivo. Ele nunca perde o seu conhecimento, ele tem reminiscentia, assim como
intelligentia;
ele lembra assim como entende. Muitas coisas fogem à nossa mente, mas o
conhecimento de Deus é eternizado. Coisas que aconteceram há mil anos são tão
novas para ele como se tivessem acontecido há um minuto. Assim ele é perfeito
em conhecimento.
A grandeza do conhecimento de Deus
"O
SENHOR é o Deus da sabedoria e pesa todos os feitos na balança" (I Samuel
2.3). Coisas gloriosas são ditas a respeito de Deus: ele transcende nossos
pensamentos e os louvores dos anjos. A glória de Deus se apresenta principalmente
em seus atributos, que são vários raios pelos quais a natureza divina se
irradia.
Entre
outras de suas qualidades manifestas, que não são menores que qualquer delas, o
Senhor é um Deus de conhecimento, ou, como no original hebraico: "um Deus
de conhecimentos". Pelo espelho brilhante de sua própria essência Deus tem
a idéia completa e o conhecimento total de tudo. O mundo é para ele um corpo
transparente. Ele faz a anatomia do coração: "sou aquele que sonda mentes
e corações" (Apocalipse 2.23). As nuvens não são coberturas e a noite não
é uma cortina que se coloca entre nós e sua visão: "até as próprias trevas
não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa" (Salmo 139.12).
Não há uma palavra que cochichemos que Deus não ouça: "ainda a palavra me
não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda" (Salmo 139.4). Não
há um pensamento mais sutil que venha à nossa mente e que Deus não conheça:
"porque conheço as suas obras e os seus pensamentos" (Is 66.18). Os
pensamentos soam tão alto nos ouvidos de Deus como as palavras aos nossos
ouvidos. Todas as nossas ações, embora sutilmente elaboradas e secretamente
comunicadas, são visíveis aos olhos do Onisciente: "conheço as suas
obras" (Isaías 66.18). Acã escondeu a capa babilônica enterrando-a, mas
Deus a trouxe à luz (Josué 7.21).
A estátua de Minerva foi
desenhada com cores tão impressionantes e detalhada com tanta vivacidade que em
qualquer lugar que alguém se posicionasse o olhar de Minerva estava fixo nele.
Assim, em qualquer lugar que estivermos os olhos de Deus estarão sobre nós:
"tens tu notícia do equilíbrio das nuvens e das maravilhas daquele que é
perfeito em conhecimento?" (Jó 37.16).
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