segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sermão - A Nova Vida de Gratidão, Sinal do Verdadeiro Arrependimento.

Texto: Dia do Senhor 33
Leitura: Romanos 6.1-11; Efésios 4.17-24


Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo e visitantes,

A última pergunta do Dia do Senhor 32, no Catecismo de Heidelberg, nos conduz a ver que o viver no pecado é o mesmo que um viver ingrato e impenitente. Jesus disse que “a árvore boa produz bons frutos, porém a arvore má produz frutos maus” (Mateus 7.17).
No Dia do Senhor 33 confessamos o que é o verdadeiro arrependimento ou conversão a Deus. Mas, esse Dia do Senhor 33 tem a ver com a vida de gratidão a Deus. A essência da vida de gratidão a Deus pode ser resumida em uma só palavra: Arrependimento.
No Dia do Senhor 33 não diz como o arrependimento acontece em cada pessoa. Por exemplo, o apóstolo Paulo foi levado ao arrependimento de modo maravilhoso. Jesus derrubou Paulo no chão e tirou dele a visão. Mas, Jesus levou Lídia ao arrependimento através da pregação de Paulo. O modo de Paulo ser levado ao arrependimento foi diferente da experiência de Lídia. Porém, a natureza, ou, essência do arrependimento é a mesma em qualquer pessoa. O catecismo vai nos ensinar sobre essência do arrependimento. Fixar atenção nessa essência é o mais importante.
Se consideramos que é mais importante sabermos se vivemos a essência da vida de gratidão, arrependimento, então, não nos preocuparemos muito sobre quando aconteceu a nossa conversão a Deus. Essa preocupação toma, especialmente, muitos dos filhos da aliança. Os filhos dos crentes nascem dentro da aliança. É comum para eles orarem, irem aos cultos e participarem dos estudos bíblicos. Eles são santos membros da igreja de Cristo. Então, é comum para eles confessarem que amam a Deus. Muitos deles ficam curiosos: Quando me converti e como me converti? Porém, a questão mais importante não é quando ocorreu e nem como foi que ocorreu nossa conversão. O mais importante é se nós vivemos uma vida de gratidão a Deus. Para nos ajudar a fixarmos nossa atenção na vida de gratidão a Deus, então, prego a doutrina do SENHOR no seguinte tema:

A nossa vida de gratidão a Deus revela que provamos o verdadeiro arrependimento

O verdadeiro arrependimento ou conversão são a mesma coisa. Quem prova o verdadeiro arrependimento prova a conversão a Deus. Não são duas experiência mas uma só experiência. Essa afirmação se fundamenta na Escritura.
A Escritura fala do verdadeiro arrependimento usando a imagem da morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza. Por exemplo, o Apóstolo Paulo ensina que o crente está ligado a Cristo (Romanos 6.1-11). Essa ligação produziu morte para o pecado e a ressurreição para nova vida para Deus (Romanos 6.1-4,11). Em outro lugar o apóstolo Paulo ensinou que a vida em Cristo é o despir do velho homem e o se revestir do novo homem (Efésios 4.22-24). Então, os crentes provam a conversão quando provam essa morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza.
As mesmas passagens mostram que a morte da velha natureza e a ressurreição da nova vida em Cristo, ou, despir do velho homem e o se revestir do novo homem, acontecem ao mesmo tempo.
Para ilustrar de outra maneira, pensemos em uma moeda. A moeda tem duas faces. Assim a conversão consiste de duas partes: a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza. Essas são as duas faces de uma só moeda: A conversão a Deus. Uma não segue a outra. Elas ocorrem juntas. A velha natureza morre como a nova natureza vem a vida.
A Escritura também ensina que esse arrependimento é um processo que dura todo tempo de nossa vida na terra. É um morrer constante. É um renovar diário (Colossenses 3.1-11). É o desenvolvimento da salvação que recebemos de Cristo por pura graça (Filipenses 2.12,13).
Sendo assim, o Catecismo usa linguagem bíblica quando diz que o verdadeiro arrependimento é “a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza”. O Catecismo fala a doutrina bíblica quando coloca a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza como eventos que acontecem ao mesmo tempo. O catecismo nos ensina a vivermos Cristo quando coloca a conversão como um processo que dura por toda nossa vida na terra.
Como o Catecismo nos ajuda a entendermos essas partes da conversão?
O Catecismo explica separadamente cada uma das partes da conversão. O Catecismo começa sobre o que é a morte da natureza velha (veja a Pergunta e Resposta 89).
A morte da velha natureza é “a profunda e sincera tristeza por termos ofendido a Deus com os nossos pecados, e o abandonar e fugir desses pecados cada vez mais”. Um ímpio pode ter remorso por algo que ele fez e julga ser errado. O ímpio pode sentir remorso por falar mal de seu colega, ou ter traído a esposa dele, ou ter mentido para o patrão. Por exemplo, Judas sentiu remorso por ter traído um justo, Cristo Jesus. Mas, Judas era filho da perdição. Remorso não manifesta a morte da velha natureza. A morte da velha natureza é uma profunda e sincera tristeza por termos ofendido a Deus com nossos pecados. Notem a expressão “profunda e sincera tristeza”. Não são palavras vãs. São palavras que tem peso. A morte da natureza velha não é uma tristeza externa e de aparência somente. Não é como a tristeza vista nos fariseus quando jejuavam para serem vistos pelos homens. Mas, é uma “profunda e sincera tristeza” uma tristeza que vem das profundezas do coração. A morte da velha natureza não é uma tristeza produzida por termos quebrados algumas regrinhas de minha consciência. Mas, é uma profunda e sincera tristeza “por termos ofendido a Deus com nossos pecados”. O motiva da profunda tristeza é a ofensa contra Deus.
Vemos esse tipo de profunda e sincera tristeza em Davi quando orou (Salmo 51.3,4): “Eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante teus olhos, de maneira que serás tido como justo no teu falar e pura no teu julgar”. Davi direcionou sua súplica a Deus. Ele não pensou em Urias que havia sido traído e morto por ele. Não pensou em Bateseba. Davi pensou na ofensa que fez contra Deus. Davi sabia que seu pecado havia ofendido a Deus em primeiro lugar. Então, esse conhecimento que o pecado é ofensa contra Deus produziu em Davi uma profunda e sincera tristeza no coração.
A tristeza que a morte da velha natureza produz não produz uma fuga de Deus, mas um clamor a Deus. A tristeza que a morte da velha natureza traz não produz morte, mas vida “porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte” (2 Coríntios 7.10). Essa é a profunda e sincera tristeza que caracteriza a conversão.
Agora, a morte da velha natureza não gera somente a profunda e sincera tristeza com o pecado. Ela nos leva a um outro sentimento forte contra o pecado: “abominação”, ou seja, ódio contra os nossos pecados. Então, a morte da velha natureza nos faz fugir de nossos pecados!
Por quê?
Por que é normal fugirmos daquilo que nos entristece e daquilo que não amamos! Somente não fujo de meus pecados quando me alegro e amo os meus pecados. Mas, quando o Espírito Santo opera em mim a conversão, então, o pecado que me alegrava não me alegra mais. Quando o Espírito Santo opera em mim a conversão, então, os meus pés que me levavam para abraçar os meus pecados velhos vão agora me levar para fugir “cada vez mais desses pecados”. Esses sentimentos e ação que desfavorece o pecado caracteriza também a morte de minha velha natureza.
A outra face do verdadeiro arrependimento é a ressurreição da nova natureza (veja a Pergunta e Resposta 90). Essa ressurreição é caracterizada por alegria, amor e prazer.
A alegria que caracteriza a ressurreição da nova natureza não é fingida, somente de boca, mas alegria que vem do coração, sincera. Essa alegria não se baseia em nós, mas “em Deus por Cristo”. A nossa alegria é porque entendemos que através de Cristo temos a misericórdia de Deus. Nossa alegria sincera em Deus porque sabemos fomos reconciliados com Ele e que a obediência é iniciada em nós e nós devemos aperfeiçoar essa obediência.
Amor e prazer (deleite) são outros sentimentos que surgem no coração de quem foi convertido a Deus. Os casados sabem melhor sobre isso. Não vivemos com nossos cônjuges somente por obrigação. Vivemos com eles por que amamos e nos deleitamos neles (Se não é assim, então, algo está errado no casamento!). Da mesma forma a vida dos crentes com Deus. Aqueles que são e foram vivificados em Cristo buscam viver a vontade de Deus porque amam e se deleitam na vontade de Seu amado Deus. Não vivemos com Deus por mera obrigação, mas por amor e por prazer na vontade de Deus e em todas as boa obras.
A nossa gratidão a Deus se revela no amor e prazer em boas obras. O catecismo finaliza o Dia do Senhor 33 dizendo o que são boas obras (veja Pergunta e Resposta 91). Portanto, Somente verdadeiros convertidos podem amar e se deleitar nessas obras. Porque somente quem foi convertido tem a verdadeira fé, amam e tem prazer nos mandamentos de Deus. Somente quem foi convertido busca a glória de Deus em um simples comer um pão, ou, em um simples beber um copo de água.

Conclusão:

Amados irmãos e irmãs, podemos ver as duas faces do verdadeiro arrependimento sendo ensinadas no nosso Catecismo: A morte da velha natureza, a natureza pecaminosa que herdamos de Adão; e, a ressurreição da nova natureza, a natureza renovada por Cristo e que cada vez é renovada pelo Espírito e pela Palavra. A vida de verdadeiro arrependimento é a vida de gratidão a Deus.
Agora, pense na essência da vida de gratidão: uma vida de verdadeiro arrependimento. Então:
Onde você fixa a sua preocupação?
Em buscar quando, onde e como você foi convertido por Deus?
Qual a sua preocupação? É saber esses dados, ou, é viver uma vida de gratidão a Deus?
Qual é o seu sentimento e sua atitude para com os seus pecados?
Qual é o sentimento e sua atitude para com aquilo que agrada a Deus?
Essas perguntas são mais importantes para você que a pergunta: quando, onde e como você foi convertido por Deus. O SENHOR Deus quer que você se preocupe em viver uma vida de gratidão por Cristo Jesus. O SENHOR Deus quer que você viva a vida de verdadeiro arrependimento. Deus salvou você em Cristo Jesus para isso. Por isso, pelo evangelho, Deus revela a você a doutrina do verdadeiro arrependimento e conversão a Deus. O SENHOR faz isso pois o desejo dEle é que você viva em gratidão amoroso e deleitoso com Ele. O desejo de Deus é que você, em meio a tristeza produzida pelo pecado, tenha uma vida de alegria, amor e deleite em Cristo Jesus. Deus nos revela a doutrina da conversão, pois o desejo dele é que desenvolvamos a salvação graciosa que Cristo conquistou para nós. Esse desenvolvimento de nossa salvação tem a ver com a nossa santificação em Cristo. Por isso, amados irmãos e irmãs vivamos confiando em Cristo, vivamos Cristo. Vivamos a nossa vida de gratidão a Deus, pois, pela graça de Deus provamos o verdadeiro arrependimento. Amém.

Sermão preparado pelo Rev. Adriano Gama sobre a doutrina do Senhor Deus ensinada no Dia do Senhor 33 do Catecismo de Heidelberg.


Textos bíblicos:

Romanos

6.1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?
6.2 De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?
6.3 Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?
6.4 Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.
6.5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6.6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
6.7 porquanto quem morreu está justificado do pecado.
6.8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
6.9 sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
6.10 Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
6.11 Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.

Efésios

4.17 Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos,
4.18 obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,
4.19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza.
4.20 Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,
4.21 se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus,
4.22 no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano,
4.23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,
4.24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.
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CATECISMO DE HEIDELBERG

Dia do Senhor 33

P.88. O que é o verdadeiro arrependimento ou conversão do homem?

R. É a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza.1

1. Rm 6.1-11; 1Co 5.7; 2Co 5.17; Ef 4.22-24; Cl 3.5-10.

P.89. O que é a morte da velha natureza?

R. É a profunda e sincera tristeza por termos ofendido a Deus com os nossos pecados, e o abominar e fugir desses pecados cada vez mais.1

1. Sl 51.3, 4, 17; Jl 2.12, 13; Rm 8.12, 13; 2Co 7.10.

P.90. O que é a ressurreição da nova natureza?

R. É a alegria sincera em Deus por Cristo,1e o amor e o deleite de viver segundo a vontade de Deus em todas as boas obras.2

1. Sl 51.8, 12; Is 57.15; Rm 5.1; 14.17. 2. Rm 6.10, 11; Gl 2.20.

P.91. Mas, o que são as boas obras?

R. Somente as que são feitas pela verdadeira fé,1em conformidade com a lei de Deus2 e para a Sua glória,3e não aquelas que se baseiam na nossa própria opinião ou em preceitos de homens.4

1. Jo 15.5; Rm 14.23; Hb 11.6. 2. Lv 18.4; 1Sm 15.22; Ef 11.6. 3. 1Co 10.31. 4. Dt 12.32; Is 29.13; Ez 10.18, 19; Mt 15.7-9.


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