Texto: Marcos 2.15-17
Leitura: Mc 2.13-17
Amados
irmãos e irmãs no Senhor Jesus Cristo,
Um
pastor evangelizava um homem na rua. O pastor apresentou o Evangelho a este
homem e lhe convidou para o culto no domingo. Mas, a resposta que o pastor
ouviu foi: Agradeço o convite. Mas, não devo estar na igreja. A minha vida é
muito quebrada, só irei à igreja quando consertar a minha vida.
Muito
triste o conceito que aquele homem tinha de si mesmo e da igreja.
Porém,
pensemos:
Qual
a base do pensamento daquele homem?
Será
que ele pensava de acordo com o Evangelho?
O
homem pensava que a igreja é apenas para pessoas certinhas, pessoas que não são
tão pecadoras, que tem famílias estáveis, tudo no seu lugar e bem organizado. A
igreja é para os “justos”, para “sãos”.
No
exemplo usado, temos um pecador que se excluía de ir à igreja, porque se achava
pecador demais, quebrado demais, indigno de estar na igreja, na comunhão com
Jesus e com os servos de Jesus. Mas, em Marcos, na passagem que lemos, vemos o
espanto de líderes judeus que recriminavam Jesus por que Ele comia e bebia com publicanos e
pecadores.
A
atitude dos escribas dos fariseus era pior que a situação do homem que foi
evangelizado pelo pastor. Os escribas não somente se achavam “sãos”, ou,
“justos”, mas também marginalizavam todos aqueles que não observavam as suas
tradições, as suas interpretações da lei.
Nesse
contexto que aprendemos o Evangelho de Deus. O Evangelho que diz que temos um
Médico da parte de Deus. Esse médico que nos foi enviado para nos curar da pior
de todas as enfermidades: o pecado. O tema de nossa pregação é:
Jesus é o nosso Gracioso
Médico-Salvador. Ele veio para os doentes, Ele veio chamar pecadores. Ele veio
restaurar as nossas vidas para Deus.
Amados
irmãos, vamos para o verso 15: “Achando-se
Jesus à mesa na casa de Levi, estavam juntamente com ele e com seus discípulos
muitos publicanos e pecadores; porque estes eram em grande número e também o
seguiam”.
Lemos
os vs. 13,14. Eles dão o contexto da nossa passagem. Nos vs. 13 e 14 lemos
sobre a conversão de um publicano chamado Levi. Jesus chamou soberanamente Levi.
Levi creu e atendeu o chamado de Jesus. O publicano deixou a coletoria, tudo
que tinha e seguiu a Jesus. Levi foi feito um discípulo de Jesus Cristo.
Após
deixar a coletoria, Levi, com muita alegria, chamou Jesus a sua casa. O texto do
v. 15 mostra a cena de Jesus à mesa na casa de Levi. O publicano Levi ofereceu
um grande banquete para Jesus (conforme Lucas 5.29). Levi queria manifestar sua
alegria e comunhão com Jesus. Uma verdadeira festa para o Salvador.
No
grande banquete não estava apenas Levi, Jesus e os discípulos dEle. Mas, junto com
eles à mesa estavam “muitos publicanos e pecadores”. A explicação do texto
mostra o motivo de publicanos e pecadores estarem com Jesus na mesa, “porque
estes eram em grande número e também o seguiam”.
Muitos
publicanos e pecadores acompanhavam Jesus. Jesus não era um pregador de
tradições judaicas. Ele pregava o evangelho de Deus. Jesus não marginalizava
pessoas, mas chamava todos os pecadores ao arrependimento e a fé no Filho de
Deus. Jesus trouxe a mensagem da graça e da misericórdia prometida por Deus através
dos profetas.
A
mensagem e os milagres de Jesus atraiam multidões a Ele. Dentre essas multidões
estavam “muitos publicanos e pecadores”. Esses muitos publicanos e pecadores
estavam com Jesus à mesa na casa de Levi, o publicano. Isso chamou atenção de
um outro grupo que andava na cola de Jesus.
Quem
era esse grupo?
Os
fariseus.
O
v. 16 diz: “Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em companhia dos
pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que come [e bebe]
ele com os publicanos e pecadores?”.
Os
fariseus eram um grupo político religioso dos judeus. Eles se consideravam os
guardiões da lei e da tradição de Moisés. Os escribas eram especialistas na Lei
e nas tradições judaicas. Esses doutores vindo do partido dos fariseus
questionaram os discípulos:
“Por
que come [e bebe] ele com os publicanos e pecadores?”
Por
que essa pergunta?
Qual
o problema Jesus comer com publicanos e fariseus?
Por
quê tanto espanto?
O
banquete já era estranho por que estava acontecendo numa época de jejum (vs
18-22). Mas, naquele momento o que chamou mais a atenção dos escribas foi que
Jesus estava à mesa “com publicanos e pecadores.”
Primeiro,
entenda que os publicanos eram considerados traidores pelos judeus. Os
publicanos cobravam impostos para os romanos. Então, os publicanos eram uma
classe marginalizada, especialmente, pelos fariseus. O termo “pecadores” pode
ser um sinônimo para os publicanos. Mas, os fariseus também consideravam
“pecadores” todos aqueles que não seguiam a interpretação que eles davam a Lei
de Deus. Por exemplo: Somente era necessário não lavar as mãos e os pés antes
de comerem, então, você poderia ser pichado de “pecador”. Ou, se não fossem
obedecidas as regrinhas farisaicas para o sábado. Lembrem-se que Jesus foi tido
com transgressor da lei quando permitiu seus discípulos não lavarem as mãos
antes da refeição. Lembrem-se que o Senhor Jesus foi acusado de profanar o
sábado, pois curou enfermos nos sábados!
Segundo,
parece que em todas as tradições, comer e comunhão são sinônimos de boa relação.
A tradição dos fariseus impedia um judeu entrar na casa de gentios e de
publicanos. A tradição dos judeus impedia um discípulo de um mestre estar à
mesa na companhia do povo da terra, ou, “da plebe que nada sabe da lei” (João
7.49).
Mas,
contrário aos tradicionalistas preconceituosos, Jesus não se negou estar à mesa
com publicanos e pecadores. Jesus não comungava com os juros altos e com as
extorsões praticadas pelos publicanos. Jesus não apoiava os pecados grosseiros
dos pecadores. Mas, Jesus comeu com publicanos e pecadores, porque compreendia
a necessidade que todo homem tem: Cura, perdão de pecados, Salvação através de
arrependimento e da fé no Filho de Deus! Por isso, Jesus estava à mesa com
“publicanos e pecadores”.
Jesus
ouviu a murmuração dos escribas dos fariseus e respondeu as críticas
preconceituosas deles (veja o v. 17): “Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes:
Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim
pecadores.”
Jesus
repreendeu pesadamente os escribas preconceituosos. A tradição dos escribas se
tornou para eles o meio de justiça e o que mostrava a sanidade deles para eles.
Os fariseus se achavam “sãos e justos”. Então, vemos que o problema não estava
na tradição. A origem do problema era não compreensão da depravação total e da
graça de Deus.
Os
escribas, embora conhecedores da letra da Lei, não entenderam a depravação
total do homem. Não entenderam que todos os homens “pecaram e destituídos estão
da glória de Deus”. Eles não entenderam a misericórdia de Deus para com pecadores.
Por isso eram marginalizadores e repudiavam todos que não fizessem parte de
suas tradições humanas. Os escribas não entenderam que eles eram pecadores tão
miseráveis quanto “os publicanos e pecadores”. Jesus revelou o engano dos
escribas dos fariseus, dizendo: “... Os sãos não precisam de médico, e sim os
doentes;...”. Jesus também revelou mais sobre Sua missão na terra, dizendo: “...
não vim chamar justos, e sim pecadores”.
Jesus
deu o motivo de estar à mesa com pessoas de baixa reputação. Ele estava á mesa
assim como um médico chega na cama de um doente.
Será
que um médico se aproxima de um doente para se contaminar com a doença do doente?
Não! O médico chega e toca no doente para levar cura ao enfermo!
Jesus
é o Gracioso Médico-Salvador não veio para aqueles que se acham “sãos... e
justos”. Jesus veio para aqueles que reconhecem que são “doentes... e
pecadores”. A estes Jesus veio chamar e salvar!
Nós
precisamos perguntar aos homens:
Qual
o diagnóstico que você faz de si mesmo?
Diante
de Deus você se considera “são e justo”, ou, “doente e pecador”?
Qual
a idéia que você tem de Cristo Jesus?
Qual
a ideia que você tem de pecadores que estão em um estado espiritual pior que o
seu?
A
visão que temos de nós mesmos revela se entendemos o evangelho do Gracioso
Médico-Jesus. Se me acho “justo”, então, para que preciso de Jesus? Isso é
perdição.
A
visão que temos de nós mesmos determina também o nosso evangelismo. Nós precisamos
olhar para a humanidade com um olhar clínico. Todos os homens estão debaixo da
maldição do pecado. Todos os homens necessitam de cura. Os sintomas do pecado
se manifestam mais terrivelmente em uns que em outros. Mas, todos os homens
necessitam de Jesus Cristo, necessitam do perdão de pecados pela fé em Cristo
Jesus.
Então,
você, membro da igreja, tem olhado clinicamente para seus parentes, vizinhos,
empregados, colegas e outros?
O
que você tem visto?
Você
tem visto que eles precisam de Jesus Cristo?
O
que você tem feito para que eles sejam levados ao gracioso Médico-Salvador
Jesus?
Seja
um enfermeiro de Jesus Cristo. Veja a igreja como o hospital onde Jesus opera.
Por meio da Igreja, através da pregação do Evangelho, o Filho de Deus chama
pecadores ao arrependimento e a fé nEle. É através do ministério da igreja que
Jesus cura e restaurado aqueles que foram quebrados pelo pecado.
Olhe
com misericórdia para aqueles que estão fora da igreja, àqueles estão quebrados
pelo pecado: quebrados e feridos por crises familiares, divórcios, abusos de
todos os tipos, escravizados por drogas, prostituição, roubo e demais pecados.
Essas pessoas precisam do Gracioso Médico-Jesus Cristo.
O
nosso chamado é aproximar essas pessoas de Cristo Jesus.
Como
você tem usado seus relacionamentos para levar Cristo Jesus às pessoas?
Jesus,
sem apoiar pecadores em seus pecados, buscava meios de se relacionar com
pecadores para comunicar o evangelho da graça de Deus eles. Jesus estava em
casamentos, em festas, nas vilas e nas casas de publicanos como Levi e Zaqueu.
Ele não criou barreiras para buscar os doentes e quebrados pelo pecado.
Nós
como crentes que reconhecemos a depravação total e a graça de Deus, precisamos
buscar meios para firmar relacionamentos que levem pessoas a terem contato com
Jesus Cristo. As nossas boas tradições não devem se tornar impedimentos para
isso. Pelo contrário, as boas tradições devem ser usadas para que as pessoas
vejam Cristo Jesus em nós e nós nEle. Por
isso, como igreja de Cristo, o que temos feito por aqueles que sofrem no
pecado, estão quebrados e feridos no pecado?
O
que precisamos fazer para que estas pessoas tenham contato com o Gracioso
Médico-Salvador, Jesus Cristo? O que nos impede de trazê-las aos cultos para
que elas ouçam Jesus?
Nós
precisamos seguir o nosso Salvador. Jesus nos revelou a nossa doença e miséria
no pecado. Ele, soberanamente, nos fez enxergar que não somos justos em nós
mesmos, mas somos pecadores indignos da graça de Deus. Hoje, Jesus, pelo
Espírito Santo, está conosco em uma Mesa. Jesus não nos considera indignos de
estarmos com Ele na Sua Ceia. Jesus nos recebe em graça e misericórdia. Não
porque somos sãos e justos em nós mesmos, mas por que Jesus nos salvou, derramou
o Seu sangue para perdoar todos os nossos pecados. Jesus ressuscitou para nossa
justificação. Jesus nos deu a Sua justiça e nos garante a vida eterna. Jesus, terapeuticamente,
está restaurando vidas, famílias, casamentos, relacionamentos para Deus. Jesus assim
pode fazer com outros pecadores. Jesus tem poder para isso. Ele fez isso e faz
isso por amor e graça. Não duvide de Seu Senhor, pois, Jesus é o nosso Gracioso Médico-Salvador. Ele veio para os doentes. Ele
veio chamar pecadores. Ele veio restaurar as nossas vidas para Deus. Amém.
Sermão preparado pelo
Rev. Adriano Gama com base na passagem de Marcos 2.15-17.
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Texto Bíblico:
Marcos 2.13-17
2.13 De novo, saiu Jesus para junto do mar, e toda a
multidão vinha ao seu encontro, e ele os ensinava.
2.14 Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu,
sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu.
2.15 Achando-se Jesus à mesa na casa de Levi,
estavam juntamente com ele e com seus discípulos muitos publicanos e pecadores;
porque estes eram em grande número e também o seguiam.
2.16 Os escribas dos fariseus, vendo-o comer em
companhia dos pecadores e publicanos, perguntavam aos discípulos dele: Por que
come [e bebe] ele com os publicanos e pecadores?
2.17 Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os
sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim
pecadores.
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