Texto:
Dia do Senhor 33
Leitura:
Romanos 6.1-11; Efésios 4.17-24
Amados irmãos no Senhor
Jesus Cristo e visitantes,
A última pergunta do
Dia do Senhor 32, no Catecismo de Heidelberg, nos conduz a ver que o
viver no pecado é o mesmo que um viver ingrato e impenitente. Jesus
disse que “a árvore boa produz bons frutos, porém a arvore má
produz frutos maus” (Mateus 7.17).
No
Dia do Senhor 33 confessamos o que é o verdadeiro arrependimento ou
conversão a Deus. Mas, esse Dia do Senhor 33 tem a ver com a vida de
gratidão a Deus. A essência da vida de gratidão a Deus pode ser
resumida em uma só palavra: Arrependimento.
No
Dia do Senhor 33 não diz como o arrependimento acontece em cada
pessoa. Por exemplo, o apóstolo Paulo foi levado ao arrependimento
de modo maravilhoso. Jesus derrubou Paulo no chão e tirou dele a
visão. Mas, Jesus levou Lídia ao arrependimento através da
pregação de Paulo. O modo de Paulo ser levado ao arrependimento foi
diferente da experiência de Lídia. Porém, a natureza, ou, essência
do arrependimento é a mesma em qualquer pessoa. O catecismo vai nos
ensinar sobre essência do arrependimento. Fixar atenção nessa
essência é o mais importante.
Se
consideramos que é mais importante sabermos se vivemos a essência
da vida de gratidão, arrependimento, então, não nos preocuparemos
muito sobre quando aconteceu a nossa conversão a Deus. Essa
preocupação toma, especialmente, muitos dos filhos da aliança. Os
filhos dos crentes nascem dentro da aliança. É comum para eles
orarem, irem aos cultos e participarem dos estudos bíblicos. Eles
são santos membros da igreja de Cristo. Então, é comum para eles
confessarem que amam a Deus. Muitos deles ficam curiosos: Quando me
converti e como me converti? Porém, a questão mais importante não
é quando ocorreu e nem como foi que ocorreu nossa conversão. O mais
importante é se nós vivemos uma vida de gratidão a Deus. Para nos
ajudar a fixarmos nossa atenção na vida de gratidão a Deus, então,
prego a doutrina do SENHOR no seguinte tema:
A
nossa vida de gratidão a Deus revela que provamos o verdadeiro
arrependimento
O
verdadeiro arrependimento ou conversão são a mesma coisa. Quem
prova o verdadeiro arrependimento prova a conversão a Deus. Não são
duas experiência mas uma só experiência. Essa afirmação se
fundamenta na Escritura.
A
Escritura fala do verdadeiro arrependimento usando a imagem da morte
da velha natureza e a ressurreição da nova natureza. Por exemplo, o
Apóstolo Paulo ensina que o crente está ligado a Cristo (Romanos
6.1-11). Essa ligação produziu morte para o pecado e a ressurreição
para nova vida para Deus (Romanos 6.1-4,11). Em outro lugar o
apóstolo Paulo ensinou que a vida em Cristo é o despir do velho
homem e o se revestir do novo homem (Efésios 4.22-24). Então, os
crentes provam a conversão quando provam essa morte da velha
natureza e a ressurreição da nova natureza.
As
mesmas passagens mostram que a morte da velha natureza e a
ressurreição da nova vida em Cristo, ou, despir do velho homem e o
se revestir do novo homem, acontecem ao mesmo tempo.
Para
ilustrar de outra maneira, pensemos em uma moeda. A moeda tem duas
faces. Assim a conversão consiste de duas partes: a morte da velha
natureza e a ressurreição da nova natureza. Essas são as duas
faces de uma só moeda: A conversão a Deus. Uma não segue a outra.
Elas ocorrem juntas. A velha natureza morre como a nova natureza vem
a vida.
A
Escritura também ensina que esse arrependimento é um processo que
dura todo tempo de nossa vida na terra. É um morrer constante. É um
renovar diário (Colossenses 3.1-11). É o desenvolvimento da
salvação que recebemos de Cristo por pura graça (Filipenses
2.12,13).
Sendo
assim, o Catecismo usa linguagem bíblica quando diz que o verdadeiro
arrependimento é “a morte da velha natureza e a ressurreição da
nova natureza”. O Catecismo fala a doutrina bíblica quando coloca
a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza como
eventos que acontecem ao mesmo tempo. O catecismo nos ensina a
vivermos Cristo quando coloca a conversão como um processo que dura
por toda nossa vida na terra.
Como o Catecismo nos
ajuda a entendermos essas partes da conversão?
O
Catecismo explica separadamente cada uma das partes da conversão. O
Catecismo começa sobre o que é a morte da natureza velha (veja a
Pergunta e Resposta 89).
A
morte da velha natureza é “a profunda e sincera tristeza por
termos ofendido a Deus com os nossos pecados, e o abandonar e fugir
desses pecados cada vez mais”. Um ímpio pode ter remorso por algo
que ele fez e julga ser errado. O ímpio pode sentir remorso por
falar mal de seu colega, ou ter traído a esposa dele, ou ter mentido
para o patrão. Por exemplo, Judas sentiu remorso por ter traído um
justo, Cristo Jesus. Mas, Judas era filho da perdição. Remorso não
manifesta a morte da velha natureza. A morte da velha natureza é uma
profunda e sincera tristeza por termos ofendido a Deus com nossos
pecados. Notem a expressão “profunda e sincera tristeza”.
Não são palavras vãs. São palavras que tem peso. A morte da
natureza velha não é uma tristeza externa e de aparência somente.
Não é como a tristeza vista nos fariseus quando jejuavam para serem
vistos pelos homens. Mas, é uma “profunda e sincera tristeza”
uma tristeza que vem das profundezas do coração. A morte da velha
natureza não é uma tristeza produzida por termos quebrados algumas
regrinhas de minha consciência. Mas, é uma profunda e sincera
tristeza “por termos ofendido a Deus com nossos pecados”.
O motiva da profunda tristeza é a ofensa contra Deus.
Vemos
esse tipo de profunda e sincera tristeza em Davi quando orou (Salmo
51.3,4): “Eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está
sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o
que é mau perante teus olhos, de maneira que serás tido como justo
no teu falar e pura no teu julgar”. Davi direcionou sua súplica a
Deus. Ele não pensou em Urias que havia sido traído e morto por
ele. Não pensou em Bateseba. Davi pensou na ofensa que fez contra
Deus. Davi sabia que seu pecado havia ofendido a Deus em primeiro
lugar. Então, esse conhecimento que o pecado é ofensa contra Deus
produziu em Davi uma profunda e sincera tristeza no coração.
A
tristeza que a morte da velha natureza produz não produz uma fuga
de Deus, mas um clamor a Deus. A tristeza que a morte da velha
natureza traz não produz morte, mas vida “porque a tristeza
segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém
traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2 Coríntios
7.10). Essa é a profunda e sincera tristeza que caracteriza a
conversão.
Agora,
a morte da velha natureza não gera somente a profunda e sincera
tristeza com o pecado. Ela nos leva a um outro sentimento forte
contra o pecado: “abominação”, ou seja, ódio contra os nossos
pecados. Então, a morte da velha natureza nos faz fugir de nossos
pecados!
Por
quê?
Por
que é normal fugirmos daquilo que nos entristece e daquilo que não
amamos! Somente não fujo de meus pecados quando me alegro e amo os
meus pecados. Mas, quando o Espírito Santo opera em mim a conversão,
então, o pecado que me alegrava não me alegra mais. Quando o
Espírito Santo opera em mim a conversão, então, os meus pés que
me levavam para abraçar os meus pecados velhos vão agora me levar
para fugir “cada vez mais desses pecados”. Esses sentimentos e
ação que desfavorece o pecado caracteriza também a morte de minha
velha natureza.
A
outra face do verdadeiro arrependimento é a ressurreição da nova
natureza (veja a Pergunta e Resposta 90). Essa ressurreição é
caracterizada por alegria, amor e prazer.
A
alegria que caracteriza a ressurreição da nova natureza não é
fingida, somente de boca, mas alegria que vem do coração, sincera.
Essa alegria não se baseia em nós, mas “em Deus por Cristo”. A
nossa alegria é porque entendemos que através de Cristo temos a
misericórdia de Deus. Nossa alegria sincera em Deus porque sabemos
fomos reconciliados com Ele e que a obediência é iniciada em nós
e nós devemos aperfeiçoar essa obediência.
Amor
e prazer (deleite) são outros sentimentos que surgem no coração de
quem foi convertido a Deus. Os casados sabem melhor sobre isso. Não
vivemos com nossos cônjuges somente por obrigação. Vivemos com
eles por que amamos e nos deleitamos neles (Se não é assim, então,
algo está errado no casamento!). Da mesma forma a vida dos crentes
com Deus. Aqueles que são e foram vivificados em Cristo buscam viver
a vontade de Deus porque amam e se deleitam na vontade de Seu amado
Deus. Não vivemos com Deus por mera obrigação, mas por amor e por
prazer na vontade de Deus e em todas as boa obras.
A
nossa gratidão a Deus se revela no amor e prazer em boas obras. O
catecismo finaliza o Dia do Senhor 33 dizendo o que são boas obras
(veja Pergunta e Resposta 91). Portanto, Somente verdadeiros
convertidos podem amar e se deleitar nessas obras. Porque somente
quem foi convertido tem a verdadeira fé, amam e tem prazer nos
mandamentos de Deus. Somente quem foi convertido busca a glória de
Deus em um simples comer um pão, ou, em um simples beber um copo de
água.
Conclusão:
Amados
irmãos e irmãs, podemos ver as duas faces do verdadeiro
arrependimento sendo ensinadas no nosso Catecismo: A morte da velha
natureza, a natureza pecaminosa que herdamos de Adão; e, a
ressurreição da nova natureza, a natureza renovada por Cristo e que
cada vez é renovada pelo Espírito e pela Palavra. A vida de
verdadeiro arrependimento é a vida de gratidão a Deus.
Agora,
pense na essência da vida de gratidão: uma vida de verdadeiro
arrependimento. Então:
Onde
você fixa a sua preocupação?
Em
buscar quando, onde e como você foi convertido por Deus?
Qual
a sua preocupação? É saber esses dados, ou, é viver uma vida de
gratidão a Deus?
Qual
é o seu sentimento e sua atitude para com os seus pecados?
Qual
é o sentimento e sua atitude para com aquilo que agrada a Deus?
Essas
perguntas são mais importantes para você que a pergunta: quando,
onde e como você foi convertido por Deus. O SENHOR Deus quer que
você se preocupe em viver uma vida de gratidão por Cristo Jesus. O
SENHOR Deus quer que você viva a vida de verdadeiro arrependimento.
Deus salvou você em Cristo Jesus para isso. Por isso, pelo
evangelho, Deus revela a você a doutrina do verdadeiro
arrependimento e conversão a Deus. O SENHOR faz isso pois o desejo
dEle é que você viva em gratidão amoroso e deleitoso com Ele. O
desejo de Deus é que você, em meio a tristeza produzida pelo
pecado, tenha uma vida de alegria, amor e deleite em Cristo Jesus.
Deus nos revela a doutrina da conversão, pois o desejo dele é que
desenvolvamos a salvação graciosa que Cristo conquistou para nós.
Esse desenvolvimento de nossa salvação tem a ver com a nossa
santificação em Cristo. Por isso, amados irmãos e irmãs vivamos
confiando em Cristo, vivamos Cristo. Vivamos a nossa vida de gratidão
a Deus, pois, pela graça de Deus provamos o verdadeiro
arrependimento. Amém.
Sermão
preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina do Senhor Deus
ensinada no Dia do Senhor 33 do Catecismo de Heidelberg.
Textos bíblicos:
Romanos
6.1
Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça
mais abundante?
6.2
De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele
morremos?
6.3
Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo
Jesus fomos batizados na sua morte?
6.4
Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim
também andemos nós em novidade de vida.
6.5
Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte,
certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6.6
sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para
que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como
escravos;
6.7
porquanto quem morreu está justificado do pecado.
6.8
Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos,
6.9
sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já
não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
6.10
Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o
pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
6.11
Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos
para Deus, em Cristo Jesus.
Efésios
4.17
Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como
também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos,
4.18
obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da
ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,
4.19
os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução
para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza.
4.20
Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,
4.21
se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos,
segundo é a verdade em Jesus,
4.22
no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho
homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano,
4.23
e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,
4.24
e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e
retidão procedentes da verdade.
________________________________________________________________________________
CATECISMO DE HEIDELBERG
Dia do Senhor 33
P.88.
O que é o verdadeiro arrependimento ou conversão do homem?
R. É a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza.1
1. Rm 6.1-11; 1Co 5.7; 2Co 5.17; Ef 4.22-24; Cl 3.5-10.
P.89. O que é a morte da velha natureza?
R. É a profunda e sincera tristeza por termos ofendido a Deus com os nossos pecados, e o abominar e fugir desses pecados cada vez mais.1
1. Sl 51.3, 4, 17; Jl 2.12, 13; Rm 8.12, 13; 2Co 7.10.
P.90. O que é a ressurreição da nova natureza?
R. É a alegria sincera em Deus por Cristo,1e o amor e o deleite de viver segundo a vontade de Deus em todas as boas obras.2
1. Sl 51.8, 12; Is 57.15; Rm 5.1; 14.17. 2. Rm 6.10, 11; Gl 2.20.
P.91. Mas, o que são as boas obras?
R. Somente as que são feitas pela verdadeira fé,1em conformidade com a lei de Deus2 e para a Sua glória,3e não aquelas que se baseiam na nossa própria opinião ou em preceitos de homens.4
1. Jo 15.5; Rm 14.23; Hb 11.6. 2. Lv 18.4; 1Sm 15.22; Ef 11.6. 3. 1Co 10.31. 4. Dt 12.32; Is 29.13; Ez 10.18, 19; Mt 15.7-9.
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