sábado, 15 de setembro de 2012

A Natureza Maligna do Pecado


O pecado é maligno em sua natureza. Considere o seguinte em relação a ele:
1. O pecado é algo que corrompe. O pecado não é somente uma apostasia, mas uma corrupção. É para o espírito como a ferrugem para o ouro, e como uma mancha para a beleza. Ele deixa a alma rubra com a culpa e negra com a torpeza. O pecado, nas Escrituras, é comparado a uma "coisa imunda" (Isaías 30.22) e a uma "chaga do seu coração" (l Reis 8.38). As vestes sujas de Josué, com as quais se apresentou diante do anjo, eram nada mais que um tipo e um hieróglifo do pecado (Zacarias 3.3). O pecado tem desonrado a imagem de Deus, além de macular o brilho precioso da alma. Ele faz Deus abominar o pecador (Zacarias 11.8) e quando um pecador percebe seu pecado ele abomina a si próprio (Ezequiel 20.43).
O pecado verte veneno em nossas boas obras e infecta nossas orações. O sumo sacerdote deveria fazer a expiação dos pecados no altar, tipificando que nossos cultos mais sagrados precisam de Cristo para expiá-los (Êxodo 29.36). As obrigações da religião, por si mesmas, são boas, porém o pecado as corrompe, assim como a água mais pura é contaminada ao correr sobre um solo barrento. Se o leproso, sob a lei, tocasse o altar, não ficaria limpo, mas ele teria profanado o altar. O apóstolo chama o pecado de "impureza, tanto da carne como do espírito" (2 Coríntios 7.1). O pecado imprime a imagem do diabo no homem. A malícia é o olho do diabo; a hipocrisia, seus pés fétidos. Ele transforma o homem em um diabo: "Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo" (João 6.70).
2. O pecado entristece o Espírito. O pecado entristece o Espírito de Deus: "E não entristeçais o Espírito de Deus" (Efésios 4.30). Entristecer é mais do que enraivecer.
Como o Espírito pode dizer que está entristecido? Porque, sabendo que ele é Deus, não pode estar sujeito a nenhuma paixão.
Isso é uma metáfora. O pecado entristece o Espírito porque é uma injúria causada ao Espírito, este não a recebe bondosamente e, por assim dizer, deposita-a no coração. Isso não é mais que entristecer o Espírito? O Espírito Santo desceu na forma de uma pomba e o pecado causou o lamento dessa pomba abençoada. Ainda que fosse somente um anjo, não deveríamos entristecê-lo, muito menos o Espírito de Deus. Não é lamentável entristecermos nosso Consolador?
3. O pecado é rebeldia contra Deus. E um ato rebelde contra o Criador, um caminhar em direção oposta ao céu: "Se... andardes contrariamente comigo" (Levítico 26.27). Um pecador tripudia sobre a lei de Deus, contraria a sua vontade, faz tudo que pode para afrontar, sim, para ofender a Deus. A palavra hebraica para pecado, pasha, significa rebelião. Em todo pecado existe um cerne de rebeldia: "Antes, certamente toda a palavra que saiu da nossa boca, isto é, queimaremos incenso à Rainha dos Céus... temos feito" (Jeremias 44.17). O pecado atenta contra a verdadeira divindade: o pecado é o hipotético assassino de Deus. O pecado não só gostaria de desentronizar Deus, mas de desdivinizá-lo. Se o pecador pudesse fazê-lo, Deus não seria mais Deus.
4. O pecado é um ato cruel de falsidade. O pecado é um ato de falsidade e de crueldade. Deus alimenta o pecador, mantém os demônios longe dele, realiza nele milagres com misericórdia. Porém, o pecador não somente esquece as misericórdias de Deus como, ainda, as condena. Ele é o que há de pior para a misericórdia, como Absalão que, na condição de filho de Davi, havia beijado o pai, obtendo, assim, seu favor, e planejou traí-lo (2 Samuel 15.10). Como a mula, que escoiceia a própria mãe após mamar o leite: "É assim a tua fidelidade para com o teu amigo?" (2 Samuel 16.17). Deus pode repreender o pecador. "Dei-te", ele pode dizer, "saúde, força e posição; mas retribuíste mal por bem, feriste-me com minhas próprias misericórdias; é esta a tua fidelidade para com teu amigo? Dei-te vida para que pecasses? Dei-te recompensas para que servisses ao diabo?"
5. O pecado é uma doença terrível. O pecado é uma doença: "Toda a cabeça está doente" (Isaías 1.5). Alguns estão doentes de orgulho, outros de luxúria, outros de inveja. O pecado causa indisposição à parte intelectual, é como uma lepra na cabeça, ele envenena os órgãos vitais: Porque a consciência deles está corrompida (Tito 1.15). Acontece com o pecador o mesmo que com uma pessoa doente: seu paladar fica indisposto: as coisas mais doces têm sabor amargo. A expressão "mais doces do que o mel" (SI 19.10) tem sabor amargo para ele, troca "o doce, por amargo" (Isaías 5.20). Isso é uma doença e nada pode curá-la, a não ser o sangue do médico (Jesus).
6. O pecado é uma coisa irracional. Ele não somente faz o homem agir perversamente, mas também loucamente. É absurdo e irracional preferir o menos ao mais, os prazeres da vida aos rios de prazeres à mão direita de Deus perpetuamente. Não é irracional perder o céu pela satisfação da luxúria? Como Lisímaco, que perdeu um reino por causa de um gole d'água. Não é irracional contentar um inimigo? No pecado, fazemos tudo isso. Quando a luxúria ou a ira imprudente queimam na alma, o próprio Satanás se aquece nessas chamas. Os pecados dos homens são um banquete para o diabo.
7. O pecado é algo doloroso. Custa muito trabalho aos homens andar atrás de seus pecados. Como se cansam servindo ao diabo. "Cansam-se de praticar a iniqüidade" (Jeremias 9.5). Quanta dor Judas teve de suportar por sua traição. Ele vai ao sumo sacerdote, depois segue atrás do bando de soldados, e, então, finalmente volta ao jardim. Crisóstomo diz: "A virtude é mais suave que o vício". É mais doloroso para alguns seguirem após os próprios pecados do que, para outros, adorarem a Deus. Enquanto sofre dores de parto com seu pecado, o pecador dá à luz com pesar, como dito em Tito 3.3: "escravos de toda a sorte de paixões". Não têm prazer, mas servem. Por quê? Não só por causa da escravidão do pecado, mas também pelo grande labor, é isso que significa "escravos de toda a sorte de paixões". Muitos homens vão para o inferno com o suor da testa.
8. O pecado é odiado por Deus. Pecado é a única coisa contra a qual Deus tem antipatia. Deus não odeia o homem porque ele é pobre ou desprezado no mundo, da mesma maneira como não podemos odiar nosso amigo porque ele está doente. Porém, o que aguça o ódio de Deus é o pecado. "Não façais esta coisa abominável que aborreço" (Jeremias 44.4). E, certamente, se o pecador morrer sob a ira de Deus, não será admitido nas mansões celestiais. Deus deixará o homem viver com ele, este a quem abomina? Deus jamais colocará uma víbora em seu colo. As penas da águia não se misturarão com as penas de outras aves; da mesma maneira, Deus não se misturará ou se associará com um pecador. Até que o pecado seja tirado, não há como chegar onde Deus está.
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