Sermão - Por Sua misericórdia e graça, Deus glorifica Seu santo nome.

Leitura: Jeremias 31.1-22

Texto: Jeremias 31.18-22

Amada congregação do Senhor Jesus,

A Escritura fala de Deus como um pai amoroso e bondoso para com Seus filhos. O Salmo 103 diz (v.13): “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó”. Nessa visão paternal bondosa e amorosa o Senhor Deus, o Pai do Seu povo amado, fala a Israel.

A Igreja nos dias de Jeremias provava as consequências de seus pecados. A mão do SENHOR pesou sobre Israel. Jerusalém já estava arrasada pelos Babilônicos. Israel às margens dos rios da Babilônia chorando e lembrando-se de Sião. A deportação já havia acontecido. Deus havia castigado a Igreja pela idolatria dela.

Em meio à tristeza produzida pela disciplina do Senhor, o profeta Jeremias proclamou uma palavra de consolo e esperança para a igreja de sua época. A palavra do Profeta é um chamado de Deus para Israel ver o amor e a fidelidade do Senhor para com Sua igreja. Então, Deus proclama sua palavra de consolo para a igreja que sofreu a disciplina do Senhor. A mensagem é:

O SENHOR transformará a vergonha de Seu povo em glória para o nome dEle.

O Senhor começa essa parte da Sua mensagem dizendo: “Bem ouvi que Efraim se queixava dizendo: Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado;”.

O SENHOR Deus usou a tribo de Efraim como uma ilustração para falar de Seu povo amado, Israel. Efraim foi uma tribo de Israel muito impetuosa e rebelde. Onde havia briga Efraim estava. Quando havia briga e ele não participava, então, Efraim reclamava. Efraim era como um adolescente hiperativo. Essa impetuosidade de Efraim não foi bem usada, pois essa tribo se rebelou contra o SENHOR. Então, Efraim foi castigado severamente pelo SENHOR. A tribo de Efraim foi deportada pelo primeiro exílio, o assírio.

Agora, Deus fala de Efraim que se lamenta, para falar de Israel se lamentando diante dEle em oração. Deus é um Deus que bem ouve a oração dos seus filhos. Ele disse: “bem ouvi que Efraim se queixava. Essa queixa não era uma oração de revolta, mas uma oração de tristeza. Efraim orava dizendo: Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado;”.

Nessas palavras vemos muito da soberania de Deus e de seu direito paternal de disciplinar os Seus filhos. Efraim olhou para seus sofrimentos e reconheceu que eles vinham de Deus. Mas, vinha de Deus por que Deus pune o pecado. Deus não se agrada do pecado. Assim, como um bom pai não se agrada das malcriações de Seus filhos. O SENHOR Deus pune pecados, assim como um bom pai castiga os erros dos seus filhos. O Senhor como um bondoso pai ensina ao Seu povo que o pecado dói.

Vemos que os filhos de Deus veem o castigo de Deus como algo necessário e educativo. Efraim reconheceu que ele foi duramente castigado como “novilho ainda não domado” (v.18b). Vocês já viram um bezerro (um touro novo) não educado? Um bezerro que fica pulando, corneando, dando coices para todos os lugares, fugindo do caminho, disparando para dentro do mato, para longe da boiada? Esse tipo de bezerro apanha muito do vaqueiro. Agora, o vaqueiro dá no novilho não domado para quê? Para educá-lo. O vaqueiro não quer que o novilho saia do caminho, vá para o espinheiro e se machuque, se perca e morra de fome e sede longe da boiada. O novilho não domado apanha muito, pois precisa ser educado para o bem dele.

Efraim reconheceu que Ele apanhou como “um novilho ainda não domado”. Os filhos de Deus não desprezam a disciplina do SENHOR. Os filhos de Deus reconhecem que o castigo de Deus, por mais severo que seja, é algo necessário para educação na justiça, para sermos exercitados na obediência a Deus.

Outro detalhe é que o filho de Deus não deseja viver em pecado (veja o v. 18c). Efraim recorreu ao Seu Deus, o soberano SENHOR, Aquele que tem o poder de converter o pecador. O Efraim quebrantado orou: “... converte-me, e serei convertido, porque tu és o SENHOR, meu Deus”.

Efraim sabia que a conversão é uma obra de Deus. O filho de Deus sabe que para ele voltar para Deus é necessário o poder de Deus atuando nele. Com base nisso os filos de Deus anseiam que Deus opere a conversão neles. Pois:

Quem se acha capaz de se voltar para o caminho do SENHOR?

Quem se acha capaz de com sua força abandonar o seu pecado?

Quem se acha capaz de com seu poder retornar ao caminho da vida de paz e comunhão na aliança do SENHOR?  

Se nós compreendemos nossa natureza caída, então, sabemos nossa incapacidade de nos convertermos para Deus. Por isso, Efraim clama ao SENHOR para que o SENHOR converta-lhe o coração. Efraim sabe que a verdadeira conversão não é uma obra do homem, da sua consciência moralista, de regras boas. A verdadeira conversão é aquela que é operada pelo Espírito de Deus no coração do homem!

O filho de Deus confia na fidelidade do SENHOR Deus da Aliança. Ele não ora, olha Deus... Dessa vez vou acertar. Não. Efraim disse na oração: “porque tu és o SENHOR, meu Deus”. Efraim firma sua confiança no “SENHOR”. SENHOR é o nome especial de Deus. O nome que lembra o amor pactual de Deus. O Deus Todo-poderoso que elegeu e converteu para Si um povo. Esse SENHOR é o Deus de Abrão. O Deus que tirou Israel do Egito. O SENHOR a quem a igreja pertence e adora. Efraim pertence a Deus. O SENHOR Deus que tem o poder de converter o coração de pecadores. O pecador convertido ora assim.

Agora, no v. 20, Efraim diz: “Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito; fiquei envergonhado, confuso, porque levei o opróbrio da minha mocidade”. Aqui temos os resultados da conversão na vida de Efraim. O fruto primeiro é arrependimento. O arrependimento é um fruto composto de tristeza pelo pecado, mudança de mente e de atitude para com o pecado.

Esse arrependimento vem depois que Deus abre o entendimento do pecador para que o pecador veja seu estado de miséria no pecado. Efraim disse: “depois que fui instruído...”. Deus fez Efraim aprender quem era Efraim. Efraim passou a conhecer a si mesmo: um pecador soberbo, miserável e que estava entorpecido pelo pecado.

A nossa imprensa alerta contra a droga chamada craque. Você somente precisa provar uma vez. Já era. O craque pega você e é só miséria. Mas, existe uma droga mais perigosa e entorpecedora que o craque. Diante dela o craque é um confeito. Esta droga é o pecado.

Desde Gênesis o homem é viciado no pecado e entorpecido por ele. O homem não consegue se livrar por si mesmo dessa droga. O homem precisa da obra soberana de Deus para sair do entorpecimento do pecado, para se ver como um pecador miserável. Deus na Sua graça tem tirado homens do vício do pecado. Deus tem feito isso através do Espírito Santo e da Sua palavra, que tem a revelação da Lei e da Graça em Cristo. A lei mostra a miséria. A graça mostra o remédio, Cristo Jesus. O Espírito Santo, soberanamente, tira o torpor do pecado e convence o pecador da miséria no pecado. O Espírito Santo leva o pecador para os braços de Cristo.

Efraim provou da graça de Deus. Deus fez Efraim conhecer o Efraim no pecado. Então, somente depois da sensatez chegar a Efraim, então, o texto diz (veja 19): “... bati no peito (sinal de arrependimento); fiquei envergonhado (profundamente triste), confuso (sem saber o que fazer, sem graça), porque levei o opróbrio (vergonha) da minha mocidade”. Efraim diante de Deus, conclui que toda sua vergonha era por causa do pecado dele.

Meu irmão, há muita graça de Deus no texto sendo revelada em Efraim. Somente um filho de Deus pode aceitar a disciplina do Senhor. Somente um filho de Deus clama a Deus por conversão. Somente um filho de Deus pode confiar na fidelidade do Deus da Aliança. Somente um filho de Deus pode chegar às conclusões tão profundas quanto ao pecado dele. Somente um filho de Deus ora a semelhança de Efraim.

O texto consola mais a igreja na graça de Deus. A conversão de Efraim foi por causa do amor de Deus por Ele. No v. 20, O SENHOR é um pai que, ama, valoriza e restaura os seus amados. O SENHOR diz que Efraim é seu filho precioso e que lhe compraz.  

Ora, somente pelo amor gracioso de Deus podemos entender essa expressão. Como Efraim é um Filho precioso, e que dá prazer a Deus? Deus, apesar de nossos pecados, jamais deixa de amar graciosamente os seus eleitos. Apesar das rebeldias de Efraim, Deus amava Efraim. O SENHOR tem um coração que se comove ternamente por Seu povo. As várias repreensões de Deus contra Efraim revelavam o grande amor gracioso de Deus por Efraim. Por isso, quanto mais nós provamos a repreensão do SENHOR, a disciplina que vem dEle, tanto mais devemos nos sentir amados e valorizados por nosso Pai, em Cristo Jesus. Pois, o SENHOR repreende os nossos pecados e nos castiga, como um pai que repreende o filho a quem ama (Pv 3.11-13).

Por isso, não é consoladora a disciplina que visa à destruição do pecador. Somente há consolo na disciplina quando ela visa levar o pecador a ver o cuidado e amor do Senhor. Em verdade, também não há consolo quando não entendemos a disciplina como expressão do amor de Deus. Por isso, tanto oficiais como membros tem o dever de compreenderem bem, aplicarem e receberem a disciplina como uma manifestação do amor pactual de Deus.

Vamos agora para os últimos versos. A graça de Deus nos dá a certeza do Seu amor na restauração do pecador. Veja o v. 21-22. Deus promete a restauração a Israel. A igreja foi levada ao cativeiro em Babilônia. Mas, eles deveriam marcar o caminho pelo qual foram levados para o cativeiro, pois pelo mesmo caminho Deus traria Seu povo de volta. O SENHOR que disciplina é o mesmo que restaura seu povo. O Pai que nos entristece com a disciplina é o mesmo que nos alegra com presentes graciosos. O SENHOR que envergonha o filho rebelde é o mesmo que, em gala, exalta seus filhos amados. Por isso, Efraim, Israel, que foi humilhado quando estava em idolatria e soberba, é o novo Israel que será vencedor sobre Seus inimigos, pois veja o v. 22.

Esse é um texto muito difícil e até não é bem traduzido em nossa versão Revista e atualizada. Não existe no hebraico esse adjetivo “infiel”. Somente há mulher. Essa mulher rodeia um homem, ou, abraça um homem. Essa é uma figura que mostra a força que a igreja terá na restauração. A igreja, a mulher que por natureza é fraca, abraçará firmemente o homem, que é forte por natureza. Assim, temos a ilustração da força incomum que a igreja receberá do SENHOR. A igreja pela obra do SENHOR vencerá seus inimigos que a fizeram sofrer. Essa força fenomenal o velho Israel não provou.

Conclusão:

Essa restauração prometida em Jeremias fala da volta de Cristo Jesus. Naquele dia a Igreja será reunida de todos os cantos da terra. Na volta de Cristo Jesus todos os nossos inimigos, representados em Satanás, serão esmagados debaixo de nossos pés (Rm 16.20). Por isso, devemos esperar com paciência esse Dia de Glória. Ainda não participamos da glória plena. Estamos, nesse mundo quebrado, sofremos com nossos pecados, estamos ainda humilhados e envergonhados no corpo dessa morte. Nossos inimigos ainda conseguem vencer batalhas em nossas vidas. Mas, vem o dia da restauração. O Dia quando a nossa vergonha em Adão será transformada em glória. A glória que não vem de nós, mas do SENHOR Cristo Jesus. Esse Dia está perto. Ele vem com o SENHOR Jesus Cristo. Jesus Cristo nos redimirá completamente de todos os nossos pecados. Não mais seremos envergonhados, porém, provaremos plenamente todo poder da glória de Cristo em nossos corpos e nossa alma e restauração de toda a criação. Naquele dia participaremos plenamente da glória do nosso SENHOR e Salvador Jesus Cristo. Essa glória que seremos participantes por causa do amor, da fieldade, da graça e da soberania do SENHOR nosso Deus, o Deus da Aliança. Pois o SENHOR é Fiel. Ele, transformará a vergonha de Seu povo em glória para o nome dEle e de Seu Cristo. Amém.

Sermão do Rev. Adriano Gama sobre Jeremias 31.18-22.

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Texto bíblico:

Jeremias

31.1   Naquele tempo, diz o SENHOR, serei o Deus de todas as tribos de Israel, e elas serão o meu povo.

31.2   Assim diz o SENHOR: O povo que se livrou da espada logrou graça no deserto. Eu irei e darei descanso a Israel.

31.3   De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.

31.4   Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam.

31.5   Ainda plantarás vinhas nos montes de Samaria; plantarão os plantadores e gozarão dos frutos.

31.6   Porque haverá um dia em que gritarão os atalaias na região montanhosa de Efraim: Levantai-vos, e subamos a Sião, ao SENHOR, nosso Deus!

31.7   Porque assim diz o SENHOR: Cantai com alegria a Jacó, exultai por causa da cabeça das nações; proclamai, cantai louvores e dizei: Salva, SENHOR, o teu povo, o restante de Israel.

31.8   Eis que os trarei da terra do Norte e os congregarei das extremidades da terra; e, entre eles, também os cegos e aleijados, as mulheres grávidas e as de parto; em grande congregação, voltarão para aqui.

31.9   Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho reto em que não tropeçarão; porque sou pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito.

31.10   Ouvi a palavra do SENHOR, ó nações, e anunciai nas terras longínquas do mar, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor, ao seu rebanho.

31.11   Porque o SENHOR redimiu a Jacó e o livrou da mão do que era mais forte do que ele.

31.12   Hão de vir e exultar na altura de Sião, radiantes de alegria por causa dos bens do SENHOR, do cereal, do vinho, do azeite, dos cordeiros e dos bezerros; a sua alma será como um jardim regado, e nunca mais desfalecerão.

31.13   Então, a virgem se alegrará na dança, e também os jovens e os velhos; tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza.

31.14   Saciarei de gordura a alma dos sacerdotes, e o meu povo se fartará com a minha bondade, diz o SENHOR.

31.15   Assim diz o SENHOR: Ouviu-se um clamor em Ramá, pranto e grande lamento; era Raquel chorando por seus filhos e inconsolável por causa deles, porque já não existem.

31.16   Assim diz o SENHOR: Reprime a tua voz de choro e as lágrimas de teus olhos; porque há recompensa para as tuas obras, diz o SENHOR, pois os teus filhos voltarão da terra do inimigo.

31.17   Há esperança para o teu futuro, diz o SENHOR, porque teus filhos voltarão para os seus territórios.

31.18   Bem ouvi que Efraim se queixava, dizendo: Castigaste-me, e fui castigado como novilho ainda não domado; converte-me, e serei convertido, porque tu és o SENHOR, meu Deus.

31.19   Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito; fiquei envergonhado, confuso, porque levei o opróbrio da minha mocidade.

31.20   Não é Efraim meu precioso filho, filho das minhas delícias? Pois tantas vezes quantas falo contra ele, tantas vezes ternamente me lembro dele; comove-se por ele o meu coração, deveras me compadecerei dele, diz o SENHOR.

31.21   Põe-te marcos, finca postes que te guiem, presta atenção na vereda, no caminho por onde passaste; regressa, ó virgem de Israel, regressa às tuas cidades.

31.22   Até quando andarás errante, ó filha rebelde? Porque o SENHOR criou coisa nova na terra: a mulher infiel virá a requestar um homem.