domingo, 2 de setembro de 2012

Justificados para uma nova vida em Cristo - Uma vida de boas obras para a glória de Deus, que confirmam a fé e conduz nosso próximo a Cristo.


Texto: Dia do Senhor 32
Leitura: Mateus 7.15-23

Amada Congregação do Senhor Jesus Cristo,

Na época da Reforma os reformados foram pichados de promoverem falso ensino e a libertinagem. Se a justificação é pela fé somente, então, por que devemos praticar boas obras?
Os reformados se defenderam ensinando a doutrina sobre nossas boas obras: As nossas boas obras não são o meio para alcançarmos salvação. As boas obras têm um triplo propósito:
Primeiro, para o louvor da glória de Deus.
Segundo, para nos confirmar a nossa fé.
Terceiro, para conduzir nossos próximos para Cristo.
Por causa dessas três propósitos devemos praticar as boas obras.
Jesus falou muito sobre boas obras. Ele nos ensinou sobre as boas obras usando a ilustração vinda da agricultura, Jesus falou de árvore e frutos para se referir aos homens e as suas obras. Jesus disse: “A boa árvore produz bons frutos”: Fruto que louva a Deus. Fruto que confirma a nossa fé. Fruto que conduz o próximo a Cristo. Esse é o tema de nossa pregação.
Amados irmãos e irmãs, o nosso Salvador nos chamou a tomarmos cuidado com falsos profetas. As vestes desses falsos profetas era a hipocrisia. Eles se apresentariam como ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.
Então, os discípulos não deveriam prestar atenção na aparência de piedade daqueles que se colocavam como mestres, ou profetas do povo. Os discípulos deveriam estar atentos às obras deles, pois Jesus disse: “pelos frutos os conhecereis” (Mateus 7.16). Jesus continuou falando (vs. 17-19): “Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.”
Jesus é muito prático. Jesus não rodeou para nos dizer como devemos identificar quem é profeta de Deus ou não, servo de Deus ou não: As obras mostram o que há dentro da gente!
Não adianta palavras de louvor a Jesus e confissões que louvam a Jesus, tais como: SENHOR, SENHOR! (v.21). Essa expressão é um reconhecimento da glória de Jesus como nosso Dono e Rei. Mas, somente a expressão não é suficiente para dizer que vivemos debaixo do senhorio de Cristo. Jesus em outro lugar disse (veja Lucas 6.46): “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” A obediência a vontade do Pai, as boas obras é quem testemunham se somos árvores plantadas por Deus, se somos herdeiros do Reino de Deus. Pois, são as nossas obras que mostram nossa gratidão e louvor verdadeiro ao Senhor. Por isso, o nosso catecismo coloca o primeiro propósito das boas obras: louvar a Deus.
Assim podemos dizer também que o testemunho de uma fé viva são as obras que praticamos para Deus. Como sei se sou um filho de Deus? Somente por aquilo que confesso? Não. A fé sem as obras é morta – diz a Escritura. A verdadeira fé é viva, ela produz fruto de arrependimento. A fé verdadeira é aquela que atua pelo amor (Galatas 5.6). Essa fé, como diz a Confissão Belga (Artigo 24), “leva o homem a exercitar-se às obras que Deus ordenou em Sua Palavra.” Por isso, um crente cheio de fé é um cristão cheio de pensamentos, de palavras e obras que louvam a Deus, pois “... Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.” Por isso, o catecismo coloca o segundo propósito das boas obras, dizendo que devemos praticar boas obras “para que tenhamos a certeza da nossa fé por causa dos seus frutos. Sendo assim, boas obras servem para confirmar a nossa fé.
O outro propósito das nossas boas obras é dito no Catecismo: “para que... pelo novo viver piedoso possamos ganhar os nossos próximos para Cristo”. Jesus, antes de falar como devemos identificar os falsos profetas, disse (Mateus 5.16): “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Viver piedoso é viver no temor e na obediência ao Senhor. É o viver piedoso que faz brilhar a luz de Cristo em nós. Essa luz que os homens podem ver e glorificar a Deus. As boas obras são sinais desse viver piedoso. Portanto, pecados praticados por crentes obscurecem a luz de Cristo neles, trazem escândalos, afastam pessoas de Cristo e matam nosso próximo. O contrário é verdadeiro. Uma vida piedosa, de boas obras, edifica a igreja e comunica o evangelho ao nosso próximo. Vejam a instrução de Jesus: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Notem a instrução de Paulo aos irmãos em Roma (Romanos 14.17-19). A liberdade cristã deve gerar edificação a igreja e trazer pessoas ao Reino de Deus. Em outro lugar da Escritura, as mulheres da congregação são chamadas a viverem piedosamente diante de seus maridos descrentes (1 Pedro 3.1,2). Essas passagens mostram o terceiro propósito das boas obras: “... que pelo novo viver piedoso possamos ganhar os nossos próximos para Cristo”.
Agora, o Catecismo encerra o DS 32 deixando claríssimo que a justificação pela fé não infunde nos impenitentes e hipócritas a esperança de salvação (veja P e R 87). Esse ensino é conforme ao que Jesus disse em Mateus 7.19: “Toda árvore que não produz fruto bom é cortada e lançada ao fogo”. Jesus não dá esperança de salvação aos falsos profetas, aos pecadores impenitentes e aos hipócritas.
Jesus não é enganado por aquilo que falamos. Ele não olha para as nossas bocas somente. Jesus olha para o nosso coração, para as nossas palavras e para nossas obras. Por isso, aqueles que vivem em pecado e amando o pecado, mesmo dentro da igreja, mesmo que tenham ensinado e até operado milagres em nome de Cristo, ouvirão de Cristo (Mateus 7.23): “... nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”. Jesus fala de “iniquidade”. Fala de pecado contra a Lei de Deus. Jesus fala contra aqueles que vivem como se não houvesse a lei, quebrando os mandamentos do Senhor. Não há esperança para esses tais se não se arrependerem e buscarem a salvação somente em Cristo Jesus.
Não adianta religiosidade sem verdadeira fé. A verdadeira fé não nos deixa satisfeitos no pecado. Por isso, somente aqueles que não têm a verdadeira fé viverão acomodados nos seus pecados, não abandonarão o modo de viver ingrato e impenitente, não se convertendo a Deus. O catecismo lembra as palavras do Espírito Santo escritas por Paulo (1ª Coríntios 6.9,10). Assim, o Catecismo encerra com essa verdade alertando os hipócritas e impenitentes a não terem esperança de salvação, enquanto, estiverem acomodados no pecado.
Conclusão:
Amados irmãos e irmãs, lembremos o ensino de nosso gracioso Salvador, Jesus Cristo: “A boa árvore produz bons frutos”. Esse ensino não é para a segurança de nossa salvação em Cristo. O ensino é para desmentir a mentira que a justificação pela fé estimula a libertinagem.
Essa doutrina é para nos estimular a desenvolver a nossa salvação que Cristo Jesus conquistou para nós. A salvação que recebemos por pura graça. A promessa de Deus no Evangelho é: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”, Efésios 2.10. Quando buscamos andar em boas obras é porque entendemos que Deus nos salvou por pura graça e reconhecemos que somos obras de Deus em Cristo. Quando andamos em boas obras fazemos a vontade de Deus, pois estas obras foram preparadas por Ele para que andássemos nelas.
O ensino de Jesus produz temor santo no coração dos Seus eleitos. A instrução de Cristo produzirá o desejo deles produzirem mais obras que louvam a Deus, que confirmam neles a verdadeira fé e que levam pessoas a Jesus Cristo.
Mas, os hipócritas e aqueles que querem viver em seus pecados se incomodarão com o ensino de Jesus acerca da necessidade das boas obras. Eles continuarão em seus pecados e na hipocrisia deles. Mas, o dia virá que conheceremos claramente aqueles que pertencem a Deus. O Dia quando Jesus dirá aos seus amados servos, aqueles que durante suas vidas confiaram somente em Jesus e viveram para o louvor a Deus: Vinde a mim benditos de meu Pai! Mas, no Dia do Juízo também veremos os hipócritas e impenitentes ouvindo a dura sentença de Jesus: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade! Naquele dia Jesus cortará e lançará no fogo as árvores más.
Portanto, amados irmãos, como diz a forma da Santa Ceia, façamos o autoexame, para vermos se temos em nós “a intenção sincera de mostrar a Deus a sua gratidão por uma vida dedicada a Ele”. Do mesmo modo, mostremos que estamos resolvidos “a amar o próximo e deixar toda a hipocrisia, inveja, inimizade e raiva”. Façamos esse autoexame com confiança na promessa do evangelho da graça de Deus, pois, “A boa árvore produz bons frutos”: Fruto que louva a Deus. Fruto que confirma a nossa fé. Fruto que conduz o próximo a Cristo. Encerremos esse sermão lendo o Artigo 24 de nossa confissão de fé.
Sermão preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina bíblica ensinada no Catecismo de Heidelberg, Dia do Senhor 32.
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CATECISMO DE HEIDELBERG


Parte III A NOSSA GRATIDÃO

Dia do Senhor 32

P.86. Se fomos libertados da nossa miséria somente pela graça através de Cristo, sem nenhum mérito nosso, por que então devemos praticar boas obras? 
R. Por que Cristo, tendo nos remido pelo Seu sangue, também nos renova por Seu Espírito Santo à Sua imagem para que, com toda a nossa vida, mostremo-nos gratos a Deus por Seus benefícios1 e para que Ele seja louvado por nós.Além disso, para que tenhamos a certeza da nossa fé por causa dos seus frutos,3 e que pelo novo viver piedoso possamos ganhar os nossos próximos para Cristo.4
1. Rm 6.13; 12.1, 2; 1Pe 2.5-10. 2. Mt 5.16; 1Co 6.19, 20. 3. Mt 7.17, 18; Gl 5.22-24; 2Pe 1.10, 11. 4. Mt 5.14-16; Rm 14.17-19; 1Pe 2.12; 3.1, 2.
P.87. Podem ser salvos aqueles que não abandonam o modo de viver ingrato e impenitente e não se convertem a Deus? 
R. Não, de modo nenhum. A Escritura diz que nenhum impuro, idólatra, adúltero, ladrão, avarento, bêbado, maldizente, assaltante ou semelhante herdará o reino do céu.1
1. 1Co 6.9, 10; Gl 5.19-21; Ef 5.5, 6; Jo 3.14. 

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 CONFISSÃO BELGA


ARTIGO 24 


A nossa santificação e as boas obras


Cremos que esta fé verdadeira operada no homem pelo ouvir da Palavra de Deus e pelo agir do Espírito Santo,1 regenera-o e torna-o um novo homem;2 faz com que viva uma vida nova e o liberta da escravidão do pecado.3 Por isso não é verdade que essa fé justificadora o torna indiferente para viver uma vida santa e boa.4 Ao contrário, sem ela ninguém jamais poderia fazer nada por amor a Deus,5 mas somente por amor a si mesmo ou por medo da condenação. É, portanto, impossível que essa fé santa seja inoperante no homem, porque não falamos de uma fé vã, mas da que a Escritura chama de “a fé que atua pelo amor” (Gl 5.6). Esta fé leva o homem a exercitar- se às obras que Deus ordenou em Sua Palavra. As boas obras, que procedem da boa raiz da fé, são boas e aceitáveis à vista de Deus, porque são todas santificadas pela Sua graça. Apesar disso elas não cooperam para a nossa justificação, porque é pela fé em Cristo que somos justificados, antes mesmo de fazermos quaisquer boas obras.6De outro modo essas obras não pode- riam ser boas, assim como o fruto da árvore não pode ser bom, se a árvore não for boa.7
Por isso que praticamos boas obras, não para termos mérito; pois, que mérito podemos ter? Antes, somos devedores a Deus pelas boas obras que praticamos,8 e não Ele a nós, “por- que Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Tenhamos sempre em mente o que está escrito: “Assim também vós, depois de haver- des feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lc 17.10). Contudo, não negamos que Deus recompensa as boas obras,9 mas é pela Sua graça que Ele coroa os Seus dons.
Além disso, embora pratiquemos boas obras não baseamos nelas a nossa salvação. Pois nada podemos fazer, por míni- mo que seja, que não o contaminemos com a nossa carne e que não seja digno de punição.10 Ainda que pudéssemos apresentar uma única boa obra, a mera lembrança de um único pecado bastaria para Deus a rejeitar.11 Assim, estaríamos sempre em dúvida, lançados de uma lado para o outro sem certeza alguma e com as nossas pobres consciências sempre atormentadas se não confiássemos no mérito do sofrimento e da morte do nosso Salvador.12
1. At 16.14; Rm 10.17; 1Co 12.3. 2. Ez 36.26, 27; Jo 1.12, 13; Jo 3.5; Ef 2.4-6; Tt 3.5; 1Pe 1.23. 3. Jo 5.24; Jo 8.36; Rm 6.4-6; 1Jo 3.9. 4. Gl 5.22; Tt 2.12. 5. Jo 15.5; Rm 14.23; 1Tm 1.5; Hb 11.4, 6. 6. Rm 4.5. 7. Mt 7.17. 8. 1Co 1.30, 31. 1Co 4.7; Ef 2.10. 9. Rm 2.6, 7; 1Co 3.14; 2Jo .8; Ap 2.23. 10. Rm 7.21. 11. Tg 2.10. 12. Hc 2.4; Mt 11.28; Rm 10.11.
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Texto Bíblico:

Mateus 7.15-23

7.15   Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.
7.16   Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
7.17   Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus.
7.18   Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.
7.19   Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.
7.20   Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.
7.21   Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
7.22   Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
7.23   Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.

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