[i]DISCIPLINA DA IGREJA
Estudiosos
aumentam dia a dia sua convicção de que a doutrina da Igreja vem se
enfraquecendo e, em alguns casos, sendo até abandonada pelos evangélicos.
Robert W. Patterson, assessor do diretor executivo da Associação Nacional de Evangélicos,
expôs sua preocupação na edição de março de 1991 de Christianity Today ("Cristianismo
Hoje"):
Quando o presidente Dwight Eisenhower[1] se converteu, ele fez sua
pública profissão de fé em Jesus e foi batizado na Igreja Presbiteriana
Nacional, em Washington, no segundo domingo após sua posse em 1953. Tivesse o
presidente expressado interesse em tornar-se cristão uma geração mais tarde,
segundo os prognósticos evangélicos mais conscientes, e ele poderia nunca ter
sido desafiado a identificar-se com o corpo de Cristo pelo batismo, tornando-se
membro da igreja. Um relacionamento pessoal com Jesus, diria mais tarde, é tudo
que realmente importa. [2]
Obviamente,
devemos concordar de todo o coração que, sem um relacionamento pessoal com
Jesus, tudo é inútil. Mas não devemos argumentar equivocadamente que o
relacionamento com Cristo diminui a importância da igreja. Mas, da forma como
agem, é exatamente o que a multidão dos evangélicos imagina.
A frequência à igreja está contaminada pela doença da
“lealdade condicional” que produziu um exército de “caronas eclesiásticos”. O polegar do carona diz: "Você compra
um carro, paga as revisões, a conservação e o seguro, abastece-o — e eu vou com
você. Mas, se você sofrer um acidente, estará sozinho. E se eu sofrer algum
malefício provavelmente ainda vou te processar".
Assim é o
credo de muitos frequentadores da igreja, hoje: "Você comparece ao culto,
participa das reuniões e se envolve com todos os compromissos na igreja, paga
as contas — e eu apareço de carona
para assistir à Escola Dominical ou assistir um culto. E tem mais, se o que eu
vou ver por lá não me agradar, vou criticar, reclamar e provavelmente vou dar o
fora — meu polegar está sempre pronto para pegar uma carona em outra igreja
melhor".
Essa pretensa “lealdade
condicional” alimenta-se de uma mentalidade de consumidor de supermercado
cristão — que escolhe aqui e ali a forma de preencher sua lista de compras
eclesiástica. Os caronas frequentam a uma igreja pela pregação no domingo,
mandam os filhos para assistirem a um programa especial dos jovens em outra
igreja no sábado e vão à reunião de
doutrina em outra. Possuem um vocabulário particular que inclui: "eu vou", "eu assisto", mas nunca "eu pertenço" ou "eu
sou membro". George Barna comenta esta maneira de proceder: "A
média dos adultos pensa que pertencer (ser membro) a uma igreja é bom para os outros, mas um fardo
desnecessário para si mesmos".[3]
Portanto,
hoje, no século XXI, vemos um fenômeno inimaginável em qualquer outro século: cristãos sem igreja. Há um grande
rebanho de cristãos confessos que vivem como nômades, sem responsabilidade,
disciplina ou discipulado, alheios aos benefícios normais da comunhão com a
igreja.
Como disse Cipriano (Pai da igreja, século III),[4] eles têm Deus como Pai, mas rejeitam
a igreja como mãe e, como resultado, são incompletos e têm seu crescimento
retardado. A tragédia é grande e complexa, porque as estatísticas indicam que
os homens estão muito menos comprometidos com a igreja do que as mulheres[5] — produzindo inevitavelmente uma
liderança contraída.
Quanto à razão pela qual a Igreja caiu em tempos tão
difíceis, historiadores revelam que uma forte ênfase ao "invisível corpo de Cristo", dada
pelos líderes evangélicos, produziu um descaso implícito pela igreja visível. No entanto, no Novo
Testamento a filiação à Igreja
invisível, sem participação em uma comunidade local, não é considerada. [6]
Outra razão
para a desagregação de muitos cristãos é
1) O histórico
individualismo do cristianismo
evangélico; e
2) O
aprofundamento do impulso contra a autoridade.
A tendência
natural é pensar que se necessita apenas de um relacionamento individual com
Cristo e com nenhuma outra autoridade. Este pensamento produz soldados cristãos
solitários que demonstram sua coragem lutando não na igreja, mas indo sozinhos ao mundo, com a Bíblia na mão como sua
bandeira, para enfrentar sozinhos a batalha contra este mundo fora-da-lei.
Este pouco
caso pela doutrina da Igreja é estranho, para não se usar outra expressão mais
grave. Ele ignora não apenas as Escrituras, mas o consenso dos doutores da
Igreja. Agostinho, em Enchiridion, detém-se
na igreja visível, dizendo:
“Pois, fora da igreja eles [os pecados de cada um]
não conseguem nenhuma remissão. Pois é a igreja, em particular, que
recebeu a determinação, o Espírito Santo, sem o qual, nenhum pecado recebe
remissão” [7].
Agostinho não
podia conceber alguém ser regenerado e, ainda assim, estar separado
conscientemente da igreja visível: "O desertor da igreja não pode estar em
Cristo, uma vez que não está entre os membros de Cristo”. [8]
Martinho
Lutero semelhantemente declarou: "Fora da Igreja cristã, não há salvação
ou perdão de pecados, mas uma morte eterna e maldição; embora possa existir uma
magnificente aparência de santificação...”. [9]
Calvino
repetiu o pensamento de Cipriano de que a evidência de ter Deus como Pai é ter
a igreja como mãe. Na realidade, ele dá o subtítulo: "A Igreja Verdadeira com a qual, como Mãe de Todos os Santos,
Devemos Manter a Unidade" ao primeiro capítulo do livro IV de seus Princípios. [10] E, em seus comentários sobre Efésios,
escreve: "A igreja é a mãe comum de todos os santos, que traz alimento e
governa no Senhor, tanto reis, como o povo; e isto é feito pelo ministério. Aquele que negligencia ou despreza esta
ordem quer ser mais sábio que Cristo. Ai de seu orgulho!”. [11]
Os crentes em Cristo, por isso, deveriam
zelosamente guardar e promover a unidade
da igreja. Calvino disse: “Existe
apenas uma noiva de Cristo e essa noiva é a totalidade de todos os cristãos
neste mundo” (Comentário sobre o salmo 133:1).
Ele diz ainda: “Unidade e unanimidade são
necessárias quando a igreja deseja persistir neste mundo”. Em seu Comentário sobre o Salmo 47:10, ele escreve que “a
unidade da igreja consiste no fato de que aquele povo é santamente preparado
para seguir a Palavra de Deus, de modo que há um rebanho e um pastor”.
Desde que existe apenas uma igreja, argumenta Calvino, fora dela não há salvação. A razão
para isto é que Deus confiou somente a ela o
ministério da Palavra e os sacramentos como meios de graça. Esta linguagem
forte foi mais tarde modificada na Confissão
de Fé de Westminster em 1647 quando ela declarou que fora da igreja de
Cristo não existe “qualquer possibilidade ordinária de salvação”. Há exceções,
mas, estas apenas provam à regra que nós
somos dependentes da igreja como nossa mãe para a dispensa de todos os
benefícios salvíficos que Cristo obteve para os crentes. Calvino explica a
crucial importância do ministério dela deste modo:
“Contudo,
uma vez que agora nosso propósito é discorrer acerca da Igreja visível,
aprendamos, mesmo do mero título mãe, quão útil, ainda mais, quão
necessário nos é seu conhecimento, quando não outro nos é o ingresso à vida,
a não ser que ela nos conceba no ventre, a não ser que nos dê à luz, a não ser
que nos
nutra em seus seios, enfim, sob sua guarda e governo nos retenha, até que, despojados da carne mortal, haveremos de ser
semelhantes aos anjos (Mateus. 22:30). Porque nossa fraqueza não permite que
sejamos despedidos da escola até que tenhamos passado toda nossa vida como
discípulos” (Institutas, IV.I, iv).
A lógica aqui é surpreendente. Se Deus é nosso pai através da regeneração,
a igreja deve ser nossa mãe que nos traz
ao nascimento e nos alimenta para a vida espiritual (Gálatas 4:8-22;
Hebreus. 5:13-6:1). A igreja, como a noiva de Cristo, diz Calvino,
“... é o ventre no qual o descrente infértil encontra o evangelho, [ela]
está impregnada pelo Espírito Santo pela pregação da palavra. É ela que nos
nutre, alimentando-nos em seu seio com o leite puro do evangelho,
dando-nos mais tarde o alimento sólido
da sã doutrina e do discipulado. Ela nos guia com sua longa sabedoria,
ensinada a ela pelo Espírito Santo da Palavra
de Deus, pelos longos tempos da sua história – a mesma sabedoria de Deus em
Cristo, a quem ela se submete. E o seu noivo divino-humano cuida dela,
conduzindo-a e amando-a, ensinando-nos através da sua palavra e por meio do seu
Espírito – em sua igreja”.
A Confissão
Suíça, ou Second Helvetic Confession ("A
Segunda Confissão Helvética"), apresenta
a idéia ainda com mais força:
Da mesma forma que não houve salvação fora da arca de Noé,
quando o mundo foi destruído pelo dilúvio; cremos que não haja certeza de
salvação fora de Cristo, que se oferece a si mesmo para ser usufruído pelos
escolhidos na igreja; e, quando
ensinamos que aqueles que querem viver não podem ser separados da verdadeira
Igreja de Cristo (Capítulo 27).[12]
Finalmente, a Westminster Confession ("A Confissão
de Westminster") refere-se "à igreja visível... fora da qual não há
uma possibilidade ordinária de salvação" (Capítulo 25.2).[13]
Concluímos,
então, que os caronas da igreja, os que perambulam pelas igrejas, os soldados
solitários, cristãos que desdenham a congregação, são aberrações na história da
Igreja cristã e estão cometendo um grave erro.
A DOUTRINA DA
IGREJA
Não há texto
capaz de inflamar a alma de alguém como Hebreus 12.22-24, que descreve sete
maravilhas que o cristão experimenta na igreja:
Mas tendes
chegado ao monte e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes
de anjos, e à universal assembléia e à igreja dos primogênitos arrolados nos
céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a
Jesus, o Mediador, e ao sangue da aspersão, que fala cousas superiores ao que
fala o próprio Abel.
1) Primeiro,
vimos à cidade de Deus — você chega ao monte e à cidade do Deus vivo a Jerusalém celestial.
O monte era o local da fortaleza dos jebuseus, que Davi capturou e transformou
no centro religioso de seu reino ao trazer a arca do Senhor à presença de Deus. Quando Salomão construiu
o Templo e instalou a arca, Sião e Jerusalém tornaram-se sinônimos da morada
terrena de Deus. Em Cristo, nós nos tornamos a Jerusalém espiritual, vinda do
alto. Num certo sentido, isto ainda está por acontecer, mas, ao mesmo tempo,
nós já o atingimos. Os cristãos já são
cidadãos dos céus e podem usufruir de seus privilégios.
2) Em segundo
lugar, no momento em que a igreja se
encontra com os anjos, milhares e milhares deles, numa comunhão de
alegria. Moisés nos conta que "miríades de santos" assistiram
à entrega da Lei (Deuteronômio 33.2), e de Daniel ouvimos "milhares
e milhares o serviam, [os povos daquela época — Deus]; miríades e miríades estavam diante dele"
(Daniel 7.10). Davi disse: "Os carros de Deus são vinte mil, sim
milhares de milhares", milhares de anjos (Salmo 68.17). Na igreja,
nos deparamos com esse desconcertante
número de anjos, todos em celebração de alegria. Eles estão por toda parte — poderosos e ardentes espíritos, "espíritos ministradores enviados para serviço, a favor dos que hão de
herdar a salvação" (Hebreus 1.14), entrando e saindo de nossas vidas,
movendo-se ao nosso redor e sobre nós, a exemplo do que fizeram a Jacó.
3) Em terceiro
lugar, chegamos aos companheiros crentes — "à
igreja dos primogênitos, cujos nomes
estão escritos nos céus". Jesus era o primogênito por excelência, e,
em virtude de nossa união com Ele, nós somos primogênitos. Todos os direitos de herança vão para o
primogênito — a nós, "co-herdeiros com Cristo"
(Romanos 8.17). Na igreja fazemos mais do que entrar um na presença do outro —
há verdadeira comunhão.
4) Em quarto
lugar, chegamos a Deus — "Chegais a Deus, o Juiz de todos os homens". Chegamos com temor, porque Ele é o Juiz — mas não nos aproximamos
com um temor covarde, porque seu
Filho assumiu o julgamento por nós. Este é o nosso maior gozo — reunir-nos
diante de nosso Deus!
5) Em quinto
lugar, chegamos triunfantes à igreja celestial
— "aos espíritos dos justos
aperfeiçoados". Embora estejam nos céus, compartilhamos a
solidariedade com aqueles que partiram antes. Dividimos os mesmos segredos
revelados e alegrias que Abraão e Moisés e Davi e Paulo.
6) Em sexto
lugar chegamos a Jesus, o mediador da nova aliança. Jesus mediou nossa
reconciliação com seu sofrimento, morte e ressurreição. No Sinai, Moisés foi o
intermediário. Mas o Monte Sinai representa o que era temporário, o que acabou.
Mas agora temos uma nova aliança e Jesus é o mediador desta aliança eterna. Não
temos de olhar para Moisés e sim para Jesus que é o que remove a culpa e
intercede por nós.
7) Em sexto
lugar, atingimos o perdão, por causa
de Jesus que foi aspergido —
sangue derramado — "e o sangue derramado que fala
melhor que o sangue de Abel". O sangue de Abel clamou por condenação e
julgamento, mas o sangue de Cristo proclama que estamos perdoados e temos paz
com Deus. Aleluia!
As Escrituras
dizem que, na igreja, "conquistamos" (jál) estas sete sublimes realidades: 1) A cidade de Deus, 2) miríades
de miríades de anjos, 3) irmãos crentes, 4) a presença de Deus, 5) o
triunfo da igreja, 6) a presença de Deus e 7) o perdão!
Se isto não
criar uma fonte de graça em seu coração e uma ansiedade pela comunhão com a
igreja visível, nada mais o fará!
John Bunyan
certa vez contou que caiu em desânimo por vários dias, procurando
desesperadamente uma palavra de Deus que viesse ao encontro de suas
necessidades — e, então, este mesmo grande texto veio a suas mãos. Bunyan
escreveu:
Mas a noite não foi boa para mim; eu já havia experimentado melhores. Ansiava pela
companhia de algumas pessoas de Deus com quem eu pudesse partilhar o que Ele me
havia mostrado. Cristo era um Cristo precioso para minha alma naquela noite. Eu
pude deitar-me em minha cama, como raramente fizera, com alegria e paz e
triunfo através de Cristo. [14]
Temos que
olhar para estas imagens deslumbrantes do Novo Testamento, num esforço de
elevar nossos pensamentos às alturas. Como igreja, somos:
1) realmente o corpo de Cristo (Efésios 1.22,23). Ele é a Cabeça e, como
membros de seu corpo, temos ao mesmo tempo profunda unidade, diversidade e
mutualidade.
2) Somos um templo (Efésios 2.19-22). Ele é a pedra angular, e nós, as pedras vivas (1
Pe 2.5), formando um lugar vivo de louvor.
3) Nós somos a Noiva (Efésios 5.25-33). E Cristo,
nosso Noivo, nos ama com um amor santo que nos levará às bodas do Cordeiro.
4) Somos suas ovelhas, e Ele, nosso Bom Pastor (João
10.14-16,25-30).
5) Ele é a Videira, e nós, os ramos. Estamos organicamente nEle,
retirando dEle todo o sustento de nossas vidas (João 15.5).
O que deveria
esta verdade de que somos Igreja
significar para nós? Deveria encher-nos com profunda gratidão, com ação de
graças. Temos de cantar: "Sou seu corpo, seu templo, sua noiva, sua
ovelha, seus ramos. Eu vim à sua cidade, aos anjos, aos irmãos, ao próprio
Deus, à igreja glorificada, a Jesus, ao perdão pelo sangue de Cristo".
Esta doutrina
ainda nos conta que a Igreja sobreviverá ao mundo. Harry Blamires escreveu:
O mundo
é como um trem expresso, dirigindo-se para o desastre — talvez, rumo à destruição total. E, nesta situação
verdadeiramente desesperada, alguns passageiros correm para cima e para baixo
nos corredores, anunciando uns aos outros que a Igreja está em grande perigo!
Seria hilariante, não fosse tão séria a situação. Porque a maioria dos membros
da Igreja já saltou em estações intermediárias. Nós mesmos estaremos saltando
em breve, de qualquer maneira. E, se a colisão acontecer e o mundo
transformar-se em cinzas, a única coisa que sobreviverá ao desastre será
obviamente a Igreja. [15]
Pessoalmente,
creio que fazemos parte da maior instituição que o universo jamais conheceu, e
que somos tragicamente diminuídos, por não participarmos do corpo de Cristo. Da
mesma forma, a igreja também é diminuída por nossa não-participação. Eu e você precisamos da igreja! As
Escrituras são muitíssimo claras com relação a isto: "Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações, e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima" (Hb
10.25).
Esta franca
exortação tem de ser suficiente. Mas há outras fortes razões para nossa
participação fiel na igreja, das quais, como argumentou Cipriano, a menos
importante não é a de que todos nós precisamos ter uma mãe. A igreja certamente
foi isto para mim. Ela foi o ventre materno que aqueceu minha alma, até que eu
estivesse pronto para nascer.
A igreja me
deu o leite da Palavra através do poderoso ensino de meu professor do College Department, Robert Seelye.
Acompanhou-me durante os tempos difíceis através das orações de minhas mães
espirituais, como Roselva Taylor. Foi O ventre e o berço de minha esposa
também. Quando nossos filhos nasceram, ficava ao nosso lado no momento em que
os dedicávamos a Deus. Também foi a mãe de meus melhores amigos.
Devo muito à igreja: Ela me gerou, deu-me à luz e me
alimentou até agora com sua palavra, seu conforto e paz. Devemos crer na igreja! (como confessamos no Credo Apostólico: “Creio
no Espírito Santo; na santa Igreja universal; na comunhão dos santos”).
Entendo, então,
que precisamos da proteção maternal da igreja. E, jamais usufruiremos de seus
benefícios separados da Cabeça. Toda a vida cristã gira em torno de compromisso
— em primeiro lugar e acima de tudo com Cristo, mas também com a igreja, a
família, amigos e ministério. Nenhum destes florescerá sem compromisso.
Por exemplo, o
casamento nunca poderá produzir a segurança, a satisfação e o crescimento que
promete, a menos que haja um compromisso. É por isso que os casamentos de hoje
estão durando cada vez menos. O compromisso de viver os bons e maus tempos é o
que faz o casamento solidificar-se.
Numa definição
elementar, você não precisa ir à igreja
para ser cristão.
Tampouco precisa ir para casa para
ser casado. Mas, em ambos os casos, terão um relacionamento muito deficiente.
Dentre os
benefícios do compromisso que induzem ao crescimento da igreja, estão:
·
O louvor —
a alma é unida a Deus numa única
comunidade de louvor.
·
Ouvir a Palavra — a alma é nutrida com o alimento correto, trazendo saúde para todo o ser.
·
Participar da Mesa do Senhor — você se sente renovado ao agradecer a
Deus pela obra restauradora de Cristo.
Nós te saboreamos, ó Pão vivo, E
ansiamos por festejar-te. Bebemos de ti, ó Manancial,
Para matar a sede de nossas almas por
ti (Bernard de Clairvaux)
·
Discipulado — um necessário aprofundamento é alcançado,
que o não - comprometido jamais conhecerá.
·
Visão e missão — uma visão sobrenatural pela vida toma
lugar, o que resulta em missão.
Precisamos da
igreja porque as Escrituras assim o determinam, porque precisamos de uma mãe e
porque, sem esse compromisso, não cresceremos.
A DISCIPLINA DA IGREJA
Não importa
quem você seja — presidente da república, executivo ou líder eclesiástico — ou
o quanto esteja ocupado, a igreja tem de
ser o verdadeiro centro de sua vida. O carona de igreja é uma aberração — assim como o compromisso
frouxo.
Os
crentes do tipo "agente livre", que vivem experimentando igrejas, uma
temporada aqui outra acolá, jamais alcançarão maturidade espiritual. Neste
início de século XXI, tanto a Igreja quanto o mundo precisam de homens que
pratiquem a disciplina da igreja.
Disciplina da Freqüência Regular
Você precisa comprometer-se com a
freqüência regular aos cultos de louvor de sua igreja. Sua agenda precisa
curvar-se a este compromisso. Quando viajar, programe-se para estar de volta à igreja e, se isto não for possível,
compareça a um culto em outro lugar.
Disciplina da Congregação
Se você não é membro da igreja,
precisa comprometer-se diante de Deus a encontrar uma boa igreja, afiliar-se a
ela, apoiá-Ia e submeter-se à sua
disciplina. -,
Disciplina da Contribuição
O apoio financeiro à igreja deve ter precedência sobre os seus
compromissos para-eclesiásticos, e precisa ser regular e sistemático (dez por
cento é um bom ponto de partida).
Disciplina da Participação
Seu tempo, talentos, habilidade e
criatividade devem fluir sobre a igreja, para a glória de Deus.
Disciplina do Amor e Oração
Timothy Dwight, herdeiro dos
puritanos e maior presidente da Universidade de Yale, escreveu:
Eu amo tua igreja,
ó Deus!
Suas paredes se
estabelecem diante de ti.
Amada como a
menina de teus olhos.
E esculpida em tua
mão.
Por ela minhas
lágrimas cairão;
Por ela minhas
orações se elevarão;
Para ela meus
cuidados e minha labuta serão dados,
Até que a labuta e
os cuidados se extingam.
[1] Foi presidente dos Estados Unidos da
América entre 1953 e 1961 e comandante supremo das forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido designado para este posto em 1943.
[2] Robert
W. Patterson, "In Search ofthe Visible Church" ("Em Busca da
Igreja Visível"), Chistianity Today, 11 de março de 1991, vol. 34, n° 3, p. 36.
[3] George Barna, The Frog in the Kettle (Ventura, CA: Regal Books, 1991), p.
133.
[4] Alexander Roberts e James
Donaldson, eds., The Ante-Nicene
Fathers, vol. 5 (Grand Rapids,
MI: Eerdmans, 1951), p. 384.
[5] Leadership,
inverno de 1991, vol.
12, n° 1, p. 17.
[6] Robert L. Saucy, The
Church in God's Program (Chicago: Moody Press, 1972), p. 17, escreve: "Quanto a ser membro
da Igreja invisível à parte de pertencer a uma igreja local,
este é um conceito jamais considerado no Novo Testamento. A Igreja invisível é
a comunhão de todos os crentes que se reúnem nas assembléias locais,
visíveis".
[7] Ernest Bevans, trad., Saint
Augustine's Enchiridion (Londres: S. P. C. K., 1953), p. 57; ver também As Institutos da Religião Cristã, de Calvino, vol. 2, n° 10.
[8] John Burnaby, Augustine: Later Works (Filadélfia: Westminster Press, 1955), p. 368, citando a
primeira Homilia de Agostinho sobre 1 João 1.1-2.11.
[10] As
lnstitutas da Religião Cristã.
[11] David W. e Thomas F. Torrance, eds., Calvin's Commentaries, The Epistles 4 Paul the Apostle to the Galatians, Philippians and Colossians, vol. 3, trad. T. H. L. Parker (Grand
Rapids, MI: Eerdmans, 1974), p. 181.
[12] John H. Leith, ed., Creeds oI the Churches (Richmond, VA: John Knox, 1973), p. 147
[13] Ibidem, p. 222.
[14] John Bunyan, Grace Abounding to the Chief oi Sinners (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1948), pp. 107 e 108.
[15] Harry Blamires, The Christian Mind (Ann Arbor, MI: Servant, 1963), p. 153.
Louvo a Deus que o irmão encontrou uma igreja local (visível) que reflete a imagem da "Igreja de Cristo" (invisível).
ResponderExcluirO Evangelicalismo moderno é, em sua maioria, uma desgraça. Talvez por isso a igreja local, que hoje ganhou a conotação de "filial", esteja enfrentando tamanho descrédito.
Uma coisa eu tenho certeza: os verdadeiros regenerados jamais se comprometem com a podridão do sistema religioso. Tentam iluminar o quanto podem para que as trevas sejam dissipadas, mas, se até o próprio Deus entregou os incrédulos às concupiscências de seus corações (Rm 1.24a), os filhos de Deus também não podem ficar lançando pérolas aos porcos ... As portas do inferno jamais prevalecerão contra a Igreja de Cristo pois ela é conduzida pelo Espírito e ninguém pode contê-la, por melhor que seja a intenção. Ela é LIVRE, desde que esteja PRESA ao cabeça....